O Conselho de Pesquisa da Noruega investirá em um projeto de pesquisa voltado para a agricultura celular e fermentação de precisão, nomeado: Arrival of Cellular Agriculture-Enabling Biotechnology for Future Food Production (ARRIVAL), previsto para iniciar em 2023 e terminar em 2027, com o apoio do Conselho o orçamento anual será de € 2 milhões. 

O projeto ARRIVAL de agricultura celular na Noruega 

O projeto terá a liderança do Instituto Norueguês de Pesquisa em Alimentos, Pesca e Aquicultura (Nofima), com outros envolvidos como Sintef Industry, Ruralis, OsloMet, The Norwegian Board of Technology, Norilia AS, Nortura AS e TINE AS. 

A Nofima começou a estudar a categoria de agricultura celular em 2018, com o projeto de pesquisa GrowPro, visando desenvolver uma nova tecnologia para cultivar carne de músculo utilizando biomassa residual como um meio de crescimento celular. O estudo também foi financiado pelo Conselho de Pesquisa da Noruega, tendo sido o primeiro projeto de pesquisa abertamente acessível nesse campo. Vale destacar que os resultados do ARRIVAL também poderão ser acessados de forma aberta. 

“Em termos simples, existem dois tipos de agricultura baseada em células: carne cultivada em laboratório e fermentação de precisão. No projeto ARRIVAL, usaremos os dois métodos para produzir leite, ovos e proteínas da carne. Continuaremos nossa pesquisa sobre como aumentar a produção de carne baseada em células e descobrir mais sobre quais materiais são adequados para usar como estrutura para as células musculares”, relatou Sissel Beate Rønning, cientista e líder do projeto, em um comunicado

O projeto utilizará leveduras e outros microorganismo para produzir proteínas comestíveis, por exemplo, clara de ovo e proteína do leite utilizando a fermentação de precisão. Além disso, os cientistas pretendem testar biomassa residual (amido de feijão, amido de aveia e clara de ovo) para encontrar novas fontes de proteínas. 

“[…] Podemos aumentar a autossuficiência alimentar na Noruega e não precisamos matar animais para produzir a proteína necessária na forma de carne. Na Noruega, temos a experiência e o dinheiro necessários para desenvolver novas soluções técnicas para a produção de alimentos”, destacou Sissel Beate Rønning. 

Atualmente, apenas Cingapura pode comercializar carne cultivada. Porém, empresas de outros países também buscam a aprovação regulatória para vender em seus respectivos países. 

Um avanço que ocorreu no começo desse ano foi o da Holanda, que legalizou a degustação de carne cultivada sob condições controladas, além disso, o governo da região também destinou um investimento de € 60 milhões para criar um ecossistema doméstico de agricultura celular. 

Aqui no Brasil a previsão é a carne cultivada chegar entre 2024 e 2025, dependendo da aprovação regulatória, devido a uma parceria entre a BRF e a Aleph Farms, startup israelense de carne cultivada, conforme informações da CNN

Uma curiosidade é que já temos empresas nacionais atuando no setor, como a Ambi Realfood – startup de carne cultivada fundada por Bibiana Matte – bem como a Sustineri Piscis, foodtech brasileira de peixe cultivado criada por Marcelo Szpilman com outros sócios.

“A agricultura baseada em células é uma revolução na produção de alimentos que pode mudar a produção agrícola e a propriedade, uso da terra, desenho de políticas, hábitos alimentares e questões éticas. No projeto ARRIVAL, levaremos a pesquisa sobre agricultura baseada em células vários passos adiante. Queremos implementar novas fontes de proteína nos produtos alimentícios existentes e preparar a sociedade, os consumidores e a indústria alimentícia para as possíveis consequências dessa mudança radical na forma como os alimentos são feitos”, destacou Sissel Beate Rønning. 

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*Imagem ilustrativa de capa: Pexels

Por Amanda Stucchi em 22 de agosto
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