Você quer saber mais sobre o mercado da carne cultivada? A história desse alimento é bem recente, tendo sido apresentado pelo farmacologista Mark Post no ano de 2013. A primeira invenção foi um hambúrguer com células de vacas e, naquela época (menos de dez anos atrás), os custos eram muito elevados, com estimativa de US$ 375 mil. 

Os custos de produção abaixaram ao longo dos anos — como ocorre com muitas invenções e novidades — e atualmente um hambúrguer da Mosa Meat, empresa fundada por Mark Post e Peter Verstrate, tem um custo projetado de produção de 9 euros (US$ 10). 

Dessa maneira, podemos ver com essa grande diferença de valor como é possível escalar um produto, deixando o mesmo mais barato para o consumidor. Mesmo assim, o custo da carne cultivada, de forma geral, deve se tornar competitivo para mais pessoas optarem por essa alternativa. 

Um modo de tornar a carne cultivada mais acessível é utilizando soros de crescimento celular que não são feitos com base animal, pois esses são geralmente caros e apresentam problemas éticos, falamos um pouco sobre esse tópico na matéria sobre a Multus Biotechnology LTD

Apesar dessas situações, conforme o The Good Food Institute essa indústria já levantou US$ 366 milhões em 2020, esse valor aumentou 487% de 2019 a 2020. Isso demonstra que cada vez mais o setor está recebendo investimentos, o que pode auxiliá-lo a se tornar mais escalável.

Mercado da carne cultivada poderá atingir US$ 25 bilhões até 2030

Conforme o relatório da consultoria McKinsey, o mercado global da carne cultivada poderá atingir US$ 25 bilhões até 2030. Dessa forma, podemos observar que essa indústria pode ser muito próspera e trazer benefícios para a economia. 

Porém, a McKinsey alertou que existem fatores que podem influenciar nesse resultado, como: aceitação do consumidor, posição de custo (tornar o preço mais competitivo do que a carne de origem animal), resposta política, fornecimento e riscos. Esse último refere-se a como a indústria irá tratar os temas de saúde, segurança, empregos e os efeitos econômicos em cascata provocados pelo alimento. 

Além do preço, a resposta política é outro tópico que precisamos ficar de olho. No momento, a comercialização da carne cultivada foi autorizada somente em Cingapura no final de 2020. Naquela época, o nugget de frango cultivado da Eat Just foi vendido no estabelecimento 1880. 

No ano passado, a GOOD Meat, divisão de carne cultivada da Eat Just, também recebeu a aprovação para comercializar o peito de frango cultivado no território. 

Aqui no Brasil, a ideia é que a carne cultivada chegue entre 2024 e 2025, através de uma parceria da BRF com a startup Aleph Farms, a depender da aprovação dos Órgãos Reguladores Brasileiros. 

Outro grande desafio, conforme o The Conversation, é o tamanho do mercado de carne tradicional. Portanto, aqui podemos observar um paradoxo: apesar da demanda pela proteína animal estar em alta nos países em desenvolvimento, há uma conscientização sobre os benefícios das proteínas alternativas nos países mais desenvolvidos. 

Ademais, é necessário levar em consideração a aceitação da carne cultivada por parte do público-geral. Um relatório da Merck observou que um possível motivo para a rejeição desse produto pode ser o fato de ser considerado “não natural”, pois foi produzido no laboratório. Mesmo assim, é informado que a questão de saber se algo é como na natureza se torna menos importante e é mais relevante sabermos se algo é bom ou ruim para o meio ambiente. 

A sustentabilidade e a possibilidade do produto ajudar a prevenir doenças zoonóticas

A carne cultivada é mais sustentável do que a carne de origem animal? 

Um relatório da CE Delft, empresa de consultoria e pesquisa, investigou esse assunto e afirmou que quando esse produto utiliza energia sustentável, o mesmo se torna a opção mais ecológica para a carne, já que o maior impacto que esse alimento traz para o meio ambiente é justamente seu consumo de energia. 

Além da sustentabilidade, outra vantagem que o produto apresenta é o fato de poder auxiliar a prevenir as doenças zoonóticas — aquelas transmitidas dos animais para os humanos — por conta de seu processo de produção. 

Por fim, é necessário lembrarmos que a carne cultivada continua sendo de origem animal, pois é produzida com células, após a questão da conscientização a respeito do produto, o alimento oferece uma capacidade de adoção em massa, já que os consumidores não precisam se adaptar ou encontrar produtos semelhantes. 

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*Imagem de capa: Divulgação Mosa Meat

Por Amanda Stucchi em 10 de janeiro
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