As alternativas veganas vem ganhando cada vez mais destaque na economia sustentável.

A indústria global de carnes e laticínios contribui para grande parte da emissão de gases do efeito estufa da agricultura. Em 2018 foram consumidos 385 milhões de toneladas de carne em todo o mundo. Isso representa pelo menos 1,7 megatoneladas de emissões de CO₂, 380 milhões de hectares de terra e consumo de 87 bilhões de metros quadrados de água.

Desse modo, a criação de animais para produzir carne e laticínios é uma atividade altamente intensiva em recursos. Além disso, afeta profundamente o uso e a qualidade da terra. A carne global e a indústria de laticínios, assim, provocam um enorme impacto ambiental e estão intimamente relacionadas à iminente crise climática que vivemos.

Alternativas veganas em crescimento

Uma maneira de reduzir esse impacto é mudar para alternativas baseadas em vegetais, como leite de amêndoa, tofu e hambúrgueres vegetarianos. Se essas alternativas substituíssem apenas 10% do mercado global de alimentos de origem animal até 2030, isso levaria a uma economia de CO2 equivalente a 2,7 bilhões de árvores.

Reconhecidamente, o crescimento das tecnologias relacionadas a alternativas à base de plantas, ou até mesmo as carnes cultivadas, guardam ampla conexão com a agenda de mudança climática e os objetivos da ONU. Contudo, trata-se de uma transformação radical na indústria de alimentos, que precisa ser efetivada o quanto antes.

Segundos estudiosos do assunto, aumentar a proporção de proteína proveniente de plantas também criaria um suprimento mais localizado. Isso trará todos os benefícios ambientais inerentes, bem como, poderia ser transformador no aumento da segurança alimentar. Tudo isso porque, praticamente eliminaria a necessidade de se criar animais para consumo.

No entanto, esse será um processo de longo prazo. A demanda por carne ainda estava em alta globalmente antes do COVID-19, com o aumento da riqueza nos mercados emergentes, o que está historicamente associado a um maior consumo. Seria ilusão pensar numa mudança tão rápida.

O movimento do mercado

Enquanto isso, o mercado para alternativas de carne e laticínios está crescendo, e as perspectivas para o tipo de mudança que precisamos fazer são promissoras. Os consumidores querem produtos mais ecológicos. Felizmente, essa tendência se encaixa perfeitamente com as tentativas de reduzir o consumo de carne e laticínios por razões de saúde.

Também há razões demográficas para otimismo aqui, com as gerações mais jovens desejando reduzir o consumo de carne e laticínios. Já podemos presenciar as gerações mais jovens fazendo novas escolhas por alternativas veganas. Certamente, muitos já estão certos que precisamos reduzir ao máximo os impactos da indústria de carnes e laticínios.

As vendas de alternativas veganas não param de crescer em todo o mundo, sendo que, carnes e laticínios lideram o ranking em todos os lugares. Ao mesmo tempo, vemos avanços na produção de alternativas baseadas em vegetais, com pesados ​​investimentos de empresas de bens de consumo em rápida expansão. Startups como a Fazenda Futuro e empresas estabelecidas de carne, como a e JBS e Tyson.

Os estabelecimentos de fast food também estão buscando capitalizar nesta tendência – até a linha de produtos “McPlant” está nascendo em 2021.

A descarbonização da economia

Alternativas à base de plantas ainda tendem a ser mais caras do que carnes e laticínios tradicionais. Analogamente, isso é uma das três maiores barreiras para o crescimento do mercado, com a experiência do usuário, distribuição e disponibilidade.

A boa notícia é que os preços estão caindo à medida que as opções e a concorrência aumentam e a tecnologia se torna menos cara. Grandes mercados já conseguem fechar essa lacuna.

Para melhorar o cenário, os investidores e bancos estão se tornando mais seletivos sobre seus investimentos, com requisitos ESG mais rígidos. Muitos deles estão em processo de incluir metas de sustentabilidade em seus contratos de crédito com vários clientes. Se cumprido, isso irá melhorar as condições de crédito das empresas.

Por certo, esse é um movimento que pode impactar indiretamente as indústrias de carne e laticínios. Há investimentos em alternativas veganas e há também oferta de melhores sabores, texturas e qualidade dos produtos. Tudo isso colabora para o crescimento deste mercado e para a descarbonização da economia.

Mudança que vem dos consumidores

De fato, a mudança nas preferências dos consumidores e as crescentes preocupações sobre padrões de consumo insustentáveis ​​estão pegando o que até então estava restrito a um nicho de mercado e colocando-o no mercado principal.

Então, a medida que cresce a pressão pública e política para descarbonizar a economia e as alternativas à base de plantas estão cada vez mais presentes nas prateleiras dos supermercados, estamos testemunhando o lento declínio da carne e dos laticínios.

Acreditamos que essa transformação está acontecendo e continuará, movida pelo desejo fundamental e inegável de uma vida melhor. Mas se o desenvolvimento futuro ocorresse no velho modo de desenvolvimento industrial, o orçamento global de carbono seria estourado rapidamente e as mudanças climáticas ameaçariam a prosperidade econômica futura. E isso, definitivamente, não pode acontecer.

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Por Nadia Gonçalves em 27 de janeiro
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