Na semana passada, a startup Fazenda Futuro recebeu novo aporte de R$ 115 milhões. Conhecida por produzir carnes 100% vegetais que lembram a textura e gosto das carnes de origem animal, a empresa está ganhando o mundo com seus produtos à base de plantas.
O aporte foi liderado pela BTG Pactual, Turin MFO e ENFINI Investments. Agora, o valor da empresa no mercado é de R$ 715 milhões. Esta não é a primeira vez que a companhia, fundada em 2019, recebe uma aplicação. Monashees e Go4it Capital (que participaram da segunda rodada) foram umas das primeiras investidoras, injetando 8 milhões de dólares. Na época, o recurso foi destinado à ampliar a fábrica, localizada em Volta Redonda, Rio de Janeiro.
Marcos Leta e Alfredo Strechinsky, criadores da foodtech e idealizadores da marca de sucos e chás Do Bem, já têm planos para este capital. O objetivo é a expansão da Fazenda do Futuro, alcançando novos mercados. Vale ressaltar que a empresa nacional já exporta para os Emirados Árabes, Chile, Uruguai, Paraguai, Austrália e, desde o fim do ano passado, à uma parcela da Europa – Holanda, Alemanha e Reino Unido.
O cardápio, que até o momento contém hambúrgueres, almôndegas e salsichas, também será aumentado. “Temos agora a oportunidade de ser um player global em plant based. Agora vamos acelerar”, diz Leta (via revista Exame) e conta que a startup se prepara para vender nos Estados Unidos – em julho, conseguiu autorização da Food And Drug Administration (FDA) para entrar no país norte-americano. “Estamos fechando contrato com distribuidores e já contratando o time comercial de marketing por lá. No Brasil, vamos continuar subindo o nível tecnológico e aumentando o portfólio de produtos”, termina.
Concorrência no exterior
Ao entrar no mercado estrangeiro, a empresa enfrenta, principalmente, a Beyond Meat, que também emula carne animal nos produtos vegetais. Atualmente, ela vale 8 bilhões de dólares na bolsa de valores e teve um acréscimo de 195% em vendas durante a pandemia da Covid-19, segundo dados do site oficial.
A Fazenda Futuro, ou Future Farm lá fora, entretanto, possui uma vantagem competitiva. Como sua estrutura de produção é verticalizada, consegue vender os alimentos por até metade do preço dos concorrentes. De acordo com Leta, a companhia adquire margem bruta de 44% da Beyond Meat.
A Impossible Foods – que tem parceria com redes de fast food como Burger King, Cheesecake Factory e Hard Rock Café – também entra no campo de concorrentes. Sua receita estimada é de 130.1 milhões de dólares e tem um investimento total de US$ 687.5 milhões. Contudo, não divulga ao público muitos detalhes financeiros.
E no Brasil
No Brasil, o hambúrguer vegetal vendido no Burguer King é da Marfrig – a Impossible Foods ainda não tem autorização para operar aqui. Já a Beyond Meat chegou no mercado brasileiro em julho de 2020, e contém distribuição apenas no supermercado St. Marche, em São Paulo.
O interesse da Fazenda Futuro, no entanto, é competir diretamente com a indústria da carne, tornando seus produtos mais baratos. “O primeiro passo já foi dado ao criar uma nova categoria nas gôndolas dos supermercados, colocando o nosso produto lado a lado as carnes de origem animal”, afirma Marcos Leta (via Época).
Mesmo estando um dos países mais afetados pela destruição da agropecuária, e impregnado pela cultura da carne, Leta comenta à Empresa e Negócios que vê bons resultados no âmbito nacional: “Um diferencial é estarmos no segundo maior mercado de carnes do mundo e mesmo assim termos conseguido balançar estruturas tão carentes de inovação em menos de um ano. Essa disrupção nos garantiu um grande destaque. Nunca paramos de investir em tecnologia.”
Prêmio de inovação
A dona do Futuro Burguer, condecorada pela revista estadunidense Fast Company, entrou na lista World Changing Ideas 2020, tornando-se a única empresa brasileira premiada como uma das mais inovadoras do planeta.
As carnes vegetais da Fazenda são feitas com proteína isolada de soja, ervilha, farinha de grão de bico e pó de beterraba – o que imita a cor da carne animal. Ela pode ser encontrada em mercados do Grupo Pão de Açúcar, St. Marche, ou em restaurantes como Cabana Burger, América, Lanchonete da Cidade, entre outros. Há mais de 2.000 ponto de venda ao redor do Brasil, a maior presença no Sul e Sudeste, como aponta a Reuters.
Em março foi lançada a Linguiça do Futuro, que remete à peça vinda do porco. É revestida em alga marinha e vem no formato clássico. Marcos conta que “foram meses de desenvolvimento para chegar ao sabor e textura da carne suína.”
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