A Unilever investiu US$120 milhões em alternativa ao óleo de palma!

O óleo de palma, presente em muitos produtos industrializados, é uma indústria avaliada em R$ 65 bilhões, o produto pode ser utilizado em cosméticos, têxtil e até combustível. O foco é desenvolver uma indústria alternativa ao óleo de palma, sustentável, funcional e economicamente viável.

Uma disputa global

A Malásia, segundo maior produtor do mundo, acusou a União Européia de bloquear o acesso ao mercado com uma nova lei que impede a venda de commodities ligadas ao desmatamento. Ainda que diversas empresas já tenham adotado certificações de sustentabilidade globais, a medida ainda pode ser um ônus adicional aos exportadores. A lei complementa uma diretiva anterior para eliminar combustíveis à base de óleo de palma até 2030. A Alemanha, no entanto, anunciou o encerramento do uso desse óleo como matéria-prima em biocombustíveis já a partir de 2023.

A extração desse óleo também gera debates no Brasil. A produção é concentrada no Pará e impacta populações ribeirinhas, quilombolas e trabalhadores rurais nas áreas de plantio.

Por que a preocupação com o óleo de palma?

  • Óleo vegetal mais barato e usado no mundo
  • Principal fator de desmatamento e perda de diversidade nos trópicos
  • Práticas trabalhistas de exploração
  • Está presente em quase 50% dos produtos alimentícios processados
  • Outros óleos tropicais possuem rendimentos mais baixos
  • Óleos não tropicais requerem processamento adicional
  • Queimas após o plantio podem se alastrar
  • Demanda deve mais que dobrar até 2050

Upcycling e agricultura celular na busca por alternativa ao óleo de palma

A agricultura celular permite produzir substâncias genuínas através da fermentação microbiana. A técnica não se limita à carne cultivada, existem empresas buscando matérias-primas vegetais como derivados do cacau e óleo de palma.

A Unilever investiu US$ 120 milhões em uma parceria com a startup norte-americana Genomatica (‘Geno’) para a comercialização de uma alternativa ao óleo de palma produzida em laboratório através da fermentação microbiana de precisão.

A britânica Clean Food Group recebeu um financiamento de outra multinacional, a Doehler, para desenvolver seu óleo cultivado.

A No Palm Ingredients, startup holandesa, alia a fermentação de precisão com o upcycling, utilizando cascas de batatas e resíduos vegetais como forma de cultivo dessas bactérias. Logo após a fermentação, separa-se o óleo microbiano da biomassa, que é aproveitada por outras empresas.

A C16 Biosciences, de Nova York, é mais uma empresa a investir no segmento e seu lançamento para uso industrial está previsto para o início de 2023.

A solução da californiana Kiverdi, que já possui mais de 50 patentes, desenvolveu sua tecnologia inspirada na NASA e usa gás carbônico capturado da atmosfera para multiplicar sua própria cepa. Já a Xylome é detentora do Yoil™, substituto quase bioidêntico do óleo de palma tropical refinado-branqueado-desodorizado.

Por fim, outra norte-america, a Zero Acre comercializa o Cultured Oil para uso doméstico como óleo de cozinha. O cultivo hoje é feito em cana de açúcar, mas deve usar resíduos alimentares como espigas de milho e cascas de laranja futuramente.

Óleo de borra de café

Já falamos de diversas soluções de upcycling de resíduos de café (aqui, aqui e mais aqui) mas ele é mesmo versátil e sempre oferece novas possibilidades. Como não só de fermentação de precisão vive o upcycling, a startup escocesa Revive Eco extrai óleos da borra de café de cafeterias e restaurantes locais como alternativa ao óleo de palma. A tecnologia, com patente pendente, é promissora já que envolve o uso de substâncias naturalmente encontradas na borra. E mais, contribui para a sustentabilidade da cadeia de café, que ganha uma segunda vida com tanto valor agregado quanto a primeira.

Tucumã

O tucumã, fruto da Amazônia pode ser um substituto ao óleo de palma, pois apresenta as mesmas propriedades quando é fracionado. Além disso, a palmeira que produz o fruto cresce em áreas de regeneração natural. O objetivo é ter mais uma alternativa ao óleo de palma.

Óleo feito a partir de microalgas

Cientistas da Nanyang Technological University de Singapura desenvolveram um óleo feito a partir de microalgas, rico em ácidos graxos poliinsaturados, ou seja, adequado a alimentos, o que representa uma alternativa ao óleo de palma.

Futuro

Existam muitos desafios para escalar a produção do óleo de palma, essas soluções podem ajudar a conter o uso dominante de palma. Elas certamente contribuirão para a diversificação alimentar, tornando esse ecossistema mais resiliente. É necessário que a produção seja sustentável. Não é preciso demonizar um alimento, mas sim mostrar que há opções e podemos reduzir dependência deste produto.

Fonte: Upcycling Solutions

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Por Ana Cristina Gomes em 24 de janeiro
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