A senadora do estado de Queensland, Susan McDonald, anunciou esse inquérito para decidir a validade de chamar um alimento plant-based de carne, para ela as marcas dessa indústria não deveriam utilizar palavras como “salsicha e picadinho”. Anteriormente a seu cargo no senado, Susan era diretora-gerente de uma empresa com cinco lojas e um e-commerce de carnes, chamada Super Butcher, que era de propriedade de sua família. Também era diretora da Beef Australia (um evento para os envolvidos na indústria do bife) e tesoureira da The Royal National Agricultural and Industrial Association of Queensland (RNA), organização sem fins lucrativos que visa celebrar e defender o papel da agricultura. 

Ao 7News, Susan McDonald disse: “Assim como os produtores de vinho que desejam o uso exclusivo de alguns nomes de vinho, sinto fortemente que nossa indústria de carne vermelha australiana deveria ter o uso exclusivo de nomes de produtos que significaram apenas uma coisa por séculos”. Para o veículo, ela também acrescentou: “Se você prefere tofu ao invés de T-bone, então vá em frente, mas esqueça a ética de comer produtos de origem animal, trata-se de proteger uma indústria altamente valiosa e também fornecer uma distinção clara entre o produto real e as alternativas para que os consumidores saibam exatamente o que eles estão conseguindo”. 

Esse inquérito irá investigar as seguintes questões: efeitos econômicos do marketing de proteína plant-based na indústria de carne de origem animal, legalidade de usar imagens de gado nos produtos veganos, e benefícios para a saúde dos processos de fabricação de proteínas não animais. 

Os rótulos de carne plant-based podem confundir os consumidores?

Mas, afinal, os rótulos que utilizam as palavras carnes e salsichas em produtos plant-based confundem os compradores? Esse é um mito que já foi quebrado em um estudo escrito por Jareb A. Gleckel, da Universidade Cornell, localizada nos Estados Unidos na cidade de Nova York. 

As descobertas, segundo trecho do estudo foram as seguintes: “Os consumidores não estão mais propensos a pensar que os produtos vegetais vêm de um animal, se o nome do produto incorporar palavras tradicionalmente associadas aos produtos animais, do que se não incorporassem. […] A omissão de palavras tradicionalmente associadas a produtos de origem animal das denominações de produtos vegetais causa, na verdade, uma maior confusão nos consumidores quanto ao sabor e aos usos desses produtos”. 

Para essas descobertas, o estudo contou com 155 participantes que, após responderem perguntas que buscavam distraí-los, tinham que responder perguntas sobre produtos de origem animal e plant-based. Enquanto um grupo respondeu aos produtos com palavras relativas a produtos de origem animal (como mortadela), outro grupo omitia essas palavras (escrevendo só vegano, por exemplo).   

A oposição da população ao inquérito

Em uma estimativa da Vegan Australia, que tem por base os primeiros dados do National Nutrition Survey (em português: Pesquisa Nacional de Nutrição), existem cerca de 2% de veganos no país, sendo aproximadamente 500 mil pessoas. A organização também cita o estudo da Roy Morgan (empresa de pesquisa de mercado),  conduzido em 2018 e publicado em 2019, que relata o aumento do vegetarianismo na Austrália, pois 2,5 milhões de australianos tem uma dieta totalmente (ou quase totalmente) vegetariana, esses números aumentaram com relação a 2014, ano em que eram 2,2 milhões. 

Essas estimativas demonstram um claro aumento do vegetarianismo no país. Quanto ao inquérito da senadora Susan McDonald, em uma pesquisa da Plant Based News, realizada com mais de 6 mil participantes, é dito que mais de 5.400 pessoas votaram contra essa proposta. 

Outros países e os termos plant-based 

Porém, não é só na Austrália que esse movimento de proibição está ocorrendo. 

No estado do Texas, Estados Unidos, foi aprovado um projeto de lei (de número 316) que tem o objetivo de proibir os rótulos que utilizam a palavra carne nos produtos plant-based e cultivados com células. Porém, de acordo com informações de maio da Green Queen,  esse projeto ainda deve ser votado novamente na Câmera para seguir ao Senado e ser promulgado (passando a vigorar). 

Outra questão recente, que já falamos aqui no Vegan Business, foi a rejeição da União Europeia pela emenda 171, que buscava ampliar as restrições na comercialização dos produtos lácteos plant-based. Mesmo com essa rejeição, a União Europeia já proibe a comercialização de produtos que utilizam palavras como “leite de amêndoa” ou “queijo vegan”. 

Já, aqui no Brasil, temos uma boa notícia. O Ministério da Agricultura abriu um formulário online nesse mês para receber contribuições tecnicamente fundamentadas a respeito da regulamentação dos produtos plant-based, tem somente 23 perguntas e estará aberto durante 90 dias a partir da data de publicação no Diário Oficial da União, o objetivo é que órgãos, entidades e pessoas possam participar dessa discussão. Para conferir e responder o formulário, veja a notícia publicada no Vegan Business.

Aproveite e leia também: 

Certificação vegana e sua importância para os consumidores

Supermercados abrem espaço aos alimentos à base de plantas

*Imagem de capa: Max Pixel / CC0 1.0 Universal (CC0 1.0)

Por Amanda Stucchi em 21 de junho
Faça parte da comunidade da Vegan Business no WhatsApp: Notícias | Investidores