O estudo Meat Consumption and Sustainability (Consumo de carne e sustentabilidade), publicado no Annual Review of Resource Economics e feito pela University of Bonn (Alemanha), indicou que os países ricos precisam diminuir o consumo de carne em 75% para atingir as metas climáticas. 

É destacado que a carne tem uma pegada ambiental e climática muito maior do que os alimentos à base de plantas. Além disso, mesmo que as opções tecnológicas possam ajudar a aumentar a sustentabilidade na produção de carne, a mudança no consumo também é necessária, pelo menos, nos países de alta renda onde as pessoas consomem mais carne em média. 

O sistema alimentar gera gases como dióxido de carbono (CO2), metano (CH4) e óxido nitroso (N20). Conforme a Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura (FAO), mais de um terço das emissões globais de CO2 é gerada pelo sistema alimentar. 

Além disso, já falamos aqui sobre uma pesquisa divulgada pelo The Guardian, no qual foi apontado que a carne e a ração para animais emite 57% das emissões de gases de efeito estufa, já os alimentos à base plantas emitem apenas 29%. 

O Meat Consumption and Sustainability informou que nas últimas décadas o consumo de carne aumentou em todas as regiões do mundo, porém, a média de consumo per capta é mais alta nos países considerados ricos, como América do Norte, Europa e Oceania. 

“Se todos os humanos consumissem tanta carne quanto os europeus ou norte-americanos, certamente perderíamos as metas climáticas internacionais e muitos ecossistemas entrariam em colapso”, explicou o autor do estudo, Prof. Dr. Matin Qaim, em um comunicado

Os motivos que impulsionam o crescimento da carne de origem animal pelo mundo são o crescimento populacional e a maior renda. 

Quanto aos países considerados mais pobres, os pesquisadores apontam que os alimentos à base de plantas não estão acessíveis ou disponíveis no ano inteiro — já que em algumas regiões é mais difícil seu cultivo — além disso, relatou que a produção de gado é uma fonte de receita para famílias de baixa renda nessas regiões. 

“De qualquer forma, os países mais pobres não são o problema, apontam os autores. Para seus habitantes, a carne costuma ser muito menos frequente no cardápio do que nas nações industrializadas. Isso significa que os países ricos, em particular, devem reduzir o consumo de carne”, afirmou o comunicado. 

Aqui vale dizer que cada habitante da Europa consome em média 80 quilos de carne por ano, sendo que o estudo indicou reduzir esse número para 20 quilos. 

“Precisamos reduzir significativamente nosso consumo de carne, idealmente para 20 quilos ou menos anualmente. A guerra na Ucrânia e a resultante escassez nos mercados internacionais de grãos de cereais, também enfatizam que menos grãos devem ser dados aos animais para apoiar a segurança alimentar”, comentou o autor. 

Outro estudo sobre países ricos que indica diminuir o consumo de carne

Um estudo parecido foi publicado na revista Nature Food, nele, foi revelado que a adoção de uma dieta à base de plantas pelas nações mais ricas pode reduzir as emissões de gás carbônico em até 61%. 

O novo estudo baseou suas sugestões no sistema EAT-Lancet, comissão que apresentou uma dieta focada na saúde planetária e humana e que indica uma redução significativa no consumo de carne e de laticínios, incentivando as pessoas a optar pelas frutas, nozes e legumes. 

A pesquisa considerou 54 nações de alta renda que representa 68% do produto interno bruto global e 17% da população. 

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*Imagem de capa: Unsplash

Por Amanda Stucchi em 28 de abril
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