A Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação (FAO) está avaliando questões importantes sobre a segurança alimentar e situação regulatória em relação à carne cultivada.
A organização divulgou vários documentos discutindo aspectos de segurança alimentar da carne cultivada, incluindo linguagem e terminologias, processos de produção comuns e estruturas regulatórias.
Rotulagem e terminologia
A FAO aponta que, como as carnes cultivadas representam uma mercadoria emergente, a terminologia utilizada para descrever esses processos permanece inconsistente. Uma revisão da literatura descobriu que os termos mais comuns usados pelos consumidores e pela indústria são “baseados em células”, assim como o termo “cultivados”.
Por meio de seu relatório, a FAO visa fornecer uma base para que os formuladores de políticas globais selecionem uma linguagem consistente para a legislação e a comunicação sobre a carne cultivada. A organização também incentiva as autoridades nacionais a estabelecerem terminologias consistentes para esses alimentos em seus países.
Processos de produção
A princípio, a FAO identificou quatro etapas principais processos de produção da carne cultivada, cada uma carrega riscos potenciais a segurança alimentar. Porém, como cada processo envolve diferentes meios de cultura, microtransportadores e biorreatores, a organização recomenda uma abordagem caso-específica para avaliar a segurança dos produtos. As quatro etapas comuns na produção de alimentos cultivados e as preocupações relacionadas à segurança alimentar são descritas abaixo:
Seleção de células: abastecimento, isolamento, preparação e armazenamento.
(Riscos potenciais incluem a transmissão de doenças infecciosas zoonóticas, contaminação microbiana, resíduos e subprodutos químicos.)
Produção: proliferação e diferenciação celular.
(Contaminação microbiana, resíduos e subprodutos químicos, scaffolds alergênicos ou microtransportadores.)
Colheita de células e tecidos:
(Contaminação microbiana, alterações físico-químicas, resíduos do meio de cultura)
Processamento e formulação de alimentos:
(Contaminação microbiana, resíduos e subprodutos biológicos, contaminantes de processamento e alterações físico-químicas.)
Embora cada etapa apresente riscos potenciais, a FAO observa que a maioria dos perigos possíveis na produção de alimentos cultivados não é nova. Desta forma, pode ser amenizada com estratégias existentes, por exemplo: boas práticas de higiene, boas práticas de fabricação e análise de perigos e críticas Pontos de Controle.
A FAO está incentivando as autoridades nacionais a iniciar conversas com as partes interessadas em preparação para o surgimento comercial de proteínas cultivadas.
Estruturas regulatórias da carne cultivada
De acordo com a FAO, Cingapura é atualmente o único país com um produto de carne cultivada no mercado e fez alterações em seus regulamentos alimentares para incluir carne à base de células.
Nos EUA, a Administração de Alimentos e Medicamentos, e o Departamento de Agricultura, firmaram um acordo formal sobre os requisitos de segurança e rotulagem de alimentos cultivados. Além disso, o Serviço de Inspeção e Segurança Alimentar (FSIS) do USDA declarou sua intenção de criar regulamentos sobre a rotulagem de produtos de carne e aves derivados de células animais.
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Imagem ilustrativa de capa: Site Globo