Os governos da Índia e da Austrália lançaram um programa de aceleração voltado para startups de agricultura sustentável, focado no desenvolvimento de tecnologias inovadoras que otimizam o uso de recursos, aumentam a produtividade e reduzem as emissões nas fazendas.

A iniciativa, promovida pelo Atal Innovation Mission (AIM), principal programa de empreendedorismo da Índia, e pela agência científica australiana CSIRO, está com inscrições abertas para a segunda edição do India Australia Rapid Innovation and Start-up Expansion (RISE) Accelerator, que começará em outubro.

O programa, criado em 2023 com foco inicial na economia circular, busca validar, adaptar e testar tecnologias em novos mercados. Nesta nova edição, o objetivo é apoiar startups de agritech com soluções que reforcem a resiliência agrícola diante das crescentes variabilidades climáticas, escassez de recursos e insegurança alimentar. As startups selecionadas poderão receber investimento sem participação acionária de até A$75,000 (US$ 50,000).

Esse anúncio ocorre uma semana após a Índia ter introduzido 109 variedades de culturas de alta produtividade e resistência climática, como parte do orçamento do Ministério das Finanças para 2024-25.

Por que Índia e Austrália precisam de transformações agrícolas

A agricultura é responsável por 15% das emissões totais da Índia e 13% das da Austrália. Além disso, ambos os países têm sofrido com os impactos da crise climática.

Na Índia, a agricultura é o setor mais vulnerável às mudanças climáticas, com uma perda de quase 70 milhões de hectares de cultivos devido a chuvas excessivas ou secas entre 2015 e 2021. Já na Austrália, as mudanças nas condições sazonais causaram uma queda média de 23% nos lucros anuais das fazendas entre 2001 e 2020.

Segundo o projeto G20 Climate Transparency, a pecuária é responsável por 66% das emissões de ambos os países. Caso as temperaturas globais ultrapassem 1,5°C, as produções de milho na Índia e na Austrália devem diminuir 2,8% e 2,7%, respectivamente.

“Índia e Austrália compartilham desafios agrícolas semelhantes, mas a escala e diversidade de nossas operações agrícolas são únicas”, afirmou Tamara Ogilvie, diretora do programa da CSIRO. “Este grupo permitirá que os participantes alcancem a adequação de produtos para diferentes mercados e escalem rapidamente suas soluções para atender à demanda global”.

Durante os nove meses de duração, o programa CSIRO e AIM buscará soluções agrícolas que possam apoiar os meios de subsistência dos agricultores, as economias nacionais e a segurança alimentar. Ogilvie destacou que as startups serão selecionadas com base na escalabilidade, aplicabilidade e inovação de suas soluções.

Para participar, as startups devem ter menos de 10 anos de existência, estar incorporadas na Índia ou na Austrália, e possuir tecnologias que respondam a quatro desafios específicos: otimização do uso de água e saúde do solo, promoção de resiliência e produtividade agrícola, redução do uso de energia e emissões nas fazendas, e inovações disruptivas que vão além das tecnologias tradicionais para atender às mudanças climáticas, populacionais e econômicas.

RISE Accelerator conectará startups com clientes potenciais

Rose Roche, líder do programa Ag2050 da CSIRO, destacou a importância da inovação contínua para garantir sistemas agrícolas lucrativos, produtivos e sustentáveis.

“Para apoiar as economias nacionais e os meios de subsistência dos agricultores, precisamos desenvolver e escalar soluções inovadoras em uso da terra e segurança alimentar, adaptadas às mudanças climáticas e ao crescimento populacional global”, disse ela.

Durante o programa de nove meses, as startups terão acesso a sessões de aprendizado online e presenciais, além de participar das Immersion Weeks, que incluem uma semana de aprendizado intensivo, visitas a campo e networking, tanto na Austrália quanto na Índia.

Essas sessões proporcionarão insights profundos de mercado, mentorias e coaching individualizado. O programa também incluirá testes de campo e plataformas tecnológicas, com o objetivo de conectar as startups a parceiros e clientes em potencial.

“Por meio do programa, os participantes terão a oportunidade de se integrar rapidamente a ecossistemas de inovação no exterior, ajudando-os a alcançar a adequação de seus produtos ao mercado”, afirmou Ogilvie.

“O RISE Accelerator não apenas aborda os desafios imediatos do setor agrícola, mas também garante que os agricultores possam acessar e adotar práticas resilientes, adaptadas às suas necessidades específicas”, acrescentou Pramit Dash, líder do programa AIM.

Índia e Austrália, ambas parte do G20, têm metas climáticas consideradas insuficientes por pesquisas recentes. A mudança climática e o desenvolvimento sustentável são temas centrais da cúpula do G20, que acontecerá em novembro no Brasil.

Durante a conferência, os líderes irão destacar soluções para questões como segurança alimentar, agricultura sustentável, inovação tecnológica e adaptação às mudanças climáticas – todos aspectos centrais do RISE Accelerator.

Confira a matéria publicada na Green Queen.

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