De que forma você enxerga os animais no seu dia a dia?

Você acha normal adotar gatos ou cachorros, considerando-os até mesmo membros da família, ao mesmo tempo em que, em todo o mundo, milhares de outras espécies de animais estejam sendo subjugados e explorados pelas indústrias de alimentos, têxteis, de cosméticos e várias outras?

Espécies estas que também são sencientes, que sentem, experienciam prazer e sofrimento como nós, mas que são consideradas inferiores pelo homem simplesmente por não serem da sua própria espécie, sem direitos ou dignos de respeito.

Essa visão é comum e atravessa gerações que não conseguem nem perceber o quão errada é essa discriminação, que vêm a espécie humana como simplesmente superior e consideram aceitável a discriminação e exploração de animais se esta retornar algum benefício em prol dos seres humanos.

No entanto, a mudança está em andamento e cada dia mais forte, a consciência que vem despertando nas novas gerações fortaleceu o movimento a favor da vida dos animais e do planeta que sofre o impacto das nossas ações.

O termo especismo, porém, não é de conhecimento geral e levanta dúvidas, por isso trouxemos este artigo para explicar o que é especismo e o movimento contrário a ele, o antiespecismo, que busca combater essa discriminação contra outros animais. Boa leitura!

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O que é especismo?

O especismo é um tipo de preconceito, como o racismo, é a discriminação que uma espécie faz contra a outra. O ser humano discrimina diferentes espécies de animais, apesar da senciência dos outros seres, desmerecendo suas vidas e normalizando a exploração e escravização desses animais.

É o chamado especismo antropocêntrico.

Na história da humanidade, vemos os seres humanos se considerarem o centro do universo, ou ao menos do planeta, buscando formas de sobrevivência e se desenvolvendo a partir da utilização de diversos animais para alimentação, locomoção e fonte de matéria-prima para a produção de produtos. Sem qualquer consideração pelo sofrimento causado a esses seres.

Ao mesmo tempo, dentro do especismo, vemos algumas espécies recebendo níveis diferentes de atenção. Por exemplo, os animais considerados pets (como cães e gatos) são mais valorizados pelos seres humanos, mas ainda assim, de certa forma, inferiorizados como forma de entretenimento.

Do ponto de vista filosófico, entende-se que as pessoas percebem os animais de maneiras diferentes com base nos esquemas criados por crenças, ideias e experiências de cada indivíduo.

Em seu livro, Melanie Joy fala sobre como esses esquemas, que são construídos ao longo da vida, diferem de animal para animal e podem colocá-los em categorias como praga, bicho de estimação e comida.

Já no sentido sociológico, o especismo é visto como uma ideologia, temos as características humanas como um padrão ideal, criado através da educação e vivência em sociedade, e quando outras espécies não seguem esse padrão são vistas como inferiores e entendemos que o ser humano tem direito a subjugá-las para benefício próprio.

Origem do termo especismo

Especismo é o termo criado por Richard Ryder, um psicólogo defensor do direito dos animais, nos anos 50, mas sua popularização aconteceu através da obra Animal Liberation, lançada em 1975 pelo filósofo Peter Singer.

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O que é antiespecismo?

O antiespecismo é um movimento e ideologia social, política e ética, contrária ao especismo.

Ele busca a igualdade entre todos os indivíduos sencientes, sem qualquer discriminação às espécies não humanas, considerando que se todos temos a mesma origem, devemos tratar outras espécies como iguais.

É a consciência que inclui os animais nas considerações morais, entendendo que todas as espécies e indivíduos têm seus próprios interesses dignos de respeito e consideração, todas as espécies são importantes.

O número de pessoas adeptas ao antiespecismo está cada vez maior, grande parte delas fazem parte do movimento vegano também, que é a escolha de cortar o consumo de carne e quaisquer derivados de origem animal ou produtos que utilizem da exploração animal em sua produção.

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A história do movimento antiespecista

As pessoas, ativistas e organizações, que enxergam o quão errado é o especismo existem há muito tempo, apesar do impulso mais atual nesse movimento.

Vemos através dos anos o impacto que essas pessoas causaram na sociedade, enquanto combatiam o especismo e criavam pequenas mudanças em prol de um mundo mais justo para todos os seres. Essas são algumas medidas e leis criadas contra o especismo:

  • 1978: assinatura da Declaração Universal dos Direitos dos Animais pela Unesco.
  • 2003: leis proibindo o teste em animais na produção de cosméticos, aprovada pelo Parlamento da União Europeia.
  • 2013: aprovação das leis contra teste em animais na Índia, Austrália, Noruega, Israel e Nova Zelândia.

No Brasil, a legislação determina que animais são itens de propriedade dos humanos, o que os impede de ter quaisquer direitos e permite que sejam explorados legalmente. No entanto, já foram aprovadas diversas leis em defesa de animais de estimação, como

  • Código Estadual do Meio Ambiente do Estado do Rio Grande do Sul.
  • Código Estadual de Proteção aos Animais de Santa Catarina
  • Código do Bem-Estar Animal da Paraíba

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Os principais argumentos especistas e seus contrapontos

Existem alguns pontos principais que sempre são levantados nos argumentos especistas tentando justificar esse discurso, veja quais são:

O ser humano vale mais

Este argumento afirma que os animais não devem ter o mesmo respeito e dignidade simplesmente por não serem humanos.

A nossa habilidade em linguagem e racionalidade têm valor moral e tornam a vida humana mais valiosa do que a de outros animais.

No entanto, isso é puramente uma questão biológica, assim como gênero e cor da pele, que não deve ser utilizada para justificar a discriminação.

O ser humano é mais inteligente

Outro argumento é que o ser humano tem uma inteligência maior do que outras espécies. Mas quando levamos em consideração que nem todos os seres humanos possuem o mesmo nível de inteligência, principalmente entre crianças e pessoas com alguma deficiência cognitiva, entendemos que inteligência não pode ser base para a discriminação.

E se isso serve entre seres humanos, da mesma forma não pode ser válido para discriminar outros animais com base em inteligência.

O ser humano tem sentimentos

Este é outro argumento muito utilizado, que os seres humanos sentem muito mais que outros animais e constroem relações emocionais, se simpatizando e sendo solidários com seus pares.

Mas já foi comprovado através de pesquisas que os animais são seres sencientes que experienciam dor e prazer. Além disso, esse tipo de argumento, se aceito, poderia dar abertura para o racismo ou qualquer outro tipo de preconceito, já que estabelece que alguém pode sentir empatia apenas por aqueles iguais a ela e não à todos.

O ser humano precisa comer carne

Um dos argumentos mais utilizados é que o ser humano é carnívoro desde sempre e precisa comer carne para sobreviver e se desenvolver.

Mas esse argumento é ultrapassado, já sendo comprovado que podemos sobreviver com alimentos vegetais e que temos uma base de dieta onívora, a carne é incluída, mas a proteína animal não é necessária para a sobrevivência.

Principalmente após a pandemia, vemos o número de vegetarianos e veganos crescendo ao redor do mundo. Uma pesquisa digital da BHB Foods e Suplementos e Decode mostrou que o interesse dos brasileiros pelo veganismo cresceu 941% nos últimos 8 anos.

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Exemplos de especismos e como ajudar a combatê-los

Todos os animais merecem respeito, mas não é assim que a sociedade normalmente enxerga nossos companheiros não-humanos, permitindo que sejam explorados e desmerecendo a dor que causamos a eles ou sendo indiferentes aos problemas onde poderíamos ajudar de alguma forma. Vamos ver alguns exemplos corriqueiros de especismo:

  1. Comer alguns animais é totalmente aceitável pela sociedade ocidental, como porcos, vacas e galinhas, mas quando falamos sobre a prática oriental de comer cachorros, todo mundo fica chocado e se opõe firmemente.
  2. Em algumas cidades, a venda de peles é proibida, inclusive Israel foi o primeiro país a proibir totalmente a venda de peles de animais, mas a lã continua sendo um item muito utilizado, desconsiderando o bem-estar dos animais que são utilizados para sua produção.
  3. Tomar leite de vaca é uma prática tão comum quanto tomar água, mas só de se pensar em tomar leite de qualquer outro animal, inclusive o da nossa própria espécie, as pessoas já sentem nojo. Mas todo o leite de vaca que é consumido é produzido por vacas recém-paridas que fazem leite para o que deveria ser seu único propósito: amamentar seus filhotes, que são afastados de forma cruel logo que nascem para que o ser humano tenha seu leite em caixinha nas prateleiras do mercado.
  4. Usar a pele de um ser humano para fazer uma carteira parece algo saído de um filme de terror, mas o couro de vacas é um produto amplamente utilizado para fazer diversos produtos considerados de extrema qualidade.

Esses são poucos exemplos entre milhares de outras formas de especismo praticados todos os dias ao redor do mundo.

Felizmente, o mercado plant-based está em crescimento e traz opções como leites vegetais, e também itens como couros vegetais criados a partir de banana e manga, entre diversas outras inovações sobre as quais você pode ler aqui no Vegan Business.

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Como ajudar no movimento antiespecista

Cada pequena decisão é uma mudança em direção à abolição de práticas especistas e quanto mais a consciência sobre essas questões se espalhar, mais rápido veremos a igualdade e respeito entre espécies sendo o novo normal. Algumas ações que você pode fazer para ajudar o movimento:

  • Go Vegan: tornar-se vegano é o primeiro passo para lutar contra o especismo e ajudar o meio-ambiente, entre diversas outras razões.
  • Apoiar empresas veganas e livres de crueldade: opte por incentivar o consumo consciente e invista em empresas que não exploram animais para produzir comida, cosméticos, roupas e qualquer outro produto.
  • Espalhe a palavra: converse com família, amigos, conhecidos, ou quem estiver disposto a ouvir, sobre as consequências do especismo no planeta e na sociedade.

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Conclusão

Todas as espécies merecem ter seus interesses e individualidades respeitados. O ser humano não é superior a nenhum outro animal, mas esse princípio errado é enraizado desde que nascemos.

A conscientização sobre o especismo é o caminho para uma mudança social mundial que trará apenas benefícios, tanto para os animais quanto para o planeta e também para nós como humanos, o que frequentemente dizemos que somos.

Aqui no Vegan Business compartilhamos diariamente notícias sobre o mundo vegano e plant-based, siga nossas redes sociais e inscreva-se na nossa newsletter para continuar antenado.

Go vegan!

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