Hoje vamos falar sobre um estudo futuro que abordará a temática da segurança de alimentos plant-based!

O The Good Food Institute Brasil está convidando pesquisadores, empresas e instituições interessadas em desenvolver o estudo dos aspectos de segurança de alimentos aplicados na produção de produtos cárneos feitos de plantas a enviarem suas propostas até o dia 9 de junho. O projeto é previsto para iniciar em setembro de 2022 e o prazo desejado para a execução do estudo é de cinco meses. 

O objetivo do estudo do GFI Brasil 

O objetivo do estudo é estabelecer um plano que contemple os aspectos de segurança de alimentos para produção de produtos cárneos feitos de plantas, usando como base a ferramenta de “Análise de Perigos e Pontos Críticos de Controle” (APPCC). Devem ser abordados pelo menos quatro produtos feitos de plantas e devem ser considerados os principais pontos da cadeia de produção que precisam ser controlados para obter produtos seguros, assim como os pontos que requerem aprofundamento científico para identificação e controle dos perigos. Dessa forma, o documento visa prover subsídios técnicos e científicos para embasar e orientar as futuras ações de legisladores, pesquisadores, professores, produtores rurais e empresários desse segmento. 

O estudo será dividido em quatro etapas (estruturação da equipe multidisciplinar, treinamento da mesma, desenvolvimento do estudo e elaboração do relatório final) e o GFI Brasil, além de validar essas etapas, vai também acompanhar o processo por meio de relatórios e reuniões de acompanhamento. 

As propostas poderão ser enviadas até o dia 9 de junho, em formato PDF, para o e-mail [email protected]. A proposta deve conter obrigatoriamente um cronograma, os valores previstos para a execução de cada etapa, o investimento total, a metodologia a ser utilizada e o currículo dos profissionais que irão desenvolver o trabalho. As orientações completas para submissão, assim como todas as demais informações sobre o estudo, podem ser acessadas neste link. 

Contextualização sobre a segurança de alimentos plant-based

Os produtos feitos de plantas costumam apresentar uma maior diversidade de ingredientes do que os produtos de carne convencional.

Ao mesmo tempo que isso é uma grande vantagem, também é uma desvantagem, porque apesar da possibilidade de usar vários ingredientes para ajustar a composição do produto e alcançar as necessidades tecnológicas, nutricionais, funcionais e sensoriais, um maior número de ingredientes também significa um maior número de fontes de onde perigos podem potencialmente surgir. 

As proteínas vegetais usadas nos produtos cárneos feitos de plantas variam entre leguminosas, pulses (sementes de leguminosas secas e comestíveis), sementes, cereais e tubérculos e são unidas por metilcelulose, composto químico usado como espessante e emulsificante em muitos alimentos. As gorduras são geralmente derivadas de uma variedade de produtos vegetais (como óleo de canola, manteiga de cacau, óleo de coco, óleo de soja e óleo de girassol) e são frequentemente usados em misturas para atingir os parâmetros físico-químicos e nutricionais desejados. 

Apesar da indústria de produtos cárneos feitos de plantas ter nascido fortemente associada à indústria de produtos animais, as considerações de segurança para produtos plant-based são diferentes das necessárias para produzir produtos de origem animal: a segurança dos alimentos à base de plantas depende do solo, dos insumos agrícolas usados, onde as plantas de origem são cultivadas, de como as plantas são colhidas, armazenadas, transportadas, processadas para obter os isolados de proteína e manuseadas pós-processamento. 

Algumas das principais implicações de segurança para produtos feitos de plantas incluem: 

  • O alto teor de umidade e pH neutro dos produtos feitos de plantas, que podem fornecer um ambiente adequado para o crescimento de patógenos. 
  • As micotoxinas, que podem estar presentes em vários tipos de matérias-primas como aveia, arroz, castanhas, soja e milho, podendo permanecer em níveis não aceitáveis no produto final. 
  • O potencial alergênico de muitas das matérias-primas (como soja, trigo, amendoim e castanhas). 
  • A capacidade das plantas de absorverem e acumularem metais pesados do solo, levando a uma contaminação dos produtos finais e outros perigos químicos, como resíduos de agrotóxicos. 

O consumo de carne vegetal vai continuar crescendo nos próximos anos e a indústria precisa se preparar para atender à demanda. 

O Brasil tem grande potencial para se tornar referência mundial em proteínas alternativas. A instituição afirmou que os motivos para isso são: a capacidade, força e “know-how” de produção agrícola e pecuária, somadas à diversidade dos biomas brasileiros (que pode colocar o país no centro da produção sustentável de matérias-primas e desenvolver alternativas nacionais que sejam competitivas, como o licuri, fruto de uma palmeira da Caatinga), e ao anúncio feito recentemente pelo Ministério de Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA), de que vai regular o mercado de produtos plant-based, tudo isso indica que estamos nesse caminho. 

Agora, o desafio é conhecer os perigos potenciais para superá-los, estabelecendo as medidas de controle eficazes para que o Brasil possa avançar na oferta de produtos de carne plant-based, refrigerados e estáveis em temperatura ambiente (e não só congelados). 

Vale destacar que o GFI Brasil vem trabalhando em parceria com o governo sob demanda das agências reguladoras MAPA e ANVISA, com o objetivo de fornecer informações científicas essenciais para o processo regulatório de produtos cárneos vegetais no Brasil, envolvendo desde estudos regulatórios até o estudo de segurança alimentar.  

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*Imagem ilustrativa de capa: Unsplash 

Por Amanda Stucchi em 24 de maio
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