Consumidores conscientes sobre as questões relacionadas à ética e ao meio ambiente e sua mudança de comportamento em massa estão “comandando” a revolução vegana.
As mudanças nos padrões de consumo
Os padrões de consumo ao redor do mundo estão mudando. Alimentos e bebidas de origem vegetal irromperam nos últimos anos e são a base de um mercado revolucionário, um mainstream suportado por números impressionantes.
Alimentos e bebidas de origem vegetal são percebidos como mais naturais, sustentáveis e saudáveis. Alguns consumidores, desconfiados da indústria agropecuária, estão reduzindo ou interrompendo completamente o consumo de carnes, leites e derivados.
Mas não para por aí, os consumidores também se preocupam com as questões relacionadas à sustentabilidade, especificamente no que diz respeito ao consumo de carne e ao impacto na saúde e no meio ambiente. Isso pode ser visto nas campanhas em torno dos “dias X sem carne” se tornando mais populares e estilos de vida “flexitários” em que os consumidores estão consumindo ativamente menos carne em sua dieta.
O entendimento de que o uso de animais para fornecer alimentos, vestimentas ou qualquer outra finalidade é desnecessário para nossa saúde e bem-estar, com certeza, ajuda a defender o potencial econômico desse mercado.
Dados da Euromonitor International, principal fornecedora independente de pesquisa de mercado estratégico do mundo, estimam que o faturamento de produtos vegetarianos e veganos chegue a UU$ 51 Bilhões.
É fato, a revolução vegana está só começando e as principais empresas de alimentos estão embarcando para lucrar.
Alternativas alimentares vegetais não são só mais um produto de nicho e estão se tornando preferência, com grandes empresas investindo nessa tendência.
De olho na economia
Por exemplo, em um dos maiores negócios até o momento na indústria de alimentos naturais, a Danone comprou a Whitewave por US$ 10 bilhões, uma empresa de alimentos à base de vegetais que vendia leite de amêndoa e salada orgânica. Após a compra, ainda investiu 60 milhões de dólares na produção de alimentos veganos para atender a demanda dos consumidores.
No Brasil, o mercado vegetariano e vegano já ultrapassa os R$15 milhões. É esperado que essa tendência se reafirme durante os próximos anos. O país, que possui um consumo de proteínas de origem animal muito acima de média global, tem tudo para se tornar também uma grande potência vegana.
À medida que a preferência dos consumidores muda, substituindo a carne, o leite e seus derivados por produtos de bases vegetais, as opções precisam se tornar mais sofisticadas e mais disponíveis. Assim, podem ser incorporadas nas dietas dos consumidores e na vida diária.
Como modelo, o consumo de bebidas vegetais que tem como base o leite de coco, arroz, amêndoas e outras castanhas apresentou crescimento de 35% ao ano no Brasil, no decorrer dos últimos cinco anos. Notável diante outras categorias, este crescimento pode ser observado nas prateleiras dos supermercados, onde antes essas bebidas eram escassas, hoje com frequência, já marcam presença, mesmo que ainda discreta.
Até mesmo as grandes empresas que se restringiam ao mercado animal, como BRF e JBS, já enxergaram a oportunidade no mercado de produtos vegetais. A preocupação com a origem dos alimentos encoraja as marcas brasileiras a se reinventarem e inovarem com o objetivo de se manterem relevantes neste novo mercado de consumidores conscientes.
Antes considerado como uma esquisitice, um extremismo ou até mesmo uma subcultura destinada a hippies e ativistas, o veganismo no ocidente já não é mais o mesmo.
Com o avançar da revolução vegana aparecem as oportunidades de negócio, para atender não só a demanda da alimentação, como também, de roupas, calçados, acessórios, cosméticos e até produtos de higiene e limpeza.
Dentro desse amplo mercado que se inicia não há dúvidas, há espaço para investir. A oferta de produtos para atender ao público ainda não acompanha o crescimento da demanda. Assim, as oportunidades de desenvolvimento da economia nessa área são muito promissoras.
Lucro além da conta
No Fórum Econômico Mundial de Davos, a iniciativa “Meat: the Future” defende mudanças em quatro setores:
- na pecuária, com a adoção de modelos de produção mais sustentáveis;
- na indústria de alimentos, com a elevação de investimentos em proteínas alternativas;
- na indústria de insumos, para se adequar às mudanças;
- na postura dos governos, com regulações que apoiem a transformação, com vistas a reduzir os riscos para a saúde humana.
O impacto positivo de uma dieta baseada em vegetais vai muito além da saúde. Um estudo do Oxford Martin Program sobre o Futuro da Alimentação, publicado em 2016, modelou o que aconteceria com a nossa saúde e a economia global se todos nós mudássemos para dietas vegetarianas ou veganas.
Segundo este estudo, em 2050, 5,1 milhões de mortes poderiam ser evitadas se mantivéssemos nossas dietas dentro das diretrizes dietéticas recomendadas. Se fôssemos vegetarianos, o número seria de 7,3 milhões de vidas salvas. Se veganos, seriam 8,1 milhões.
Os benefícios econômicos da mudança na dieta poderiam chegar a US$ 700 bilhões a US$ 1 trilhão por ano em termos de economia nos custos de assistência médica e perda de dias de trabalho devido a problemas de saúde.
Portanto, a revolução vegana traz lucros e benefícios substanciais e abre as portas para um mercado próspero, onde as oportunidades poderão elevar a economia a um novo patamar.
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