O ano nem chegou na metade e as proteínas veganas bateram recorde de investimentos. As cifras somaram US$930 milhões só no primeiro trimestre de 2020, ou seja, quase US$ 1 bilhão investidos em proteínas veganas. O valor supera o marco em investimentos de 2019, que somou US$ 824 milhões.

Os novos relatórios do Good Food Institute (GFI) mostram que o ano de 2019 e o primeiro trimestre de 2020 tiveram períodos recordes de investimento em alternativas aos produtos animais tradicionais.

A GFI é uma organização sem fins lucrativos que promove o avanço de proteínas alternativas, como carne à base de plantas, laticínios, ovos e frutos do mar, além de carnes e frutos do mar cultivados (produtos animais cultivados a partir de células, sem o ciclo insustentável da agricultura industrial animal).

O recorde superado

De acordo com os relatórios, o ano de 2019 foi marcado por grandes momentos na indústria de proteínas alternativas, a saber:

  • Beyond Meat teve um IPO bem-sucedido;
  • Impossible Foods levantou US$ 300 milhões em financiamento;
  • Burger King lançou o Impossible Whopper nacionalmente;
  • Grandes empresas de carne dos EUA lançaram produtos à base de plantas;
  • Vendas de alimentos à base de plantas atingiram US$ 5 bilhões;
  • O número de empresas de carne cultivada cresceu 57%;
  • Foi atingido um recorde de captação de recursos de capital de risco.

Definitivamente, 2019 foi um ano bem movimentado para o mercado vegano, com mais de US$ 747 milhões investidos em carnes, laticínios e ovos à base de plantas, incluindo US$ 457 milhões em capital de risco e US$ 290 milhões arrecadados pelo IPO da Beyond Meat. Similarmente, empresas de carnes cultivadas, como a startup de proteínas Memphis Meats, arrecadaram mais de US$ 77 milhões em capital.

Em suma, todo esse movimento em direção a proteínas veganas está ganhando força e isso já foi percebido pelos investidores.

2020 mostra seu potencial

A pandemia de Covid-19 começou logo no início de 2020, e a crise de saúde pública consequentemente impactou o sistema alimentar em todo o planeta. Contudo, embora a instabilidade econômica seja uma realidade, há razões para permanecer otimista quanto ao futuro de proteínas veganas. É certo que as empresas e serviços de alimentação passam por dificuldades, mas muitas das proteínas vegetais são destacadas nos novos relatórios da GFI.

Tudo isso porque, há um interesse sustentado e crescente por proteínas alternativas, e isso tem alimentado a confiança dos investidores. Eles conseguem enxergar a oportunidade do mercado e estão se mobilizando para capitalizar uma mudança global na maneira como a carne é produzida, por que acreditam nisso

No primeiro trimestre de 2020 marcas alternativas de proteína arrecadaram US $ 930 milhões. A Impossible Foods levantou US$ 500 milhões em março. A startup de pepitas de frango à base de plantas Rebellyous Foods levantou US$ 6 milhões no e abril. A LIVEKINDLY co., levantou US$ 200 milhões. Memphis Meats levantou US$ 186 milhões B no início deste ano, e já excedeu seus investimentos de 2019.

Oportunidade de mercado

O movimento que se traduz no aumento da demanda por carnes à base de plantas é um verdadeiro atrativo para os investidores. Essa é uma oportunidade de mercado única para os investidores e, por certo, acelerará ainda mais nos próximos meses.

Simultaneamente ao aumento da demanda, os recordes de investimentos no mercado vegano fortalecerão ainda mais o setor. Assim, todo esse apoio tendem a gerar mais e mais crescimento e inovação, o que garante os recursos necessários para a prosperidade desse mercado. Especialmente, em tempos de mercado volátil a curto prazo.

Portanto, diante da vulnerabilidade do mercado global de proteínas animais, as proteínas veganas tem espaço de sobra para ocupar. Neste sentido, é importante salientar que os investidores de capital de risco geraram 43% dos negócios feitos no ano passado. Ainda, que a maioria dos investimentos em capital de risco em marcas de alimentos de origem vegetal é proveniente de investidores de impacto, que ponderam tanto o bem social quanto o potencial de retorno financeiro ao decidir onde investir.

O futuro das proteínas veganas

Ao que tudo indica, o futuro das proteínas veganas virá dos avanços na tecnologia para fabricação de carne à base de plantas e dos crescentes problemas com a produção de alimentos a partir de animais.

Enfim, apesar dessa questão ser frequentemente apresentada como uma escolha binária, com carne ou sem carne, a mudança tende a ser lenta. Por enquanto, a escolha dos consumidores denota o equilíbrio entre os dois mundos. Com a busca por proteínas veganas em curva ascendente, e os investimentos apoiando esse crescimento.

Os quase US$ 1 bilhão investidos em proteínas veganas são o verdadeiro sinal de que a alimentação baseada em vegetais pode governar o futuro. Empresas de capital de risco e gigantes corporativos não investiriam em um mercado no qual não acreditam gerar lucros.

Leia mais sobre as tendências do mercado de alimentos veganos e saiba como os fundos brasileiros apostam em startups veganas.

Por Nadia Gonçalves em 10 de junho
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