O interesse pelo veganismo no Brasil nunca foi tão alto. Dados do Google Trends mostram que a pesquisa pelo termo “vegano” e relacionados bateram recorde em 2019. Isso mostra o crescente interesse no estilo de vida e aumento da conscientização sobre a saúde, o bem-estar animal e questões ambientais.

As informações desde 2014 mostram um crescimento constante até por volta de dezembro de 2018, depois um aumento mais acentuado, mas flutuante, até os dias atuais.

A influência das celebridades, incêndios florestais na Amazônia, bem como, o sucesso de filmes como “The Game Changers”, podem estar por trás desse interesse e da quebra de barreiras quanto ao veganismo. 

História e origem

O termo foi cunhado em 1944 por um grupo de pessoas no Reino Unido para descrever uma dieta excluindo carne, peixe, laticínios e ovos. Em 1988, a Vegan Society do Reino Unido adotou uma definição de veganismo que a descreveu como:

“… um modo de vida que procura excluir, na medida do possível e praticável, todas as formas de exploração e crueldade com animais como alimento, vestuário ou qualquer outro propósito”.

Por muitos anos, o veganismo teve relativamente poucos adeptos e foi amplamente considerado um movimento marginal, e seus adeptos chegaram a ser tratados com hostilidade e ser motivos de chacota.

Apesar da reputação um tanto estigmatizada, o interesse pelo veganismo vem crescendo mundialmente, principalmente na última década, e especialmente em 2019 a frequência relativa das pesquisas do Google foi impressionante.

Os bastidores das flutuações

Esse boom nas pesquisas veganas na Internet não surpreende, considerando o aumento dos negócios na área. Os produtos à base de plantas estão ganhando força em todas as categorias, desde leites e queijos não lácteos, a substitutos de carne à base de plantas que se parecem, cheiram e até ‘sangram’ como carne. Além disso, os restaurantes especializados estão se expandindo nas áreas metropolitanas e os restaurantes comuns estão começando a adicionar mais opções veganas aos menus. Até grandes empresas como estão adentrando o território das plantas. Mas olhando para esse recorde de pesquisas no Brasil, em 2019, é possível identificar algumas influências, e até mesmo utilizá-las a favor dos negócios.

Celebridades veganas

O termo de pesquisa sofreu um grande aumento em janeiro e fevereiro de 2019. Esse pico coincidiu com – e pode estar relacionado à – publicação da cantora Anitta recomendando o documentário Cowspiracy aos seus seguidores. Tudo isso por que, no dia cinco de janeiro, houve um pico nas buscas pelo termo “Cowspiracy”. Já no dia seis, uma considerável elevação de buscas pelo termo “vegano”, conforme Google Trends.

Resoluções veganas

O aumento também pode estar relacionado a pessoas que consideram tornar-se veganas como uma resolução de ano novo, pois os dois principais termos de pesquisa relacionados se referiam à diferença entre veganismo e vegetarianismo, e os três seguintes, são todos vinculados a itens alimentares (incluindo pão, brownie e bolo de banana).

Filmes 

As buscas pelo termo “documentário vegano” também impulsionaram esse recorde com dois picos, um deles discreto, em meados de fevereiro, e um acentuado, no início de novembro. Este último, diretamente relacionado ao lançamento de “The game Changers” na Netflix.

Quebra do estereótipo 

Inegavelmente, o documentário “The Game Changers” é um soco no estômago do estereótipo franzino, de quem não consome produtos de origem animal. É bem provável que ao encerrar 2019 tenhamos indicadores de pesquisa ainda mais impressionantes, principalmente em decorrência dos resultados desse filme. 

O filme, que se tornou o documentário mais vendido do iTunes uma semana após o seu lançamento na plataforma, ‘documenta a ascensão da alimentação baseada em vegetais nos esportes profissionais’, é dirigido por Louie Psihoyos, e produzido por James Cameron, ambos vencedores do Oscar. 

À medida que o veganismo se torna mais forte, várias pessoas desafiam as crenças convencionais, particularmente a ideia de que é preciso comer produtos de origem animal para ser forte e saudável.

Motivação para o recorde de pesquisas

Há muitas razões que alimentam o aumento do interesse pelo veganismo, incluindo o aumento da conscientização do consumidor sobre as práticas bárbaras da agricultura industrial. Ainda, a facilidade de acesso a saborosos alimentos à base de plantas à medida que as empresas expandem sua gama de produtos. 

Também pode ser por causa da crescente conscientização sobre a ameaça iminente de resistência a antibióticos causada pela indústria de carne. Até mesmo, as questões ambientais insustentáveis ​​em torno da produção de carnes, ovos e laticínios.

Seja qual for o motivo, não há melhor momento para se tornar vegano. As pessoas costumam se surpreender com o quanto se sentem melhor sem ingerir produtos de origem animal. Além disso, descobrem tantos novos alimentos deliciosos que nem sequer querem voltar à carne e laticínios novamente.

Veganismo no Google e tendências de mercado

O Google Trends é um indicador útil para avaliar o que está atraindo a atenção do público em geral. Assim como o crescimento significativo de pessoas que mudam seus hábitos alimentares, as pesquisas do Google também refletem esse aumento. 

Como os benefícios para a saúde de adotar um estilo de vida vegana continuam a se espalhar, as pesquisas do Brasil sobre alimentos no Google continuam crescendo. Fica claro que as marcas e os varejistas têm uma excelente oportunidade de estabelecer relacionamentos genuínos com seus consumidores e compradores. 

Olhando para os números promissores de 2019, 2020 poderia ser o ano do veganismo no Brasil?

Por Nadia Gonçalves em 23 de dezembro
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