O número de consumidores veganos não para de crescer, e para atender a demanda, o mercado de alimentos veganos atingirá patamares ainda maiores até 2025.

A princípio, essa diferença destaca as mudanças que estão ocorrendo no mercado de produtos à base de plantas, e demonstra como os fabricantes estão tentando desenvolver pontos de diferenciação no mercado à medida que alcançam um público que vai além dos veganos e vegetarianos.

Cenário positivo

O BofA Securities, a divisão multinacional de investimentos do Bank of América, recentemente divulgou um relatório onde enfatiza a necessidade de inovação na produção de alimentos, o que inclui alternativas vegetais e veganas. Nesse sentido, a necessidade gira em torno de melhorar a saúde pessoal e planetária e ajudar a combater as mudanças climáticas.

Seja como for, o referido relatório destaca os alimentos à base de plantas como uma alternativa sustentável à agricultura animal e à solução das mudanças climáticas.

Trata-se, portanto, de um cenário de caos perfeito, que envolve a mudança climática, o auge de globalização e os riscos à saúde, e coloca o futuro dos alimentos vegetais como um ponto crucial para essa transformação tão necessária.

Dados do referido relatório estimam que, com cerca de 10 bilhões de pessoas vivendo no planeta até 2050, se nenhuma mudança significativa for colocada em prática, a estimativa é que a produção de alimentos nos próximos 40 anos supere as colheitas realizadas nos últimos 8.000 anos.

Alerta para a necessidade de mudanças

Atualmente, o desperdício de alimentos equivale a 1/3 de toda a produção, enquanto grande parte da população mundial se distribui entre os extremos, ou está acima do peso ou está desnutrida. A má alimentação causa aproximadamente 20% das mortes em todo o mundo. Isso é mais do que o número de mortes causadas pelo fumo, consumo de álcool e conflitos armados combinados.

Não há mais como tapar os olhos para a realidade, o mundo dos negócios não está desvinculado de todas as questões socioambientais que assolam o planeta.

No entanto, o que gera esperanças é que estamos entrando em uma década de tecnologias, e a alimentação não fica de fora. A inovação na área de alimentos poderá nos ajudar a enfrentar os desafios que o mundo encara e a alimentar nossa crescente população de maneira sustentável. A ideia é que a indústria de alimentos tradicional pode ser transformada por uma onda de tecnologias de ponta.

O mercado de alimentos veganos até 2025

Estudos estimam que a oportunidade de mercado das soluções para a área de tecnologia de alimentos valha mais de US$ 200 bilhões hoje, e a previsão é de que cresça para US$ 300 bilhões + até 2025, a um CAGR de 9%, aproximadamente.

Assim, tudo indica que essa oportunidade de crescimento pode levar a investimentos adicionais em conceitos como agricultura vertical. Por exemplo, a agricultura vertical em ambiente interno pode produzir até 350% mais rendimento do que as fazendas convencionais, e com menos emissões de carbono.

Assim também, outro destaque fica por conta da carne de origem vegetal e cultivada em laboratório, como alternativas viáveis e sustentáveis. Ambos usam significativamente menos água e terra do que a agricultura animal convencional. O relatório da BofA Securities enfatiza que a atual produção de carne de gado é insustentável.

Demanda por alimentos veganos

O veganismo, o vegetarianismo e o flexitarismo são cada vez mais populares, principalmente entre as gerações mais jovens. As crescentes preocupações com o impacto da produção de alimentos de origem animal na saúde humana e no meio ambiente estão impulsionando o crescimento do mercado de alimentos veganos.

Igualmente, acredita-se que o crescimento do consumo de carne vegetal nos países desenvolvidos pode ser impulsionado pela mudança demográfica para dietas mais baseadas, ricas em vegetais. Sob o mesmo ponto de vista, também se prevê que as proteínas à base de plantas valerão US$ 40,6 bilhões até o final de 2025, contra US$ 21,1 bilhões em 2020.

Dessa forma, desde 2015, as pesquisas por ‘veganismo’ cresceram a níveis surpreendentes em todo o mundo. A Ipsos MORI estima que o número de veganos na Grã-Bretanha quadruplicou entre 2014 e 2018, de 150.000 para 600.000, pouco mais de 1% da população adulta. E na América, aproximadamente 2% dos adultos se consideram veganos, de acordo com o YouGov.

Para onde olhar

A cultura alimentar provou ser um terreno fértil para o crescente leque de alternativas baseadas em plantas de alta qualidade. Ao passo que, os consumidores estão adotando opções baseadas em plantas motivadas por saúde e bem-estar, bom gosto e descoberta, ética e crenças, custo, e conveniência.

Com a população cada vez mais interessada na diversidade alimentar, em vez de aderir às formas tradicionais de comer, não restam dúvidas de que se trata de um mercado promissor. Enfim, é importante se atentar para:

  • Alternativas de alta qualidade, baseadas em plantas de marca própria, representam uma oportunidade significativa para os varejistas.
  • As opções veganas são vistas como caras, mas os consumidores estão abertos à experimentação nesta categoria diversificada e de rápido crescimento.
  • Atualmente, para os consumidores comuns, o termo “baseado em plantas” possui um apelo de simplicidade, mas é provável que essa terminologia seja usada em excesso e que, em breve, consumidores recorrerão a outras pistas para garantir um produto saudável.
  • É provável que os consumidores se tornem mais exigentes quanto aos tipos de proteínas usadas nas alternativas vegetais (por exemplo, soja vs ervilha vs trigo), como foram cultivadas, seus benefícios e desvantagens à medida que se familiarizam com a categoria.
  • Há uma tendência de mudanças na dinâmica de crescimento do mercado de alimentos veganos até 2025.

Saiba mais sobre a economia vegana e entenda por que a pesquisa pelo termo “vegano” foi recorde em 2019.

Por Nadia Gonçalves em 13 de maio
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