A Associação de Médicos do Reino Unido (DAUK) e a Plant-Based Health Professionals UK (PBHP UK) uniram forças para criticar uma campanha governamental que promove o consumo de carne e laticínios.
As organizações enviaram uma carta aberta ao Conselho de Desenvolvimento da Agricultura e Horticultura (AHDB) e ao Departamento de Meio Ambiente, Alimentação e Assuntos Rurais (DEFRA) para expressar suas preocupações sobre a campanha Let’s Eat Balanced. Lançada para coincidir com o Veganuary, a campanha defende o consumo de carne como fonte de proteína, zinco, ferro e vitamina B12. No entanto, DAUK e PBHP UK afirmam que a promoção do consumo de produtos de origem animal vai contra as evidências científicas estabelecidas sobre dietas saudáveis e sustentáveis e pediram a retirada da campanha.
O impacto das emissões na cadeia de suprimento alimentar
As organizações argumentam que as alegações da campanha são “inacuradas e enganosas”, já que todos esses nutrientes podem ser facilmente obtidos de uma dieta bem planejada à base de plantas. Explicam que a vitamina B12, muitas vezes considerada um nutriente de origem animal, é na verdade produzida por microrganismos, sendo suplementada nos bovinos para que produzam quantidades suficientes.
Sistema alimentar plant-based
A carta aberta pede uma transição para um sistema alimentar plant-based, citando evidências de que dietas plant-based reduzem o risco de doenças crônicas como doenças cardíacas, hipertensão, diabetes tipo 2 e certos tipos de câncer. Critica a campanha Let’s Eat Balanced por ignorar as evidências de que o consumo de carne é prejudicial, especialmente no caso de carnes vermelhas e processadas, reconhecidas como carcinógenas pela Organização Mundial da Saúde.
DAUK e PBHP UK também destacam que a crise climática é “a maior ameaça à saúde humana”, indicando que nutrição e sustentabilidade estão interligadas. Eles afirmam que a campanha Let’s Eat Balanced contraria a própria orientação do governo, que recomenda “uma dieta rica em alimentos de origem vegetal e menor em alimentos de origem animal, que têm um impacto ambiental significativo, trazendo benefícios para a saúde e o meio ambiente”.
A carta cita pesquisas específicas do Reino Unido que mostram que 70% das emissões totais de alimentos no país vêm da produção de carne vermelha e laticínios. Além disso, menciona uma análise indicando que, se a Inglaterra adotasse uma dieta totalmente plant-based, o NHS poderia economizar cerca de £18.8 bilhões por ano.
Combatendo a desinformação
À medida que o interesse por alimentos plant-based continua a crescer, a indústria da agricultura animal responde espalhando desinformação. Em fevereiro, a organização de defesa do consumidor The Freedom Food Alliance publicou um relatório mostrando que a indústria utilizava táticas como a manipulação de mídias sociais através de inteligência artificial e o uso inadequado de ciência corporativa para influenciar a opinião pública e a política. O relatório pede “legislação robusta, fim do greenwashing e responsabilidade estrita” para combater os efeitos prejudiciais dessas estratégias nas políticas de mudança climática.
Em janeiro, a Oatly respondeu a uma série de notícias negativas sobre o leite de aveia, após publicações alegarem que a bebida era rica em açúcar e poderia causar deficiências nutricionais. A marca apontou que as comparações eram enganosas, com um artigo comparando a quantidade de açúcar naturalmente presente em um litro de leite de aveia à quantidade de açúcar refinado em uma barra de Mars. A Oatly acrescentou que nunca houve nenhuma evidência científica de que o leite de aveia cause deficiências.
No mesmo mês, Robbie Lockie, do Plant Based News, e a Freedom Food Alliance criticaram um artigo do Daily Mail que distorceu um estudo científico para afirmar que a proteína animal era necessária para um envelhecimento saudável. Na verdade, o estudo constatou que a proteína vegetal era mais benéfica.
“A mudança alimentar é a ação mais impactante que podemos tomar para melhorar a saúde do planeta”, disse a Dra. Shireen Kassam, diretora da PBHP UK. “Felizmente, não precisamos escolher entre um planeta habitável e nossa saúde. Uma mudança para uma dieta predominantemente ou exclusivamente plant-based pode trazer benefícios significativos à saúde, com estudos mostrando sua capacidade de adicionar anos saudáveis à vida.”
Confira a matéria publicada na vegconomist.
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