Se você opta por comprar produtos sustentáveis é bom ficar atento a prática de greenwashing, esse termo em inglês se traduz como “lavagem verde” ou “maquiagem verde”. É utilizado quando as empresas anunciam seus produtos como sustentáveis e ecológicos, mas não cumprem o que dizem. Ou seja, não passa de uma falsa promessa de sustentabilidade. 

O consumidor não tem culpa ao comprar produtos que façam isso, porém, é preciso se atentar a alguns sinais e evitar cair nessa cilada “verde”. 

Nesse contexto, o Instituto Brasileiro de Defesa do Consumir (IDEC) dá dicas importantes sobre o assunto e falaremos um pouco mais. 

  • Observar os selos e os ingredientes dos rótulos, se o produto tem um selo confiável já é um ponto para ele.
  • Verificar se o objeto/alimento enfatiza uma questão ambiental e não dá importância para outras — aqui é dado o exemplo do copo plástico que afirma economizar a água da lavagem da louça. Sabemos bem que isso não é uma sustentabilidade verdadeira. 
  • Veja se existem expressões vagas. O produto afirma ser sustentável, quais são os detalhes e atitudes que a empresa está tomando para ele ser ecológico? Se não tem explicação, há a possibilidade de não ser sustentável. 
  • Verificar se o produto está anunciando que não tem uma substância já proibida por lei, como o clorofluorcarbono (CFC). Aqui vale dizer mais: a empresa não é mais sustentável por seguir uma lei estabelecida. 
  • Sabe aqueles produtos que alegam ter menos plástico e, portanto, são mais sustentáveis? A afirmação pode ser verdadeira, mas o plástico continua sendo um grande problema ambiental. 
  • Verifique as mentiras, existem empresas que podem afirmar fazer o descarte seletivo e ignorar completamente essa promessa. Se possível, pesquise a empresa. 
  • Um design que auxilia o consumidor a achar que o produto é verde. Aqui é dado o exemplo da lâmpada com um certificado não oficial apontando haver a economia de energia. Por isso, é muito importante ir além da embalagem e fazer a pesquisa. 

Sabendo de tudo isso, você deve estar se questionando: o que fazer na prática? 

Aqui vão algumas dicas: veja os selos (aprenda sobre os selos confiáveis), tome cuidado com o marketing — procure informações além da embalagem e das conversas não fundamentadas — a exemplo dos produtos veganos, verifique se tem o selo ou peça provas concretas.

Além disso, se informe a respeito das políticas ambientais das marcas e não tenha receio de pedir por mais informação. Muitas empresas estão vivenciando um longo e complexo processo de transformação para se tornarem mais sustentáveis, com políticas de longo prazo que podem se tornar públicas em matérias de mídias confiáveis, como também, em seus relatórios institucionais.

Desse modo, o lançamento de um produto sustentável por uma marca conhecida por práticas não sustentáveis nem sempre é greenwashing, afinal, a empresa pode optar por começar um ciclo sustentável com a criação de um único produto.

A informação ajuda a verificar se a marca merece a devida credibilidade. 

Prática de greenwashing no veganismo 

Uma forma de se prevenir do greenwashing no veganismo é buscando os selos. 

Aqui no Vegan Business nós já falamos sobre os selos mais conhecidos. Existem os seguintes voltados ao veganismo: cerified vegan, vegan society e Certificado SVB Vegano, esse último é o selo brasileiro. Cada selo tem seu processo de aplicação próprio e há quem prefira um ou outro, por considerar mais confiável.

No entanto, se a empresa não tem um selo, uma ideia é verificar se eles estão aplicando para algum deles e pedir mais informações sobre o produto vegano que estão vendendo. Além disso, é sempre bom verificar os ingredientes utilizados, por exemplo, utilizando um aplicativo

Outrossim, quando se trata de produto vegano também é interessante verificar se a empresa pratica ou apoia alguma atividade que envolva crueldade animal. Dito isso, o ônus de buscar informação e decidir se compra ou não o produto recai sobre o consumidor.

Quantas empresas praticam greenwashing?

Nem todas as empresas pregam o que dizem, infelizmente isso é óbvio. 

Pensando nisso, o IDEC fez uma pesquisa analisando mais de 500 produtos de 5 grandes supermercados de São Paulo e Rio de Janeiro, entre dezembro de 2018 e fevereiro de 2019. 

As categorias dos produtos analisados eram utilidades domésticas (16%), higiene e cosméticos (67%) e produtos de limpeza (17%). 

O resultado foi que 243 produtos (48%) praticavam greenwashing, e a categoria que mais fazia esse tipo de propaganda enganosa era a de utilidades domésticas, com 75% dessa prática, seguida pelos produtos de limpeza, com 66%. 

Estes resultados demonstram o quanto a prática é comum e o quanto o consumidor precisa estar atento.

Mudanças no perfil do consumidor 

E por falar em sustentabilidade, uma pesquisa da Nielsen, do ano de 2019, também indicou uma mudança no perfil dos consumidores brasileiros, relatando que 42% estão mudando seus hábitos de consumo para reduzirem seu impacto no meio ambiente. 

Essa atitude dos consumidores é muito bacana, mas também dá uma pista da motivação das empresas que fazem greenwashing

Importância para ESG e a necessidade de compliance 

O termo ESG está em alta ultimamente, traduzido como ambiental, social e governança, define as empresas que buscam limitar seu impacto negativo nestas três esferas. 

Esses negócios adotam práticas responsáveis com relação ao meio ambiente e também a sociedade — remunerando igualmente homens e mulheres e agindo contra a corrupção, por exemplo — daí vem a importância de checar se negócios que se intitulam ESG realmente aderem a essas práticas, ou se apenas fazem o greenwashing

Dentro disso, o compliance ambiental ganha protagonismo, abrangendo práticas responsáveis por garantir o cumprimento das normas, leis, regras e regulamentos aplicáveis. 

Gostou de se informar sobre a prática de greenwashing? Aproveite e leia mais sobre sustentabilidade: 

Como ensinar sobre sustentabilidade para as crianças? 

Brechós: sustentabilidade em um mundo fast fashion

Sustentabilidade e Veganismo andam juntos? (e como não?)

*Imagem de capa: Pixabay

Por Amanda Stucchi em 14 de outubro
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