A Itália assume uma posição pioneira na União Europeia ao promulgar uma proibição abrangente da carne gerada em laboratório, uma decisão que ecoa os anseios dos fazendeiros locais. Francesco Lollobrigida, ministro da Agricultura italiano, expressa seu contentamento em relação à nova legislação, destacando-a como uma salvaguarda vital para a preservação da cultura e tradição agrícola da Itália. Paralelamente, o Brasil também considera implementar medidas semelhantes, com um projeto atualmente em fase de votação.

Esta ação coloca a Itália na vanguarda como o primeiro país do bloco da UE a proibir a produção e comercialização da carne cultivada em laboratório. O decreto, ratificado no Parlamento em Roma, fundamenta-se em preocupações potenciais sobre questões sanitárias e na determinação de salvaguardar os interesses dos criadores de gado. Enquanto os Estados Unidos e Singapura já deram luz verde para o consumo desse tipo de carne, Bruxelas ainda não deu a autorização necessária para sua comercialização no seio da comunidade europeia.

Em julho de 2023. o senado italiano, aprovou essa medida como parte de uma legislação mais ampla, que almeja não só preservar a tradição agrícola do país, mas também resguardar os interesses dos profissionais envolvidos na pecuária. Contudo, essa proibição tem sido alvo de intensos debates internos, dividindo opiniões entre defensores do livre mercado e aqueles que apoiam a interdição da produção de carne cultivada no país. Enquanto alguns advogam pela carne de laboratório como uma solução ética e ambientalmente viável, outros discordam.

O texto, liderado pelo ministro da Agricultura, Francesco Lollobrigida, não apenas proíbe a produção e venda de alimentos derivados de células ou tecidos animais, mas também restringe o uso do termo “carne” em produtos que contenham proteínas vegetais.

Apesar de celebrada por Lollobrigida como uma conquista, a relevância dessa lei é posta em cheque, considerando que a carne cultivada em laboratório foi aprovada apenas em Singapura e nos EUA. A União Europeia ainda não validou essa alternativa, rotulando-a como um “novo alimento”, o que pode levar a um questionamento da legislação italiana por parte da Comissão Europeia.

Essa decisão legislativa foi instigada pelo lobby do grupo Coldiretti e aclamada pelo ministro da Agricultura como um movimento que defende o sistema alimentar tradicional italiano e sua intrínseca relação com a terra e o trabalho.

Simultaneamente, no Brasil, o Deputado Federal Tião Medeiros (PP-PR) propôs um projeto de lei que almeja proibir várias etapas da produção e comercialização da carne cultivada em laboratório. Tal medida é justificada pela necessidade premente de proteger a indústria pecuária nacional, especialmente diante do contínuo crescimento do rebanho bovino, que ultrapassou a marca de 234,4 milhões de cabeças em 2022, superando numericamente a população humana no país.

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Por Vitor Di Renzo em 20 de novembro
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