O AgFunder é uma empresa de venture capital que investe em foodtechs e agtechs, cunhou o termo agrifoodtech visando definir a inovação na cadeia de suprimentos alimentícios e acreditando que a interconectividade da cadeia de suprimentos exige, cada vez mais, uma visão mais holística do sistema alimentar e agrícola. A novidade é que a empresa explorou em uma pesquisa os investimentos no setor de agrifoodtech.
Segundo o Crunchbase, plataforma onde se encontra informações comerciais sobre empresas privadas e públicas, os investimentos de risco bateram um recorde no ano fiscal de 2021, chegando a um total de US$ 643 bilhões, fazendo uma comparação, o valor quase dobrou: era US$ 335 bilhões em 2020, além de ter aumentado dez vezes em uma década.
Pensando especificamente no setor de agtech e foodtech, o relatório do AgFunder demonstrou que foram registrados US$ 51,7 bilhões em investimento de risco para essas startups em 2021, representando um aumento de 85% em relação a 2020 (US$ 27,8 bilhões).
A metodologia utilizada no estudo se baseou em algoritmos avançados de machine learning e inteligência artificial, sendo que os dados brutos vieram da plataforma Crunchbase, além disso, a AgFunder contribuiu com dados de métodos de coleta própria como comunicação com investidores e empresas, bem como dados de parceiros.
Investimentos no setor de agrifoodtech
O AgFunder apontou em seu relatório algumas das principais categorias de investimento agroalimentar, considerando os deals por categoria. As cinco primeiras são:
eGrocery — 35,8%
Lojas on-line e marketplace para venda e entrega de produtos agrícolas processados e não processados.
Alimentos inovadores — 9,3%
Aqui foram consideradas a carne cultivada, novos ingredientes e as proteínas à base de plantas.
Infraestrutura de varejo em nuvem — 9,3%
Tecnologias para ghost kitchen e robôs de delivery e serviços.
Varejo in-store & restaurant tech – 8,2%
Aqui tem robôs empilháveis, impressoras 3D de alimentos, monitoramento de desperdício de alimentos utilizando internet das coisas e sistema point of sale.
Tecnologias Midstream — 7,3%
Tecnologias de segurança alimentar e rastreabilidade, logística e transporte e tecnologias de processamento.
A empresa afirmou que todas as categorias tiveram ganhos de investimento, mas a que teve crescimento mais rápido fora do eGrocery foi o setor de alimentos inovadores com 103% no cálculo de taxa homóloga (year over year) utilizado para fazer a comparação entre dois períodos iguais em anos diferentes. Os segmentos que seguiram essas categorias foram: restaurantes e kits de refeições on-line (102%) e infraestrutura de varejo em nuvem (97,5%).
Os motivos para isso, conforme o AgFunder, foram as respostas dos consumidores e investidores frente à pandemia do coronavírus, pois as pessoas buscavam soluções sem contato para os supermercados e refeições convenientes, além de opções de alimentos alternativos por conta das preocupações com doenças zoonóticas e a cadeia de suprimentos atingida.
Categoria de alimentos inovadores
Na categoria de alimentos inovadores, alguns dos maiores investimentos foram nas empresas:
- Impossible Foods (US$ 500 milhões)
- Nature’s Fynd (US$ 350 milhões)
- Perfect Day Foods (US$ 350 milhões)
- Future Meat Technologies (US$ 347 milhões)
- The Not Company (US$ 235 milhões)
A Fazenda Futuro, foodtech brasileira de carne plant-based, também apareceu na lista com a rodada de US$ 58 milhões, por sua última rodada da Série C realizada no final do ano passado.
A empresa já está presente em 25 países, tendo sido homenageada no World Changing Ideas Awards da Fast Company na Edição de 2020, onde foram representadas as empresas com o tipo de pensamento inovador que auxiliaria o mundo a se recuperar e a se reconstruir.
Para ler o relatório completo acesse: 2022 AgFunder AgriFoodTech Investment Report (em inglês)
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*Imagem ilustrativa de capa: Unsplash