A Europa tem potencial para se tornar um líder mundial na produção de alimentos feitos através da fermentação de precisão. De acordo com um novo relatório divulgado pelo Good Food Institute (GFI) e pela Integration Consulting, o continente detém quase 50% da capacidade global de fermentação.

Segundo o relatório, das 89 empresas localizadas em todo o mundo, 47% estão na Europa e 34% nos Estados Unidis, 48 são produtores com capacidade de fabricação interna e 41 são CMOs exclusivos de alimentos (não farmacêuticos ou industriais). Além disso, a capacidade global de fabricação de produtos derivados da fermentação é de aproximadamente 16 milhões de litros.

Fermentação de precisão

Um relatório da Global Climate Solution destaca e analisa o setor de micélio e fermentação microbiana, mostrando desafios e avanços em alimentos alternativos.

Segundo Charlotte Lucas, gerente sênior de engajamento corporativo da GFI Europe: “As empresas europeias têm liderado o caminho no desenvolvimento de produtos inovadores por meio da fermentação, capazes de alimentar nossa crescente população. Este relatório mostra como o governo e os investimentos da indústria podem potencializar ainda mais essa tendência sustentável.”

Capacidade de produção

O estudo indica que a atual capacidade da indústria global de fermentação não é suficiente para atender ao aumento esperado na demanda dos consumidores. As instalações de fabricação existentes não possuem o tamanho e as capacidades técnicas necessárias para suportar o crescimento projetado.

Os autores sugerem que as empresas devem considerar diferentes estratégias, como parcerias com organizações de fabricação, novas instalações ou a adaptação de locais já existentes. Através da adaptação de instalações existentes, como cervejarias ou fábricas de iogurte, que possuem equipamentos semelhantes, as empresas podem expandir sua capacidade. Isso pode reduzir os custos em até 70%, e encurtando os prazos de entrega para apenas seis meses.

O estudo também destaca que muitos participantes do setor são startups que necessitam de apoio financeiro para realizar a transição para a fase de aumento da produção e comercialização, evitando assim o chamado “Vale da Morte”, onde muitas startups enfrentam dificuldades financeiras antes de alcançarem a sustentabilidade.

Papel dos governos

O relatório enfatiza a necessidade dos governos em investir em Pesquisa e Desenvolvimento (P&D) e infraestrutura para impulsionar a produção de ingredientes e alimentos fermentados, visando alcançar as metas climáticas estabelecidas no Acordo de Paris. Um estudo publicado na Nature revelou que a substituição de 20% da carne bovina mundial por carne de fermentação, reduzir pela metade o desmatamento global. Além disso, de acordo com a Quorn, suas alternativas de carne têm uma pegada de carbono 70% menor do que a do frango.

A fermentação de precisão oferece a possibilidade de fornecer carne de forma sustentável, ao mesmo tempo em que oferece aos agricultores oportunidades. À medida que ondas de calor e secas cada vez mais intensas afetam os rendimentos da agricultura convencional, é crucial que líderes da indústria, cientistas e formuladores de políticas trabalhem em conjunto para expandir esse setor o mais rapidamente possível. Dessa forma, podemos impulsionar soluções sustentáveis para enfrentar os desafios climáticos globais.

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Imagem ilustrativa de capa: Pexels

Por Ana Cristina Gomes em 21 de julho
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