A Enifer, uma empresa finlandesa que transforma resíduos da indústria alimentícia e de celulose em um produto inovador de micoproteína chamado PEKILO®, captou um total de €36 milhões em novos investimentos. Esse investimento inclui €15 milhões de rodada série B liderada pela Taaleri Bioindustry, um empréstimo de €7 milhões do Fundo Climático Finlandês, um empréstimo de €2 milhões da Finnvera e uma subvenção de €12 milhões da Business Finland.

Os fundos serão usados para expandir as operações da Enifer e construir uma fábrica de micoproteína em grau alimentício na vila finlandesa de Kantvik. A empresa afirma que essa será a primeira planta comercial do mundo a produzir um ingrediente de micoproteína a partir de matérias-primas de fluxos laterais, com previsão de conclusão em 2025.

Revivendo a história

A produção de micoproteína — um tipo de proteína derivada de fungos — geralmente envolve alimentar um fungo com uma mistura de açúcar, resultando em uma massa que pode ser utilizada como base para produtos alimentícios. Marcas como a Quorn, por exemplo, usam micoproteína para criar alternativas de carne vegetariana.

O processo da Enifer utiliza resíduos das indústrias de papel e alimentícia, em vez de açúcar, reciclando esses materiais para produzir sua micoproteína inovadora. A empresa espera fornecer micoproteína de grau alimentício para fabricantes de alimentos utilizarem em produtos veganos.

A Enifer planeja solicitar a aprovação de novos alimentos na Europa e possivelmente em Singapura ainda este ano, o que permitiria a venda de seu produto para consumo humano. Espera-se uma decisão até 2026. Enquanto isso, a empresa está focada na alimentação animal, incluindo rações para piscicultura na indústria de aquicultura.

Usos da micoproteína

O uso da micoproteína depende da indústria de onde provêm os materiais alimentares: “Dependendo do fluxo lateral, podemos produzir uma proteína de grau alimentício — por exemplo, estamos trabalhando com a indústria de laticínios ou de amido, cujos subprodutos podem ser convertidos em produtos de grau alimentício — enquanto da indústria de celulose ou de biocombustíveis, estaríamos produzindo proteína para nutrição animal”, diz o CEO e cofundador Simo Ellilä.

Expansão da produção de micoproteína

A maior parte dos novos fundos será destinada ao desenvolvimento de uma fábrica maior para produção de micoproteína em nível comercial, afirma Ellilä. Estima-se que custará cerca de €33 milhões para colocar a fábrica em operação. Atualmente, a empresa consegue produzir cerca de 5 kg de produto por dia, mas a nova instalação permitirá a produção de 500 kg por hora. Quando começar a operar em 2026, a Enifer planeja aumentar a produção para 3.000 toneladas de micoproteína por ano, o suficiente para atender às necessidades proteicas anuais de cerca de 40.000 pessoas.

A localização da nova fábrica foi escolhida por motivos práticos. “Está próxima ao mar, o que é importante — não apenas pela vista, mas porque o processo de fermentação necessita de muito resfriamento”, explica Ellilä. O espaço industrial onde a Enifer se instalará já utiliza água do mar para resfriar os equipamentos.

Embora a construção dessa fábrica seja o próximo grande marco da empresa, Ellilä já está pensando em projetos futuros. “Trata-se realmente de aumentar e escalar a produção, porque esperamos que esta fábrica seja a primeira de muitas. Nos bastidores, estamos trabalhando em várias fábricas futuras, muitas das quais serão construídas em parceria com outras empresas. Iniciar esses projetos o quanto antes é uma grande tarefa para nós.”

Enraizada na história

A micoproteína que a Enifer produz é inovadora, mas o processo que utiliza tem raízes na história finlandesa. O uso de fluxos laterais da indústria de celulose e papel para produzir proteínas foi desenvolvido nas décadas de 1960 e 1970 e utilizado por mais de 15 anos para fazer micoproteínas para ração.

No entanto, quando a indústria de papel mudou os materiais usados no processo de produção, os fluxos laterais também mudaram. Além disso, a empresa de engenharia que fornecia o know-how faliu durante a depressão econômica dos anos 90, e o processo foi descontinuado. “É curioso como isso foi esquecido”, diz Ellilä. “Estudamos biotecnologia na Finlândia e nunca tínhamos ouvido falar disso.”

A Enifer está revivendo o processo graças a um diretor de pesquisa que se lembrou da história e sabia o suficiente sobre o processo para ajudar Ellilä e seu cofundador a entender como funcionava. “Estamos basicamente retomando de onde essas pessoas pararam, modernizando esse processo único e relançando-o para atender a novos mercados”, conclui Ellilä.

Leia também:

Saiba como as proteínas podem ajudar na sua rotina noturna

Peruvian Veef capta US$ 320 mil e visa expansão na América Latina

Festival de Cannes proíbe carne bovina para reduzir pegada de carbono

Por Vitor Di Renzo em 24 de maio
Faça parte da comunidade da Vegan Business no WhatsApp: Notícias | Investidores