A preocupação com as mudanças climáticas atingiu um ponto crítico, com cientistas de renome mundial apelando por uma transformação global urgente em nossos hábitos alimentares e sistemas de produção de alimentos. Um estudo recente, publicado na conceituada revista científica Heliyon, destaca uma série de soluções “negligenciadas” que poderiam desempenhar um papel vital na luta contra o aquecimento global. O coautor do estudo, Professor Andrew Knight, alerta: “Nosso planeta está em estado de emergência, e temos apenas um curto período de 7 a 8 anos para implementar mudanças significativas e evitar uma crise climática global.”
Os autores desse estudo argumentam que a mudança para dietas baseadas em vegetais, a eliminação da pecuária industrializada em nível global e a padronização das métricas de mudanças climáticas são medidas eficazes para reduzir o aquecimento global. Uma das descobertas mais impactantes do estudo é a afirmação de que a remoção de animais do sistema alimentar poderia compensar 68% das emissões globais de gases de efeito estufa (GEE).
No entanto, o estudo também ressalta que, para evitar uma crise climática global irreversível, causada pela atividade humana, é fundamental que comunidades, empresas, governos e cidadãos globais mudem sua mentalidade e comportamento em relação às escolhas alimentares, de modo a causar um impacto significativo.
A Agricultura Animal e sua Necessidade Questionada
Os cientistas destacam que os dados disponíveis indicam de forma clara que a crise climática global só vai piorar caso não transformemos nosso sistema alimentar, que atualmente é altamente centrado em produtos de origem animal. “A pecuária não é necessária, nem sustentável, para alimentar a crescente população global”, afirma a autora principal do estudo, Svetlana V. Feigin, do All Lives Institute.
Uma das propostas dos autores é o fim dos subsídios governamentais para a produção de carne, laticínios e ovos, a fim de permitir a transição longe da pecuária industrializada. Além disso, sugerem a implementação de impostos sobre produtos de origem animal para externalizar os custos que atualmente são transferidos para os contribuintes, governos, sociedades e gerações futuras.
A Estratégia Abrange Rigor na Legislação de Bem-Estar Animal
A estratégia para enfrentar a crise climática não se restringe apenas à alteração dos hábitos alimentares, mas também inclui medidas que envolvem legislação mais rigorosa sobre o bem-estar animal e o desinvestimento na pecuária industrializada.
Os autores enfatizam a necessidade de uma abordagem “Toda a Vida” que reconheça a profunda interligação entre humanos, animais e plantas com a saúde do planeta como um todo. Eles argumentam que ao mudarmos de um paradigma centrado no ser humano para um paradigma centrado na Terra, podemos proteger o futuro de toda a vida no planeta.
A Inação não é uma Opção
A gravidade da situação é sublinhada pela autora Svetlana V. Feigin, que adverte sobre as consequências da inação: “Estamos ficando sem tempo para mudar nosso curso atual e implementar mudanças significativas que terão um profundo impacto no bem-estar futuro do planeta e de todos os seus habitantes. A inação resultará em uma situação de mudanças climáticas irreversíveis, com fome generalizada, doenças, devastação global, refugiados climáticos e conflitos decorrentes da escassez de recursos.”
O Dr. Andrew Knight também destaca a importância vital de uma transição global para dietas baseadas em vegetais: “Se quisermos ter esperanças realistas de combater as mudanças climáticas e preservar a biodiversidade, então simplesmente temos que adotar estilos de vida que consumam menos recursos do planeta. As dietas à base de plantas podem ter um impacto positivo significativo e são uma solução viável e acessível. Elas podem ser amplamente adotadas imediatamente, sem a necessidade de desenvolvimento de novas tecnologias ou custos significativos. Pelo contrário, podem até reduzir os custos para a sociedade.”
Em suma, a pesquisa científica destaca a urgência de uma mudança global para dietas à base de plantas e a redução da dependência da pecuária industrializada. Essas ações são vistas como cruciais para evitar uma crise climática irreversível que ameaça o futuro do nosso planeta e de todas as formas de vida que nele habitam. Portanto, a chamada à ação é clara: é hora de repensar nossos hábitos alimentares e sistemas de produção de alimentos antes que seja tarde demais.
Imagem de capa: Unsplash
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