Em busca de alternativas saudáveis ao açúcar, pesquisadores do Instituto Fraunhofer de Biologia Molecular e Ecologia Aplicada, na Alemanha, criaram um adoçante revolucionário, 10 mil vezes mais doce que o açúcar convencional. Desenvolvido no projeto NovelSweets, o ingrediente é produzido por fermentação microbiana e promete substituir grandes quantidades de açúcar sem alterar o sabor dos alimentos e bebidas.
X3: uma proteína doce e inovadora
O adoçante, chamado X3, é baseado em proteínas doces, moléculas naturais presentes em plantas e frutas, como a proteína brazzeína encontrada no fruto africano Oubli. Embora a brazzeína seja de 500 a 2.000 vezes mais doce que o açúcar, sua extração em larga escala é limitada, devido à localização remota de suas fontes e ao baixo rendimento do processo.
Para superar esses desafios, os cientistas modificaram geneticamente a brazzeína para otimizar estabilidade, doçura e sabor, eliminando efeitos desagradáveis, como sensação áspera na garganta. A produção ocorre por fermentação: genes da proteína são implantados em leveduras, que a replicam em biorreatores. Após purificação e secagem, o adoçante ganha sabor semelhante ao mel.
“X3 impressiona pelo sabor superior aos adoçantes artificiais disponíveis, sem calorias ou impacto no açúcar no sangue”, afirma Stefan Rasche, pesquisador do projeto.
Uma solução para reduzir o consumo de açúcar na Alemanha
A Alemanha é um dos maiores consumidores de açúcar na Europa, o que contribui para o aumento de doenças crônicas. Cerca de metade da população está acima do peso, e 10% dos alemães têm diabetes, principalmente do tipo 2.
Desde 2018, o governo alemão busca reduzir açúcares, gorduras e sal nos alimentos processados, visando diminuir o teor de açúcar em cereais infantis, refrigerantes e laticínios adoçados. Apesar de esforços voluntários da indústria de bebidas, os avanços têm sido insuficientes. Dados recentes levaram o governo a estabelecer novas metas para fabricantes até o final de 2024.
O projeto NovelSweets colabora diretamente com empresas como a MetaX Institut für Diätetik e a Candidum, especialista em otimização de enzimas. Inicialmente, o X3 será testado em bebidas, como pós proteicos com cacau. Antes da comercialização, no entanto, o processo de fabricação ainda precisa ser aprimorado e validado.
Mercado de adoçantes enfrenta desafios e controvérsias
O desenvolvimento de proteínas doces como o X3 surge em meio a um mercado de alternativas ao açúcar avaliado em US$ 7 bilhões, mas repleto de controvérsias. Adoçantes como aspartame foram classificados como possíveis carcinógenos pela Organização Mundial da Saúde (OMS), enquanto o eritritol foi associado a riscos cardiovasculares.
Pesquisas também sugerem que impostos sobre bebidas açucaradas poderiam prevenir cerca de 250 mil casos de diabetes tipo 2 na Alemanha, além de economizar até €16 bilhões em custos econômicos ao longo de duas décadas. O X3 representa um passo significativo para atender à demanda por opções saudáveis e alinhadas às metas nutricionais globais.
Confira a matéria publicada no Green Queen.
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