A Celleste Bio, uma startup focada em tecnologia de cacau, captou US$ 4,5 milhões em uma rodada inicial para expandir a produção de ingredientes de cacau cultivados em laboratório destinados à indústria alimentícia.
A rodada foi liderada pela Supply Change Capital, com participação do braço de capital de risco da Mondelēz International, SnackFutures Ventures, além de Consensus Business Group, Barrel Venture Partners, The Trendlines Group e Regba Agriculture.
Os recursos serão utilizados para fortalecer as áreas de pesquisa e desenvolvimento, infraestrutura e capacidades tecnológicas da empresa, permitindo que a Celleste Bio alcance a escala comercial necessária.
Produção sustentável para um mercado em expansão
Michal Beressi Golomb, CEO da Celleste Bio, destacou a urgência de soluções sustentáveis no setor: “As mudanças climáticas e as práticas agrícolas tradicionais estão esgotando nossas florestas tropicais, criando desafios ambientais e financeiros sem precedentes para atender à demanda de uma indústria de chocolate avaliada em US$ 100 bilhões — e em constante crescimento. Este financiamento nos oferece o suporte financeiro e estratégico necessário para acelerar o desenvolvimento de nossos produtos, a escalabilidade e a prontidão comercial.”
Fundada em 2022 por Hanne Volpin (CTO), Orna Harel, Avishay Levy e Daphna Michaeli, com o apoio do grupo The Trendlines, a Celleste Bio busca criar uma alternativa sustentável para o fornecimento de cacau, um setor fortemente impactado pelas mudanças climáticas.
A indústria enfrenta grandes desafios ambientais, incluindo desmatamento e aumento dos preços do cacau, impulsionados por uma demanda crescente — o setor de chocolate cresce a uma taxa superior a 10% ao ano.
Cultivo em ambientes controlados durante todo o ano
A startup desenvolveu uma plataforma que combina cultivo celular vegetal e inteligência artificial para produzir cacau natural em biorreatores, de forma independente do clima e sem necessidade de grandes áreas de terra. O processo começa com células extraídas de grãos de cacau, que são multiplicadas em um ambiente controlado, alimentadas por uma solução rica em nutrientes.
Segundo a Celleste Bio, apenas uma vagem de cacau é suficiente para produzir uma tonelada de manteiga de cacau. “Extraímos células de 1 a 2 grãos e as cultivamos em um ambiente controlado com água e nutrientes. Esse ciclo se repete continuamente, sem necessidade de abrir outra vagem. Nossa tecnologia permite produzir cacau em qualquer lugar do mundo, garantindo o futuro do fornecimento para atender à crescente demanda de uma indústria avaliada em US$ 16 bilhões”, explica a empresa em seu site.
Reconhecimento e apoio de investidores
Os investidores destacaram a relevância de soluções sustentáveis para o setor. A Supply Change Capital reforçou a urgência de inovações como essa, enquanto o fundo Trendlines Agrifood vê a Celleste como um exemplo de transformação no sistema agrícola global.
Richie Gray, vice-presidente e chefe global da SnackFutures Ventures da Mondelēz International, comentou: “Embora ainda em estágio inicial, a Celleste tem grande potencial como tecnologia complementar às práticas agrícolas tradicionais. A combinação de sua tecnologia com nossa expertise única pode redefinir os limites do possível na construção de uma cadeia de fornecimento de cacau sustentável.”
Gray também destacou os desafios da cadeia de suprimentos enfrentados pela Mondelēz, uma das maiores produtoras de chocolate do mundo, conhecida por marcas icônicas como Milka, Cadbury e Toblerone. “Estamos cientes da importância de superar esses desafios para produzir nossos chocolates enquanto geramos impactos positivos nos negócios, consumidores e no meio ambiente.”
Confira a matéria publicada no vegconomist.
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