Muitas dúvidas surgem quando falamos sobre carne de laboratório. Afinal, do que ela é feita? Como é o gosto? E é possível criar carne em laboratórios?

Contudo, apesar de o tema ainda ser um pouco desconhecido para várias pessoas, existem muitas empresas lucrando bastante neste mercado. Além disso, já existem estudos que comprovam que a carne de laboratório deve fazer parte do futuro.

Se quisermos um futuro mais saudável, com mais qualidade de vida e que seja melhor para as próximas gerações, devemos investir na carne de laboratório. Mas antes disso, vamos nos aprofundar melhor sobre o que é a carne de laboratório?

Afinal de contas, o que é a carne de laboratório?

A carne artificial, que também é conhecida como carne sintética ou carne de laboratório, é um material de origem não animal produzido por meio de tecnologias de bioengenharia. O intuito disso é o de fabricar um sistema alimentar mais saudável, sustentável e ético.

A carne de laboratório pode ser cultivada de duas formas diferentes:

  • Através de soro fetal modificado geneticamente;
  • Ou por células reais, como músculo e gordura de origem animal.

É igual à carne normal?

As técnicas utilizadas para produzir a carne de laboratório combinam materiais e células, fazendo com que ela seja idêntica à carne convencional.

Por isso, veremos ao longo do texto que existem justificativas mais do que plausíveis para não consumirmos a carne de origem animal e a substituirmos pela carne de laboratório.

Por que estão produzindo carne de laboratório?

Ao pensarmos em carne sintética, é normal nos perguntarmos o porquê de necessitarmos de uma nova alternativa. Por isso, é relevante falarmos sobre os motivos de precisarmos de um sistema alimentar mais sustentável.

Por que não devemos consumir carne de origem animal? A resposta é simples, porém, possui várias motivações ao mesmo tempo.

Geralmente, a decisão de parar de comer carne é política. Isso significa que as pessoas que discordam com a maneira que a indústria produz carne, suspendem o seu consumo.

Segundo a Sociedade Vegetariana Brasileira, a SVB, a população se torna vegetariana para:

Preservar o meio ambiente

A demanda global por carne impulsionou o desmatamento no mundo inteiro.

A fonte dessa informação é o relatório anual da Fleischatlas, publicado pela Fundação Heinrich Böll e Friends of the Earth Europe, que visa divulgar os impactos da indústria agropecuária no planeta.

De acordo com a apresentação de 2021, a procura por carne bovina é uma das principais causas da devastação do meio ambiente.

A cadeia de produção de carne bovina desmata terras para cultivar soja e alimentar rebanhos de gado. A WWF informa que cerca de 79% da soja mundial vira ração animal, enquanto somente 18% são destinados para o consumo humano.

Dados do Imazon (Instituto do Homem e Meio Ambiente na Amazônica) apontam que o desmatamento da Floresta Amazônica cresceu 29% em 2021, sendo o pior número em 10 anos.

A situação da Amazônia é grave e preocupa especialistas no mundo todo. Portanto, para continuarmos vivendo no Planeta Terra, é crucial reverter esse cenário.

Viver um estilo de vida mais ético

Ainda conforme a SVB, são abatidos mais de 10 mil animais terrestres por minuto no Brasil para fabricarem carnes, ovos e leite.

A maior parte dos animais são bois, vacas, frangos e porcos. E assim como seres humanos, os animais são seres sencientes, ou seja: são capazes de perceberem e sentirem.

Dessa forma, parar de comer carne é priorizar o bem-estar dos bichos e deter a crueldade contra os animais.

Ter mais saúde

Já existem vários estudos que provam os benefícios dos produtos de origem vegetal a saúde.

A ingestão de carne, especialmente bovina, está conectada ao aumento de doenças crônicas e degenerativas. São condições como a obesidade, hipertensão, diabetes, cardiopatia isquêmica, dislipidemias e alguns tipos de câncer.

Muitas pessoas argumentam que necessitam da carne para adquirirem as proteínas do alimento. Entretanto, substituir a carne animal é muito mais simples do que possa parecer.

Ademais da própria carne de laboratório, o feijão, a lentilha cozida, a soja, ervilhas e o grão de bico são ótimos substitutos para continuar ingerindo proteína. Por fim, o custo por quilo desses alimentos é mais barato do que o da carne bovina.

Contribuir com a sociedade e com a sustentabilidade

A pecuária colabora significativamente com o desperdício de alimentos.

Para continuar com a cadeia de produção desses alimentos, existem aproximadamente 2 a 10 quilos de proteína vegetal para a cada 1 kg de carne.

Vale ressaltar que vivemos em um mundo onde quase 1 bilhão de pessoas passam fome ou vivem em situação de insegurança alimentar. Sendo assim, perdemos comida que poderia servir de alimento para milhões de pessoas, o que torna o contexto inaceitável.

E como se não bastasse, o cultivo de carne corrobora com o uso excessivo de água potável. Em média, no mundo inteiro usam-se 15,4 mil litros de água para 1 quilo de carne.

Do mesmo modo, resíduos de origem animal, como ossos e restos de animais, originam enormes quantias de lixo.

À vista de tudo isso, muitas pessoas optam pelo vegetarianismo. Ainda assim, é bom destacar que existem algumas divisões dentro desse grupo.

Hoje em dia, temos 4 principais tipos de perfis dentro do vegetarianismo, sendo:

Ovolactovegetarianos: são aqueles que ainda consomem ovos, leite e laticínios em sua dieta alimentar;

Lactovegetarianos: sendo aqueles que usufruem de leite e laticínios no seu cardápio;

Ovovegetarianos: refere-se aos que comem ovos na sua alimentação;

E vegetarianos estritos: que não se nutrem de nada que venha de origem animal.

E qual é a diferença para quem é vegano?

Os veganos são aqueles que, sempre que possível, buscam excluir todas as formas de exploração animal do seu dia-a-dia. Isso pode acontecer através da alimentação, do vestuário, ou de qualquer outra esfera de consumo.

Com isso, concluímos que ser vegano é um modo de viver que transforma por completo a relação tudo que comemos, usamos e apoiamos.

Agora que você já sabe mais sobre os diferentes tipos de vegetarianismo e sobre as razões de cessar pela ingestão da carne, voltamos o assunto carne de laboratório.

Muitas pessoas possuem dúvidas em relação à carne artificial. Por exemplo:

Como é feita a carne de laboratório? Entenda como ela é produzida!

O processo para gerar a carne de laboratório consiste em retirar células do animal em uma biópsia indolor e nutrir essas substâncias até que criem um tecido muscular. Esse tecido é o principal componente consumido da carne animal.

Ao modo em que o tecido será formado, teremos um material igual ao da carne normal. O sabor e a textura dependem da expertise do laboratório responsável por criar a carne de laboratório e da qualidade de vida que o animal teve.

Porém, já temos empresas no ramo que demonstraram resultados bastante positivos, como a Future Meat Technologies, que é uma food-tech nascida em Israel.

Além de tudo, a pesquisadora do Cefet-MG, Aline Bruna da Silva, disse para o Estado de Minas que “o desenvolvimento de novas tecnologias do setor é uma questão de sobrevivência”.

Quais são as vantagens e desvantagens da carne de laboratório?

A geração da carne de laboratório coopera drasticamente com a natureza e com os seus ecossistemas espalhados pelo planeta. Isso ocorre porque a formação da carne de laboratório tem o poder de mudar alguns comportamentos, tais como:

O jeito como usamos energia

A execução da carne animal divide a criação de bovinos em fazendas, enquanto aves e suínos são gerados em granjas.

Em ambas circunstâncias, o abate é feito de maneira generalizada mediante o uso de máquinas. Por conta disso, uma alta quantia de energia é gasta.

Em contrapartida, como possibilidade sustentável, temos o desenvolvimento de energia solar que pode ser feito por intermédio de tecnologias distintas. De qualquer jeito, o objetivo é o de captar luz solar e convertê-la em energia.

A relação com a utilização da água

Como dito acima, a proporção de água usada para limpar uma pequena quantia de água é imensa.

Do total de água disponível no mundo, 97% são de água salgada e estão nos mares e oceano. Enquanto isso, apenas 3% representa a quantidade de água doce.

Para piorar, 2% desses 3% estão em estado sólido nas geleiras, o que torna essa quantidade indisponível para consumo no momento.

O 1% de água doce que está à disposição se encontra em lagos e rios. Porém, grande parte dessas fontes vem sendo contaminada com a atividade humana.

Diante disso, vemos que é mais que urgente economizar água.

Menos terras ocupadas

Atualmente, utiliza-se um vasto espaço para o cultivo de soja destinado aos animais. Diante disso, a redução da ingestão de carne provocaria menos desmatamento no mundo.

E em consequência, teremos mais conservação da fauna e da flora do planeta.

Redução da emissão de gases de efeito estufa

Os gases de efeito estufa são gases que absorvem uma parte dos raios solares e os repartem pela atmosfera, dificultando o seu escape pelo espaço. Esse fenômeno aquece o Planeta Terra, e consequentemente, gera o efeito estufa.

A temperatura média da Terra aumentou. E embora não pareça tão preocupante, é suficiente para causar mudanças climáticas expressivas.

O acréscimo da temperatura global provoca o derretimento de gigantes massas de gelo polares, o que interfere na biodiversidade ao levar múltiplas espécies à extinção.

No mais, teríamos a amplificação de desastres naturais, com mais chances de furacões, tufões e ciclones. Da mesma forma, veríamos aumento do nível do mar, secas mais frequentes e problemas na manufatura de alimentos devido a ausência de chuvas.

Desse modo, consumir carne de laboratório pode evitar esse cenário.

Em compensação, até agora, existem algumas incertezas ao redor da carne artificial. Em resumo, o maior obstáculo para a carne sintética é a falta de incentivo.

A produção da carne de laboratório poderia ter custos bem mais baixos se houvesse o crescimento da fabricação em larga escala. Contudo, pela falta de investimento, os processos acabam sendo mais caros e demorados.

Como resultado, as despesas se refletem no preço dos produtos e uma ampla parte da população não tem acesso à essas opções.

Existe carne de laboratório no Brasil?

O primeiro hambúrguer feito de carne de laboratório, em 2013, teve um custo altíssimo. De lá para cá, houveram diversos aprimoramentos na tecnologia para gerar o alimento.

Apesar dos avanços no segmento, a carne de laboratório chegou ao mercado em 2021. E na mesa dos brasileiros, ela deve chegar entre 2024 e 2025.

Empresas como a BRF e a JBS, gigantes do ramo alimentício, já possuem propostas para a carne sustentável. É útil lembrar que a BRF cuida de corporações como a Sadia e a Perdigão, e a JBS é responsável por marcas como Swift, Seara e Friboi.

Ademais, entre os entusiastas da carne de laboratório, evidenciamos Bill Gates. Para ele, a produção de carne sintética pode impedir uma catástrofe ambiental.

Além de Bill Gates, grandes corporações como a NASA têm se empenhado em criarem soluções para evitarem a devastação do meio ambiente. Ambos, investiram na Nature’s Fynd, cuja proposta é a de criar carne a partir de um fungo encontrado na floresta de Yellowstone, na Califórnia (EUA).

De resto, temos algumas food-techs empenhadas com alimentos de origem vegetal, como a Fazenda Futuro, No Bones — The Vegan Butcher Shop e a Beleaf.

Enquanto a carne de laboratório não está ao nosso dispor, é válido prestar atenção nas corporações plant-based.

Conclusão

A carne de laboratório pode ser considerada um passo muito significativo para a sociedade.

A carne cultivada é um produto de alta tecnologia que tem potencial para ser ecologicamente e moralmente responsável. Contudo, vale ressaltar que ela só pode se tornar uma alternativa à carne tradicional conquistando o mercado mundial, ou seja, com preço acessível para o consumidor e lucrativo para o produtor, o que exige técnicas de produção de alto volume e baixo custo.

Também é importante lembrar que o alto consumo de carne é prejudicial não apenas ao meio ambiente, mas também à  saúde humana. Nesse contexto, para alcançar uma alimentação sustentável e saudável, é essencial melhorar a informação e a educação para estimular um debate informado sobre a questão crucial do consumo de carne.

E se você está pensando em parar de comer carne: por que não começar pequeno?

Ao invés de cortar tudo de origem animal da sua alimentação, tente ao menos reduzir. Ao passo em que você for avançando, você pode tentar restringir outros produtos, como ovos, leite ou laticínios.

Repensar os nossos hábitos, comportamentos e aceitar a mudança para aquilo que não faz mais sentido é o melhor movimento que podemos oferecer a nós mesmos, e nesse caso, ao nosso planeta.

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*Imagem de capa: Unsplash

Por Thais Montenegro em 8 de agosto
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