Hoje é o Dia do Nutricionista! Para homenagear esses profissionais que nos ajudam a ter um estilo de vida saudável, mostrando os alimentos que devemos priorizar na alimentação, entrevistamos Alessandra Luglio (@aleluglio). 

Ela é uma nutricionista formada na Universidade de São Paulo (USP), diretora do departamento de campanhas da Sociedade Vegetariana Brasileira, e é embaixadora no Brasil da Fundação Italiana BCFN — Barilla Center for Food and Nutrition (centro de pensamento multidisciplinar que atua com a sustentabilidade alimentar). 

Além disso, tem a própria empresa, chamada de Ale Luglio Nutrição, que presta consultoria para empresas do setor alimentício. Também dá palestras nas áreas de nutrição consciente, esporte, vegetarianismo e sustentabilidade, e é apresentadora do podcast Me Venha com Abobrinhas. 

Pronto para aprender com essa incrível profissional? 

Vegan Business: Como você se tornou vegana? 

Alessandra Luglio: Há cerca de 10 anos, por descontentamento e vontade de mudar meus hábitos, passei a estudar sobre dietas vegetarianas e embasei minha escolha de não compactuar com a crueldade animal.

Indo além, passei a entender sobre os impactos ambientais das escolhas alimentares e os estudos me comprovaram os benefícios para a saúde de eliminar todos os alimentos de origem animal. Foi um pulo para me tornar vegana. 

VB: De que forma o veganismo impactou sua trajetória profissional? 

AL: O veganismo impactou fortemente minha trajetória profissional. 

Assumi em 2015 que não trabalharia para nenhum projeto que envolvesse ingredientes de origem animal. 

No consultório, pelo fato de publicamente defender a dieta vegetariana e ser uma estudiosa do assunto,  passei a ser procurada por isso. Respeitando as escolhas dos meus pacientes, passei a sugerir e trabalhar a redução de consumo de alimentos de origem animal e auxiliá-los a fazer a transição para o vegetarianismo e veganismo com maior ênfase 

VB: Quais os benefícios que o veganismo traz para a saúde?

AL: São múltiplos! 

A exclusão dos alimentos de origem animal da vida da pessoa a faz consumir uma quantidade imensamente menor de gorduras saturadas e zerar o consumo do colesterol. Isso é um fator muito importante para reduzir quadros inflamatórios relacionados ao desenvolvimento das principais doenças crônicas.

O teor de fibras da dieta é aumentado assim como o de vitaminas, minerais e antioxidantes, o que é fundamental para a boa saúde e também prevenção das doenças crônicas. 

Outro ponto positivo são as alterações benéficas no aparelho digestivo e microbiota intestinal, a redução de proteínas e gorduras animais promove o fortalecimento da microbiota, garantindo melhor absorção de nutrientes, fortalecimento da imunidade e redução dos principais marcadores inflamatórios. 

Alessandra Luglio
Imagem da Alessandra Luglio: Acervo pessoal

VB: Na sua visão, quais são os principais mitos relacionados ao veganismo? 

AL: Os principais são sobre as possíveis e irreais carências de nutrientes que podem ocorrer, por exemplo, de aminoácidos essenciais, proteínas, cálcio e ferro. 

Além disso, muitas pessoas relacionam o veganismo à monotonia alimentar, à falta de opção para se alimentar fora de casa e ainda que o veganismo seja algo caro e inacessível. Tudo mito! 

VB: O que você recomenda para quem deseja adotar a alimentação vegana? 

AL: Procure se informar sobre o assunto: leia, pesquise, converse com veganos e busque informações em fontes confiáveis. Informação é o primeiro grande passo para uma transição segura e surpreendente. Comece gradualmente reduzindo os alimentos que te fazem menos falta e vá no seu tempo, sempre em direção ao veganismo. 

VB: Fale um pouco sobre a vitamina B12 em uma dieta vegana. 

AL: A vitamina B12 é o único nutriente que devemos em tese suplementar. 

A vitamina B12, sintetizada exclusivamente por bactérias presentes no solo, não faz parte do metabolismo das plantas. Logo, não as acessamos comendo vegetais como estamos habituados. Desta forma, devemos monitorar nossos níveis de B12 a partir de exames de sangue frequentes e, havendo necessidade, suplementá-la. 

Vale dizer que os animais alimentados com ração na pecuária (a grande maioria) também recebe suplementação de vitaminas, minerais e B12, então, provavelmente a B12 que consumimos através dos animais é proveniente do suplemento que ele ingeriu

É um nutriente de atenção para todos: 40% da população sul-americana é deficiente em B12 e 50% dos veganos não são suplementados.

VB: Alguns veganos se alimentam de comidas ultra processadas achando que são saudáveis. Você acredita que isso acontece por conta da ideia de que toda comida vegana é saudável, mesmo que seja industrializada?

AL: Ser ou não industrializada não é um problema por si só, até o pão integral orgânico é industrializado e a farinha de tapioca também. 

Não são só os veganos que se alimentam de comidas ultra processadas: isso é um hábito mundial. Muitas pessoas se tornam veganas não pela própria saúde e nem porquê deixaram de gostar de comer os alimentos de origem animal, mas por não quererem compactuar com a crueldade com os animais. Neste caso, alguns mantém o hábito de comer o que já comiam, porém, na versão vegana. 

Nutricionista entrevistada
Imagem da Alessandra Luglio: Acervo pessoal

VB: Fale um pouco sobre sua visão de nutricionista sobre os alimentos ultra processados. 

AL: Alimentos ultra-processados veganos e não veganos não são boas escolhas alimentares para fazerem parte da rotina alimentar.

Porém, em casos espaçados, podem ser consumidos por questões de paladar. O importante é que se tenha a real noção de que no dia a dia a base alimentar deve ser de vegetais in natura ou minimamente processados. 

VB: Deseja acrescentar algo?

AL: Comer alimentos indulgentes e prontos para o consumo são hábitos enraizados na população em geral e o veganismo não está longe disso.

Porém, percebemos claramente que ao passar a fase de transição em que as memórias afetivas, hábitos e conceitos são alterados, a tendência é que o vegano passe a se alimentar melhor, escolhendo alimentos mais naturais, se aventurando na cozinha e comendo melhor do que quando era onívoro. 

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*Imagem de capa: Acervo pessoal da Alessandra Luglio

Por Amanda Stucchi em 31 de agosto
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