A transição para proteínas vegetais se tornou popular. Consumidores em todo o mundo estão repensando a maneira como comem. Como também, o que comem em meio à preocupação pública sobre a ligação entre a produção de carne e as doenças virais.

Um novo relatório da FAIRR Initiative afirma que 2020 será um divisor de águas na mudança de proteínas animais para fontes vegetais. É o cenário ideal para novas alternativas de proteínas, pois a transição se tornou popular. Ainda, declara que os investimentos em proteínas vegetais já atingiram US$ 1,1 bilhão no primeiro semestre de 2020 quase o dobro de 2019.

Sustentabilidade ambiental e saúde humana

Nos EUA, a carne bovina é responsável por apenas 4% da oferta de alimentos no varejo em peso, mas representa 36% das emissões de gases do efeito estufa relacionadas à alimentação. Enquanto isso, a maior ingestão de proteínas de origem animal está ligada a maiores taxas de mortalidade por doenças cardiovasculares e câncer.

No entanto, intervenções do lado da oferta, por si só, não são suficientes para mitigar os impactos ambientais e sociais negativos decorrentes do setor.

Para que haja diferença real, as dietas globais precisam se tornar mais equilibradas e diversificadas. É necessário que haja maior foco em proteínas vegetais e alternativas, como frutas e legumes, grãos, leguminosas, análogos de carne, e carne cultivada em laboratório.

Felizmente, a mudança está em andamento. A inovação no sistema alimentar está em todos os lugares. A percepção e a demanda do consumidor estão mudando rapidamente, o que é ainda mais motivado pela atual crise global da saúde. Ainda, a indústria está evoluindo suas ambições estratégicas e de sustentabilidade para garantir que as marcas permaneçam relevantes e positivas para o clima.

Desafios e impactos das proteínas vegetais

À medida que a demanda por proteínas continua a crescer, a população também está em crescimento. Assim, aumenta o desafio de alimentar de maneira sustentável essa população.

O lado positivo é que esse cenário apresenta muitas novas oportunidades comerciais. A análise da FAIRR Initiative mostra que o mercado global de proteínas está avaliado em cerca de US$ 1,5 trilhão.

O mercado alternativo de carne ainda representa cerca de 1%, embora se projete abranger uma parcela significativa do mercado total de proteínas nos próximos anos, com estimativas variando de 3% em 2025 a 60% em 2040.

A diversificação de proteínas tornou-se, portanto, um importante fator de crescimento e uma ferramenta de esperança quanto aos riscos climáticos para empresas em todo o mundo. As empresas estão investindo mais em pesquisa e desenvolvimento, marketing e sua capacidade interna para garantir um portfólio de longo prazo.

Termos como “à base de plantas” ou “vegano”, até então considerados como de nichos, agora são comumente usados ​​pelas empresas. De acordo com o relatório, 72% das 25 empresas envolvidas na FAIRR se referiram a esses termos em seus relatórios trimestrais e anuais para investidores e outras partes interessadas, em comparação com 64% em 2018/19.

Compromisso com a transição para proteínas vegetais

O engajamento global de investidores colaborativos da FAIRR em proteínas sustentáveis incentivaras maiores empresas de alimentos do mundo a desenvolver uma abordagem global para diversificar as fontes de proteínas.

No relatório, consta que das 25 empresas, 40%, incluindo Kroger, Tesco, Nestlé e Unilever, agora tem equipes dedicadas a produtos à base de plantas. Vale ressaltar que o Walmart é a única empresa no compromisso que não reconhece explicitamente a importância da diversificação de proteínas da perspectiva da demanda do consumidor ou como uma ferramenta de mitigação de riscos climáticos.

A Tesco e a Unilever são as mais bem posicionadas para se beneficiar do crescente mercado alternativo de carne. Essas empresas foram elogiadas pelos investidores por seu compromisso de transferir carteiras de alimentos para fontes de proteína mais sustentáveis, demonstrando apoio para uma transição alinhada ao clima.

A Unilever especificamente investiu US$ 94 milhões em um novo centro de inovação que abriga 500 funcionários, com foco na inovação baseada em plantas para marcas como Knorr e Hellmann.

A América Latina e as expectativas no cenário de transição

Embora o cenário de transição também já possa ser visualizado na América Latina, é possível que haja um caminho diferente para a expansão de proteínas à base de plantas nas economias emergentes. Nesses países, o acesso a proteínas suficientes continua sendo um desafio, e muito ainda precisa ser feito.

Por exemplo, Nestlé e Unilever reconhecem a necessidade de diferenciação das estratégias para que a transição para proteínas vegetais atinja novos níveis.  

A expectativa é de que as empresas reconheçam publicamente que a produção de carne animal tem um impacto significativo no clima. Ainda, que a diversificação de proteínas se torna alvo das discussões. As empresas têm um papel importante a desempenhar nesta transição e é da maior importância que permitam que os consumidores mudem seu comportamento fornecendo melhores opções baseadas em plantas.

Leia mais sobre o mercado de proteínas vegetais e suas perspectivas.

Por Nadia Gonçalves em 31 de julho
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