Um novo relatório sobre o futuro da agricultura, apresentado à presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, na semana passada, pede que a União Europeia desenvolva um plano de apoio aos alimentos plant-based, além de sugerir mais investimento para práticas agrícolas sustentáveis e uma reformulação dos subsídios agrícolas.

O relatório é resultado de sete meses de negociações realizadas por um fórum composto por 30 organizações, incluindo ONGs ambientais, grupos de consumidores, sindicatos de agricultores e representantes da indústria. Chamado de “Diálogo Estratégico sobre o Futuro da Agricultura da UE”, o fórum foi criado por von der Leyen em janeiro, em meio a protestos de agricultores e alertas sobre mudanças climáticas.

Plano de ação para alimentos plant-based

O documento recomenda que a Comissão Europeia desenvolva, até 2026, um “Plano de Ação da UE para Alimentos Plant-Based”, com o objetivo de fortalecer as cadeias produtivas do setor, desde os agricultores até os consumidores. O relatório destaca a necessidade de reduzir o consumo de proteínas animais (carne e laticínios) em favor de alternativas vegetais e pede maior apoio para tornar esses produtos mais acessíveis e baratos.

Além disso, sugere a revisão das leis de rotulagem e regulamentações de marketing da UE, além de campanhas educativas para promover escolhas mais saudáveis e sustentáveis, especialmente entre crianças. O relatório também propõe reduções de impostos e incentivos sociais para que escolhas sustentáveis se tornem a norma.

A organização sem fins lucrativos ProVeg International afirmou que um plano desse tipo aceleraria a produção e o consumo de alimentos plant-based, alinhando-se à tendência crescente de reduzir o consumo de carne. Jasmijn de Boo, CEO global da ProVeg, declarou que a implementação de um Plano de Ação da UE representaria uma mudança significativa para o setor de alimentos plant-based.

Lucia Hortelano, gerente sênior de políticas da UE na ProVeg, destacou que a Dinamarca já adotou um plano de ação para alimentos plant-based, e que é emocionante ver essa ideia sendo considerada em nível europeu.

Enfrentando a perda de biodiversidade e as emissões

O relatório aponta que o setor agrícola é a principal causa da perda de biodiversidade e gera mais de 10% das emissões totais de gases de efeito estufa da UE, principalmente relacionadas à pecuária.

Para combater esse problema, o documento propõe a criação de um padrão de sustentabilidade agrícola em toda a União Europeia, incluindo leis ambientais controversas, como aquelas voltadas à recuperação de ecossistemas degradados, e um fundo de transição justa fora do orçamento agrícola, para promover uma mudança em direção a um setor agroalimentar mais saudável e sustentável.

O relatório também sugere metas de redução de emissões personalizadas para diferentes tipos de agricultura, além de mecanismos como programas de compra voluntária de terras e capacitação profissional para garantir uma transição justa. Também recomenda a atualização das regras de bem-estar animal, como a proibição de gaiolas em fazendas, com um período de transição específico para cada espécie.

Subsídios agrícolas

O documento propõe uma reforma no orçamento de mais de €300 bilhões em subsídios agrícolas da UE, com foco no apoio a pequenos e médios agricultores, em vez de concentrar os recursos nas maiores propriedades. Sugere um sistema de apoio baseado na renda, sem exigências ambientais adicionais, e um esquema separado de pagamento ecológico.

Embora as recomendações não sejam definitivas, von der Leyen prometeu incluí-las em uma Visão para Agricultura e Alimentos, a ser desenvolvida nos primeiros 100 dias de seu mandato.

O fórum também propõe a criação de um novo órgão consultivo, o Conselho Europeu para Agroalimentação (EBAF), para manter o diálogo em andamento.

Jeroom Remmers, diretor da TAPP Coalition, afirmou que o relatório marca um momento crucial para o futuro da alimentação e da agricultura na UE, destacando o consenso sobre a necessidade urgente de transformar a produção e o consumo de alimentos dentro dos limites planetários.

Confira a matéria publicada na vegconomist.

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