Um recente estudo divulgado na Nature Communications revela que a substituição de metade dos alimentos de origem animal consumidos em escala global por alternativas vegetais na categoria de carne e laticínios pode ter um impacto ambiental positivo notável.
A pesquisa sugere que, caso essa mudança seja implementada, a perda líquida de floresta poderá ser praticamente interrompida, com as emissões de gases de efeito estufa provenientes da agricultura e do uso da terra diminuindo em 31% até 2050, em comparação com os níveis de 2020. Nesse cenário, cerca de 653 milhões de hectares de terras agrícolas seriam preservados e revertidos para florestas.
Alternativas vegetais
A substituição de metade dos alimentos de origem animal por alternativas vegetais também pode contribuir significativamente para a redução da taxa de perda de biodiversidade, diminuindo-a de 2,1% para 0,9% até o ano de 2050. Se 90% dos alimentos de origem animal forem substituídos, a perda de biodiversidade poderia efetivamente ser revertida entre 2030 e 2040.
Os efeitos ambientais dessa mudança seriam diversos em diferentes regiões. No cenário de 50% de substituição, a China seria responsável por 1/4 das terras agrícolas abandonadas, além de contribuir com 20% das reduções no uso de água e nitrogênio. A África apresentaria o maior potencial para conter a perda de florestas e áreas naturais, com 37% na redução global da conversão de terras. Além disso, essa região, junto com a China e o Sudeste Asiático, experimentaria a maior queda na taxa de perda de biodiversidade.
Entretanto, os pesquisadores destacam que alcançar essas reduções significativas no consumo de produtos de origem animal requererá mudanças políticas e outras intervenções, incluindo campanhas informativas, a implementação de programas para a introdução de produtos à base de plantas nas escolas e a aplicação de impostos sobre alimentos com altas emissões de carbono.
Benefícios ambientais
Numerosos estudos enfatizam que a dieta à base de plantas, reduz as emissões de carbono e o uso da terra em até 75%. Além disso, essas dietas poderiam diminuir o uso de água em 54%, destruição da vida selvagem em 66% e a produção de metano em 93%.
Em julho, um relatório científico descreveu a redução do consumo de alimentos de origem animal como uma “opção fundamental para a mitigação” das mudanças climáticas. Em fevereiro, a GFI publicou dois relatórios que revelaram que proteínas alternativas reduzem o uso da terra e a preservação da biodiversidade.
De acordo com Linus Pardoe, gerente de políticas do Reino Unido na GFI Europe: “É imperativo avançarmos em direção a produtos à base de plantas e carnes cultivadas, que requerem muito menos uso de terra e podem atender à crescente demanda por proteína, ao mesmo tempo que abrem espaço para a natureza”.
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