Um estudo realizado em uma cafeteria universitária na Alemanha investigou o potencial de “nudges” comportamentais para diminuir o consumo de carne.
A teoria do “nudge” afirma que o design de um ambiente pode influenciar as escolhas das pessoas. Por exemplo, alimentos mais saudáveis ou éticos podem ser colocados em posições mais visíveis, incentivando os consumidores a escolhê-los em vez de opções menos benéficas. No entanto, alguns estudos indicam que “nudges” sozinhos podem não ser suficientes para causar uma mudança significativa de comportamento. O novo estudo buscou determinar se adicionar uma etapa extra ao processo, onde os participantes refletem sobre seus sentimentos após verem o “nudge”, poderia diminuir o consumo de carne.
Na primeira semana, os comportamentos alimentares de base de 129 estudantes foram medidos, antes que um “nudge” de rotulagem fosse introduzido na cafeteria na segunda semana. Pelas duas semanas seguintes, os estudantes foram aleatoriamente designados para um dos três grupos, sendo um deles um grupo de controle que continuou a receber o “nudge” como antes. Outro grupo teve a oportunidade de refletir sobre o “nudge” após vê-lo, enquanto um terceiro grupo foi instruído a refletir sobre suas próprias preferências. Na última semana do estudo, todas as intervenções foram interrompidas.
Os resultados mostraram que o “nudge” de rotulagem sozinho não causou mudança significativa no comportamento dos participantes. No entanto, refletir sobre o “nudge” reduziu a demanda por carne em 5%, enquanto refletir sobre preferências pessoais reduziu a demanda em 7% — considerado uma queda significativa. O efeito foi de curto prazo, com o consumo de carne aumentando novamente após a interrupção das intervenções. Os autores concluem que combinar “nudges” com reflexão pode levar a melhorias de curto prazo em comportamentos alimentares sustentáveis.
Outras estratégias de “nudge”
Ao tentar influenciar escolhas alimentares em ambientes de serviço de alimentação, um dos “nudges” mais bem-sucedidos é tornar as opções mais saudáveis ou sustentáveis a escolha padrão. Isso foi demonstrado por um estudo que constatou que 81% dos estudantes universitários dos EUA escolheram refeições plant-based quando eram a opção padrão, em comparação com apenas 31% antes do início do estudo. Além disso, hospitais na cidade de Nova York começaram a tornar as refeições plant-based a opção padrão em 2022, com mais da metade dos pacientes optando por elas, apesar de apenas 1% se identificar como vegetariano ou vegano.
Outra estratégia é colocar opções mais sustentáveis em posições mais altas nos cardápios; isso está sendo praticado atualmente pelo McDonald’s na Holanda, que está colocando itens sem carne à frente das opções de carne bovina. Da mesma forma, muitos supermercados estão colocando carne plant-based na seção de carne convencional, chamando a atenção de consumidores que talvez não visitem uma seção dedicada de vegetarianos ou veganos.
Usar nomes mais atraentes para pratos plant-based também aumenta o número de participantes que os escolhem, de acordo com um estudo australiano publicado no ano passado. Mudanças semelhantes na linguagem já foram bem-sucedidas em campanhas de saúde pública para cessação do tabagismo e vacinação.
“Com a comida contribuindo com quase 25% das emissões globais, mudar as escolhas alimentares mesmo para os menores segmentos de mercado pode fazer uma contribuição significativa para a mitigação das mudanças climáticas”, afirmaram os autores do estudo australiano.
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