Conhecido como “Ásia-5”, a China, a Indonésia, o Vietnã, a Tailândia e as Filipinas foram analisados no novo relatório produzido pela Food Industry Asia (FIA) conjuntamente com a consultoria AlphaBeta em relação às tendências ao consumo de proteínas diversas. Esses cinco países representam os principais mercados na vanguarda do aumento da demanda mundial por proteínas no Oriente.

O estudo traz as tendências principais que influenciarão o mix de proteínas a serem consumidas até 2030, assim como recomendações  multissetoriais – governo, setor privado e sociedade civil – que devem ser trabalhadas pelo “Asia-5” em relação a um cenário futuro de proteínas diversas. Abaixo, destacamos alguns pontos do relatório:

1. Saúde e Nutrição

Segundo o relatório, atualmente, há uma falta de informações mais  rigorosas sobre os benefícios nutricionais e de saúde das diversas categorias de proteínas em relação ao fenótipo asiático.

Por mais que esteja claro que há um aumento do consumo saudável relacionado à proteína vegetal, principalmente com a crescente conscientização oriental sobre ligações entre o alto consumo de carne e os impactos negativos à saúde e doenças crônicas, os autores ressaltam que não há informações claras de como a ingestão recomendada de proteína ao corpo humano pode ser mantida com uma mudança maior para dietas baseadas em plantas.

O relatório sugere que haja uma parceria entre governos locais e a indústria para que sejam realizadas pesquisas aprofundadas sobre os diversos tipos de proteínas (vegetais e de animais vertebrados e invertebrados) e cita o Instituto Nacional de Nutrição do Vietnã (Vietnam’s National Institute of Nutrition), que está conduzindo workshops de consultoria técnica para o desenvolvimento de uma estratégia nacional de nutrição para 2021-30.

2. Segurança Alimentar

Segundo o relatório, políticas governamentais terão um papel cada vez mais importante em moldar o consumo de proteínas devido às preocupações com a segurança alimentar. Um ponto mencionado como possível preocupação pelos formuladores de políticas públicas sobre as proteínas à base de plantas é em relação às questões toxicológicas ou de alergenicidade, principalmente quando provenientes de microalgas ou matéria-prima como castanhas e nozes.

Diante das diversas regulações dos países do “Asia-5” sobre proteínas alternativas, o estudo aponta para uma necessidade de harmonizar as estruturas regulatórias dessas proteínas em todos os países para facilitar o acesso ao mercado e ao comércio, especialmente no sudeste da Ásia. 

3. Sustentabilidade

Restrição de recursos impostas pela intensificação das mudanças climáticas é um fator adicional que impulsiona a mudança das proteínas tradicionais para vegetais. Contudo, segundo o relatório, pesquisas adicionais ainda são necessárias para determinar as opções de matéria-prima com o menor impacto ambiental quando se fala em proteínas alternativas, principalmente quando as oportunidades desse mercado estão estimadas em US$ 85 bilhões anuais até 2030.

O relatório faz uma comparação quanto à sustentabilidade entre as matérias primas amêndoa e lentilha como  base para carne vegetal. A primeira possui alto teor de proteína (14% por Kg) mas requer mais de 16.000 litros de água para produzir , além de emitir 2,3 kg de gases de efeito estufa. Já a lentilha requer pouco menos de 6.000 litros de água por kg e emite 0,9 kg de gases de efeito estufa, além de ter um maior teor de proteína de 25% por Kg, se comparado à amêndoa. 

4. Inovação na alimentação

Uma série de esforços estão em andamento para estimular a inovação em proteínas alternativas na “Ásia-5”. O estudo menciona o caso da China que se desenvolveu rapidamente como um “HUB de proteínas alternativas”, sendo o maior centro de produção fora dos EUA. O relatório recomenda  que mais iniciativas de hubs sobre  inovação alimentar sejam realizadas a fim de debater soluções regulatórias e escalonamento de produção.

5. Engajamento do consumidor

O relatório mostra que há uma tendência de escalada de proteínas à base de plantas na região. Pesquisa realizada na China descobriu que 34% dos consumidores relataram comer menos carne de porco do que no ano anterior por causa da percepção de atributos negativos à saúde como gorduras saturadas e colesterol alto.  Já na Tailândia, uma pesquisa com consumidores urbanos descobriu que 45% estão procurando seguir uma dieta exclusivamente vegetariana ou vegana. Os autores do relatório estimam que isso poderá levar a um crescimento de 15% no consumo de proteína vegetal até 2030. 

Ao final, a pesquisa propõe alavancar uma metodologia primária que se baseia em dados da FAO/ONU, contribuições de outras literaturas, e entrevistas com especialistas para analisar o crescimento do consumo de proteínas diversas, assim como  projetar o seu crescimento até 2030. Segundo Jiang Yifan, chefe de ciência e assuntos regulatórios da FIA, “É crucial que produtores e formuladores de políticas públicas se preparem para atender a essa demanda e colocar em prática as medidas necessárias para garantir fontes sustentáveis ​​de fornecimento de proteína”.

Acesso o estudo FIA-AlphaBeta – The Future of Proteins in Asia.

Leia também: Mercado de proteínas alternativas atingirá US$ 4,8 bilhões até 2027

Por Juliana Simões Cunha em 28 de julho
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