Um artigo recente, publicado na revista Nutrients, analisou os efeitos dos polifenóis vegetais na alimentação sobre os processos de envelhecimento.

Os pesquisadores concluíram que os polifenóis são benéficos por suas propriedades antioxidantes e podem ajudar na proteção do cérebro e no combate ao envelhecimento. Esses compostos podem impulsionar o desenvolvimento de novas terapias e suplementos para prevenir doenças relacionadas à idade, além de reduzir o uso de medicamentos.

Populações envelhecendo no mundo

Dados de organizações globais, como o Banco Mundial e a Organização Mundial da Saúde, estimam que 727 milhões de pessoas, ou 9,3% da população mundial, terão 65 anos ou mais até 2022. Com o avanço da idade, o risco de distúrbios metabólicos, neurodegeneração e câncer aumenta, embora fatores como ambiente, estilo de vida e genética possam influenciar esse processo.

À medida que a expectativa de vida aumenta, torna-se crucial encontrar maneiras de desacelerar o envelhecimento e melhorar a qualidade de vida dos idosos. Alguns medicamentos têm mostrado potencial para combater os sinais do envelhecimento, como a inflamação crônica.

No entanto, substâncias naturais como os polifenóis, presentes em alimentos de origem vegetal, como chá, frutas, legumes e vinho tinto, exibem efeitos anti-inflamatórios e antioxidantes significativos.

Polifenóis e o envelhecimento saudável

Os polifenóis podem proteger contra o estresse oxidativo e fortalecer a função imunológica, o metabolismo, a saúde intestinal e cognitiva, reduzindo os riscos de câncer, doenças neurodegenerativas e cardíacas.

Esses compostos podem aumentar a longevidade ao reduzir a senescência, melhorar a saúde mitocondrial e diminuir a inflamação. Crescem as evidências de que dietas ricas em vegetais e frutas que contêm polifenóis melhoram a saúde e a qualidade de vida.

Com o envelhecimento, as mitocôndrias, responsáveis por funções celulares essenciais, perdem eficiência, um processo chamado de disfunção mitocondrial. Essa deterioração está associada a doenças neurodegenerativas e ao câncer, mas polifenóis como a quercetina e o resveratrol ajudam a reparar as mitocôndrias danificadas.

Outro aspecto do envelhecimento é a diminuição da autofagia, o processo de reciclagem de componentes celulares desgastados. A perda dessa capacidade pode levar a diversas doenças, mas os polifenóis estimulam a autofagia, promovendo a saúde celular ao remover proteínas e organelas danificadas, reduzindo o risco de doenças neurodegenerativas.

Além disso, os polifenóis podem proteger contra danos genéticos ao reparar o DNA e manter a estabilidade genômica.

A inflamação crônica, sintoma comum do envelhecimento, está envolvida em doenças como neuroinflamação e osteoartrite. As propriedades anti-inflamatórias dos polifenóis ajudam a combater o estresse oxidativo e a inflamação, aliviando os sintomas de doenças inflamatórias.

Esses compostos também auxiliam na capacidade das células de detectar e responder a fontes de energia, um processo que se enfraquece com a idade e está relacionado a doenças metabólicas. Além disso, eles apoiam os efeitos da restrição calórica.

Alimentos ricos em polifenóis

Os pesquisadores identificaram certos polifenóis que podem retardar o envelhecimento e ajudar no tratamento de doenças relacionadas à idade.

O ácido elágico, presente em nozes, framboesas e romãs, possui propriedades neuroprotetoras, anti-inflamatórias e antioxidantes, estendendo a longevidade de organismos-modelo ao reduzir danos genéticos e radicais livres. Ao interagir com o intestino, o ácido elágico gera uma substância chamada urolitina A, que promove a saúde mitocondrial e a longevidade. Ensaios clínicos em idosos mostram que a urolitina A melhora a saúde muscular e a atividade mitocondrial.

Outro polifenol importante é o ácido gálico, encontrado em nozes, uvas e romãs. Ele melhora a elasticidade da pele e reduz rugas ao estimular a produção de colágeno, possivelmente revertendo os sinais do envelhecimento.

A rutina, presente no trigo sarraceno e em frutas cítricas, demonstrou prolongar a vida de camundongos e moscas ao reduzir a inflamação e atingir células envelhecidas. Em humanos, pode ajudar a combater o diabetes tipo 2 ao reduzir o estresse oxidativo e proteger a saúde cardiovascular contra poluentes ambientais.

Brócolis, maçãs, frutas vermelhas e cebolas contêm a quercetina, um antioxidante poderoso que diminui o estresse oxidativo e a inflamação, ajuda a eliminar células envelhecidas, melhora a saúde da pele e reduz o risco de fragilidade.

Morangos e outras frutas possuem fisetina, que atravessa a barreira hematoencefálica, melhorando a função cognitiva e prevenindo doenças neurodegenerativas associadas à idade. A fisetina também melhora a saúde da pele ao remover células envelhecidas.

Outro grupo importante de polifenóis antioxidantes são as antocianinas, encontradas em framboesas, mirtilos e outras frutas vermelhas. Elas promovem a saúde dos vasos sanguíneos, fortalecem os ossos e previnem o câncer, estimulando a autofagia e reduzindo o estresse oxidativo.

Conclusão

Estudos mostram que os polifenóis têm um papel crucial no combate ao envelhecimento e a doenças, graças aos seus efeitos na função mitocondrial, saúde do DNA, estabilidade genômica, inflamação e autofagia.

Incorporar alimentos ricos em polifenóis na dieta pode trazer grandes benefícios para a saúde e longevidade, reduzindo a dependência de medicamentos.

Confira a matéria publicada na Medical News.

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