Você sabia que o São Paulo Fashion Week, edição número 51, teve a participação do projeto social Ponto Firme, liderado pelo estilista Gustavo Silvestre? Essa foi a quarta participação do projeto no evento, que foi totalmente digital. 

O foco era trazer uma das grandes tendências da moda, o recycle e o upcycling, propondo uma reflexão sobre o ciclo de vida das roupas e o consumo consciente. O crochê continua sendo um grande protagonista nas criações, técnica artesanal que é ensinada por Gustavo Silvestre aos detentos da Penitenciária Desembargador Adriano Marrey, em Guarulhos (SP). A coleção foi desenvolvida por reeducandos do Ponto Firme, os artesãos Anderson Figueiredo, Tiago Araújo e Anderson Joaquim, tendo sido apresentada no dia 27 de junho, no site do evento, na programação do Festival SPFW + Regeneração. Você pode ver um pouco da coleção no vídeo do YouTube da SPFW

O objetivo do Ponto Firme é unir a moda e às questões sociais importantes. Em todas as suas participações, o Ponto Firme trouxe a sutileza do trabalho manual, sempre com uma potente mensagem para a sociedade. Uma combinação sensível que faz parte do propósito do projeto desde o seu início e que costuma emocionar quem acompanha os seus desfiles já realizados no SPFW. 

Gustavo Silvestre e três egressos do Ponto Firme se reuniram para criar a coleção, confeccionada a partir de descarte têxtil e peças reaproveitadas de doações e acervo, que foram ressignificadas com técnicas de crochê. Os fios Anne, Verano, Encanto e Susi, da Círculo S/A, foram os escolhidos pelos artesãos para o desenvolvimento de detalhes e elementos que construíram e transformaram as peças, dando uma nova aparência e significado a cada roupa que compõem a coleção. Esses fios têm em sua composição algodão, viscose e poliamida.

Gustavo ressaltou: “Usamos de forma inovadora o fio Glow, da Círculo S/A, que brilha no escuro e foi lançado originalmente para fazer amigurumi, nós aproveitamos para fazer um vestido com este efeito incrível. Com certeza será uma das grandes atrações do desfile”. O fio Glow é feito de poliéster.

Projeto social Ponto Firme e suas roupas sustentáveis
Imagem: Crédito Marina Sapienza

Ele também comentou: “Tivemos como ponto de partida as máscaras artísticas produzidas pelo artesão Anderson Figueiredo, que empregou as suas habilidades em crochê desenvolvidas durante o período de cárcere, para o reaproveitamento de resíduos e lixo. As máscaras surgem como verdadeiras esculturas de forma totalmente autoral e são um elemento visual cheio de simbolismo e significado tanto para seu criador quanto para o projeto”. 

Com um tema tão necessário e relevante para o Brasil e todo o mundo, o Ponto Firme reforça a sustentabilidade em cada ponto confeccionado nos 30 looks e seis máscaras que foram apresentados no desfile. O artesão Anderson Figueiredo também complementou: “É um trabalho coletivo que promove um olhar para o reaproveitamento na moda e gera uma reflexão sobre o ciclo de vida das roupas aliado às práticas socioambientais. Estamos propondo prolongá-lo ao máximo possível com essa coleção”. 

A partir das máscaras criadas por Anderson, e de todo caráter artístico e experimental que carregam as roupas e figurinos criados pelo Ponto Firme, surgiu a ideia de realizar o desfile em um teatro. Desta forma, o Teatro Sergio Cardoso, em São Paulo, cedeu seu espaço para a gravação do filme e se tornou apoiador institucional do projeto. Além da Círculo S/A, que contribuiu com os fios usados no desenvolvimento dos detalhes em crochê e que já apoia o Ponto Firme desde a sua criação, em 2015, formando mais de 150 artesãos por meio de seus produtos e aulas do projeto, Gustavo Silvestre se uniu a outros artistas para poder viabilizar a apresentação de toda a coleção. 

Participaram do filme para o SPFW: peças e acessórios produzidos por Sônia Gomes, artista plástica brasileira cujas obras compõem a coleção de diversos museus espalhados pelo mundo, entre eles o Guggenheim, em Nova York, e o Masp, em São Paulo; Carla Boregas, artista que trabalha com som e assina a trilha sonora do vídeo; e, ainda, o coreografo Cristian Duarte, artista paulista responsável pela preparação das modelos.

Projeto social Ponto Firme
Imagem: Crédito Marina Sapienza

As peças confeccionadas pelos egressos, sob orientação do Gustavo Silvestre, estavam sendo comercializadas após o desfile, e os interessados podiam entrar em contato por meio das redes sociais do Projeto social Ponto Firme (Facebook e Instagram). O valor da venda dos produtos era revertido para os artesãos.

Uma novidade é que o Ponto Firme tem como novo parceiro a Brazil Foundation, organização criada em 2000 com o objetivo de mobilizar recursos para ideias e ações que transformem o Brasil. Essa parceria vai possibilitar ao Ponto Firme, a partir do segundo semestre de 2021, a criação de uma escola-ateliê-estúdio que vai ampliar de forma significativa o atendimento e profissionalização de egressos e egressas do sistema prisional que necessitam de apoio para reconstruir suas vidas.

O projeto social Ponto Firme

Desde 2015, o projeto social Ponto Firme oferece formação técnica em crochê para sentenciados da Penitenciária Desembargador Adriano Marrey, em Guarulhos (SP). Desde as primeiras aulas, contou com o apoio da Círculo S/A, que doa materiais para que os alunos possam aprender e se desenvolver. Eles confeccionam tapeçarias, toalhas, redes, almofadas, amigurumi, roupas, acessórios, joias e o que mais a criatividade permitir. Ao final de cada módulo, com duração de seis meses, os alunos recebem um certificado de conclusão. Mais de 150 alunos já passaram pelo projeto. Os trabalhos realizados por eles já foram expostos na SP-Arte, Pinacoteca de São Paulo, SPFW e até em Nova York.

Círculo S/A

A empresa é a maior fabricante de fios para trabalhos manuais da América Latina e desenvolve produtos e acessórios para artesanato. Há 83 anos no mercado, exporta para mais de 25 países e é a marca com maior atuação do segmento no país. Conta com mais de 500 produtos em seu mix e, através do Time de Artesãos, que somam 14 profissionais, oferece suporte na educação e profissionalização do artesanato, com workshops em todo o Brasil, além de estimular quem pratica o trabalho manual como hobby, oferecendo e-books gratuitos, aplicativo próprio e publicações especializadas em tricô, crochê, amigurumi e bordado.

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*Imagem de capa: Logo da São Paulo Fashion Week

Por Amanda Stucchi em 5 de julho
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