O Instituto Tecnológico Dinamarquês (Teknologisk Institut) lidera o projeto ZEST, uma iniciativa que busca transformar resíduos agrícolas em biomassa valiosa por meio da fermentação de fungos. O objetivo é atender à crescente demanda global por proteínas sustentáveis para alimentos, rações e outros bioprodutos.
A pesquisa utiliza cogumelos comestíveis para fermentar subprodutos agrícolas como resíduos de beterraba, grãos excedentes da cervejaria e cascas de frutas. Após pré-tratamento, esses materiais alimentam fungos em biorreatores, gerando biomassa rica em proteínas.
Xiaoru Hou, gerente do projeto, explicou: “Os fungos convertem resíduos agrícolas em biomassa, que pode ser usada diretamente ou de onde extraímos proteínas e quitina, aplicáveis em alimentos, medicina e bioplásticos.”
Soluções para sustentabilidade e desperdício alimentar
O ZEST aborda desafios importantes: a necessidade de fontes de proteína sustentáveis e a redução do desperdício de alimentos. Proteínas baseadas em fungos apresentam-se como uma alternativa promissora aos métodos tradicionais. Além disso, seus usos incluem alimentos, rações e até cosméticos.
Conexão com estratégias da UE
Com cofinanciamento do Circular Bio-Based Europe Joint Undertaking (CBE-JU) e orçamento de 7,5 milhões de euros, o projeto está alinhado com a estratégia Farm to Fork da União Europeia, que visa um sistema alimentar mais sustentável.
Segundo Anne Christine Hastrup, coordenadora do projeto, o processo requer pouca água e emite baixos níveis de gases de efeito estufa. “É uma solução mais sustentável, econômica e segura para produção de proteínas.”
Fungos oferecem vantagens nutricionais, como maior digestibilidade em relação a proteínas vegetais e fornecimento de vitaminas essenciais como B12 e D. Com sabor neutro, podem ser usados em diversos alimentos.
Papel da inteligência artificial
A tecnologia de IA otimiza o processo de fermentação, ajustando temperatura, pH e nutrientes em tempo real para garantir o melhor crescimento dos fungos. “Criamos modelos de aprendizado de máquina para prever como fungos reagem a diferentes resíduos agrícolas e ajustar as condições dos biorreatores,” explicou Kristian Damlund Gregersen, do Instituto Tecnológico Dinamarquês.
Os objetivos do projeto incluem desenvolver um sistema de produção eficiente e sem resíduos, identificar as melhores espécies de fungos, avaliar a viabilidade econômica e melhorar a qualidade das proteínas para aplicação em alimentos e rações.
Parceria internacional e impacto futuro
Com duração de quatro anos, de junho de 2024 a maio de 2028, o projeto envolve parceiros da Alemanha, Letônia, Espanha e Sérvia. A equipe espera que o ZEST contribua para uma produção alimentar mais sustentável e sirva como modelo para ampliar o uso da fermentação fúngica na bioeconomia.
Confira a matéria publicada no vegconomist.
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