O Governo da Holanda anunciou que destinou um investimento de € 60 milhões para apoiar a criação de um ecossistema doméstico de agricultura celular como parte do National Growth Fund. A notícia veio após o país ter legalizado as amostras de carne cultivada, além de ter comunicado um plano de € 25 bilhões para reduzir o número de rebanhos

O objetivo é utilizar o valor para auxiliar na educação, pesquisa acadêmica e inovação desse setor, bem como ajudar de forma paralela a alavancar o acesso a instalações de expansão disponíveis publicamente e lançar as bases para a integração social, incluindo os agricultores e consumidores. 

A proposta do investimento foi feita pelo Cellular Agriculture Netherlands, com membros da academia, terceiro setor, startups e outros players. Alguns nomes que fazem parte da iniciativa são: Mosa Meat, Meatable, CE Delf, TU Delf, Kind Earth. tech, entre outros. 

Conforme apontou a Green Queen, o valor representa o maior investimento já feito nessa indústria por um governo. 

Apesar de ser muito promissor, é importante notar que esse investimento público não influencia a aprovação regulatória para as vendas do produto dentro da União Europeia. 

Ira Van Eelen, cofundadora e CEO do Kind Earth. tech, apontou em um comunicado divulgado na Mosa Meat: “Estamos muito animados com a liderança visionária que o governo está demonstrando hoje. A Holanda é o lugar ideal para o florescimento da agricultura celular. Tem uma rica história em estabelecer as bases globais da agricultura celular. É o segundo maior exportador de produtos agrícolas tradicionais depois dos EUA. É uma potência global em proteína alternativa e inovação alimentar. Tem uma posição de vanguarda global em biotecnologia. E foi o primeiro país a financiar publicamente a pesquisa de carnes cultivadas e apresentar uma prova conceito ao mundo.” 

O investimento representa o primeiro passo para o plano do National Growth Fund, que propõe investir entre € 252 e € 382 milhões na agricultura celular. 

Agricultura celular na Holanda: o país foi pioneiro nessa área 

O país é considerado um pioneiro na área de carne cultivada, já que o primeiro hambúrguer cultivado foi apresentado ao mundo por um holandês! 

A história resumida da criação dessa iguaria é a seguinte: Mark Post, farmacologista, desenvolveu a pesquisa sobre a carne cultivada com o apoio do investidor Sergey Brin (cofundador do Google), no início o mesmo era um investidor anônimo, mas depois seu nome foi revelado. 

Após o produto ter sido desenvolvido, foi apresentado ao público em Londres, no ano de 2013, com a presença de 200 jornalistas e acadêmicos. Com um custo estimado de US$ 375 mil, o hambúrguer foi preparado pelo Chef Richard McGeown, do Couch’s Great House Restaurant, e provado por Mark Post e pelos voluntários Josh Schonwald (escritor de alimentos) e Hanni Rützler (cientista nutricional).

A partir da pesquisa, Mark Post junto com Peter Verstrate fundaram a empresa de carne cultivada Mosa Meat. Felizmente, os custos para a produção do hambúrguer abaixaram: conforme o Sifted, em matéria do final de 2020, o custo projetado de cada hambúrguer da Mosa Meat é de € 9 (US$ 5,65).

Peter Valstar, deputado do partido VVD e co-requerente da resolução responsável por legalizar as amostras de carne cultivada, falou para o veículo RTL Nieuws: “Esta é uma maravilhosa invenção holandesa que pode se tornar uma importante fonte de alimento para humanos. Mas, como acontece com muitas inovações, vemos que os regulamentos europeus atrasam o desenvolvimento, enquanto o resto do mundo agora está nos ultrapassando com nossa própria invenção”.

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*Imagem de capa: Mosa Meat, CC-BY / via Recursos GFI

Por Amanda Stucchi em 18 de abril
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