A Future Cow, uma startup brasileira de tecnologia alimentar fundada em 2023 pelo empresário Leonardo Vieira e pela cientista de alimentos Rosana Goldbeck, está determinada a revolucionar a produção de laticínios utilizando fermentação de precisão para criar leite verdadeiro sem a necessidade de vacas.

Considerada a primeira startup de agricultura celular do Brasil a usar fermentação de precisão, a Future Cow ganhou impulso ao participar do programa de residência da Antler em São Paulo, garantindo um investimento inicial de US$ 150.000. Pouco depois, em uma rodada liderada pela Antler e pela Big Idea Ventures, como parte da primeira turma do New Protein Fund II, a empresa captou R$ 2 milhões (aproximadamente US$ 410.000) para acelerar sua tecnologia de fermentação.

Recentemente, a startup foi selecionada para as semifinais da FoodTech World Cup, organizada pela FoodHack e pela Givaudan. Além disso, foi escolhida para participar do Programa de Aceleração Deeptech (PACE) do CNPEM, uma iniciativa local que visa impulsionar startups brasileiras baseadas em tecnologia.

“Com o crescimento da população mundial, o aumento da insegurança alimentar e as mudanças climáticas, a necessidade de reduzir riscos nas cadeias de suprimento alimentar e nos métodos de produção nunca foi tão urgente. A produção de proteínas alternativas surge como uma solução viável para esses desafios,” compartilhou a Future Cow nas redes sociais.

Molecularmente idêntico ao leite tradicional

A Future Cow utiliza um modelo digitalizado de DNA de vaca, microrganismos e resíduos agroindustriais para replicar proteínas do leite através da fermentação. Essas proteínas são então separadas, secas e prontas para serem reconstituídas em leite animal-free.

A inovação da Future Cow oferece várias vantagens. Segundo a empresa, seu leite é livre de hormônios, pesticidas, lactose e antibióticos, e é versátil o suficiente para criar qualquer produto lácteo imaginável. Além disso, comparado ao leite tradicional, sua produção interna reduz as emissões de gases de efeito estufa em 97%, o uso de água em 99% e a crueldade animal em 100%.

A Future Cow já desenvolveu seu primeiro protótipo de leite fermentando proteínas em vasos de 15 litros. À medida que se prepara para entrar no mercado, a startup planeja testar a tecnologia em fermentadores de 200, 2.000 e 5.000 litros, abrindo caminho para a produção em escala industrial.

A empresa mira o mercado B2B, fornecendo proteínas de leite bioidênticas para empresas alimentícias e de laticínios, a fim de criar produtos lácteos alternativos, chocolates, pós de proteína de soro de leite e bebidas. No entanto, proteínas sem origem animal, consideradas novos alimentos, precisam de aprovação da ANVISA, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária, antes de serem comercializadas.

“Nosso leite sem origem animal é molecularmente idêntico ao leite tradicional, mas com uma pegada ambiental significativamente menor,” afirma a empresa. “Ao produzir laticínios sem a agricultura tradicional, abordamos preocupações com o bem-estar animal e reduzimos as emissões de gases de efeito estufa associadas à produção de laticínios.”

Confira a matéria publicada na vegconomist.

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