A Ecovative, startup norte-americana especializada em micélio, anunciou o fechamento de uma rodada de US$ 28 milhões, com participação de investidores estratégicos e acionistas já existentes. O objetivo é expandir suas inovações no setor de alimentos e moda.
Desde 2019, a Ecovative, criadora das marcas MyForest Foods, Forager, Mushroom Packaging e Grow.bio, já captou US$ 145 milhões. Com o novo aporte, a empresa planeja aumentar a produção e distribuição do MyBacon, além de lançar um material alternativo ao couro para jaquetas e acessórios, sob a marca Forager.
“O capital será utilizado para ampliar a distribuição do MyBacon de 600 para milhares de lojas até 2025, além de fornecer capital de giro para sustentar esse crescimento”, explicou Eben Bayer, fundador e CEO da Ecovative, ao site Green Queen. Bayer também destacou o lançamento de produtos da Forager e o aumento da capacidade de produção até 2026 e 2027.
Ele afirmou que a meta da empresa é “orquestrar a abundância de materiais”, desenvolvendo tanto produtos de moda sustentáveis quanto alimentos com alto valor nutritivo. “Esse investimento impulsiona nossa tecnologia de micélio, promovendo o crescimento econômico em comunidades regionais e no exterior”, acrescentou.
Ecovative lançará couro ecológico AirLoom
Fundada em 2007, a Ecovative utiliza a tecnologia AirMycelium, capaz de cultivar diferentes tipos de cogumelos para uma variedade de aplicações. Esses materiais são produzidos em fazendas verticais, permitindo à empresa gerar 3 milhões de pés quadrados de material por ano, utilizando apenas um acre de terra.
Em seu site, a Ecovative explica que seus cientistas controlam cuidadosamente o padrão geométrico de crescimento do micélio, produzindo uma ampla gama de materiais apenas com processos biológicos.
Essa plataforma já gerou produtos que vão desde alimentos até alternativas sustentáveis ao plástico e couro. Nos EUA, a Ecovative utiliza essa tecnologia para produzir o MyBacon, enquanto na Europa foca em materiais ecológicos para vestuário e acessórios por meio da marca Forager.
Atualmente, a empresa está transformando fazendas de cogumelos na Holanda em instalações de produção de micélio, onde também será fabricado o AirLoom, um material alternativo ao couro que é cultivado em nove dias e gera metade das emissões de CO₂ em comparação ao couro tradicional.
Esses materiais podem ser integrados à infraestrutura existente de curtumes, oferecendo uma opção livre de animais e mais sustentável para reduzir a pegada ambiental.
A Ecovative pretende comercializar o AirLoom em 2025 e já atraiu o interesse de grandes marcas, como PVH (dona da Calvin Klein e Tommy Hilfiger), Vivobarefoot, Veja e Reformation.
“Nossa abordagem eficiente, que aproveita a infraestrutura existente, está permitindo um rápido crescimento global”, disse Bayer, referindo-se à expansão internacional da empresa. Ele ainda comentou sobre a fabricação biológica em larga escala que a Ecovative está desenvolvendo, em setores tradicionais como alimentação e materiais.
Nos próximos meses, a Ecovative planeja atualizar mais fazendas com a tecnologia AirMycelium, e já há fazendas comerciais de cogumelos interessadas em se juntar à sua rede, o que pode representar uma capacidade adicional de US$ 100 milhões.
Crescimento do MyBacon com novas instalações
Enquanto a Forager se prepara para lançar o AirLoom, a marca MyForest Foods continua se destacando. Dados da Spins mostram que o MyBacon é a marca de carne vegetal que mais cresce no nordeste dos EUA, vendendo três vezes mais rápido do que os concorrentes.
O MyBacon – que contém apenas micélio, óleo de coco, açúcar, sal e aromas naturais – está presente em mais de 600 lojas nas duas costas americanas, incluindo redes como Whole Foods Market e Berkeley Bowl, e deve chegar a milhares de pontos de venda em 2025.
Com o novo capital, a Ecovative já construiu uma fábrica em sua sede em Green Island, que triplicou a capacidade de produção do MyBacon. “Isso foi apenas no primeiro mês, e é assim que vamos chegar a mais prateleiras rapidamente”, comentou Bayer.
Além disso, uma nova fábrica no Canadá permitirá que a empresa aumente ainda mais a produção, adicionando mais 450 toneladas de produtos ao mercado até 2025. “Queremos que o MyBacon seja um grande sucesso, e isso é o que guia nossas ações no momento”, destacou.
Este investimento ocorre em meio a um crescente interesse do mercado de capital de risco em startups que utilizam fermentação e micélio. Enquanto outras empresas de proteínas alternativas enfrentaram dificuldades, as companhias que apostam na fermentação, como a Ecovative, estão atraindo cada vez mais investimentos.
Quatro das cinco maiores rodadas de investimento em proteínas alternativas neste ano foram para empresas de fermentação, duas delas focadas em micélio. A Meati, por exemplo, captou US$ 100 milhões, enquanto a Infinite Roots captou US$ 58 milhões.
“Os investimentos em micélio e fermentação estão crescendo porque estamos entregando produtos diferenciados com benefícios reais”, disse Bayer. “O que nos diferencia é nossa tecnologia AirMycelium, que permite uma escalabilidade eficiente e soluções sustentáveis de alta performance.”
A Ecovative já apresentou uma série de produtos inovadores feitos de micélio, incluindo frango sem origem animal, massas sem carboidratos e análogos de mariscos. “Estamos entusiasmados em trazer esses produtos ao mundo com a mesma promessa de qualidade da fazenda à mesa”, concluiu Bayer.
“No momento, não conseguimos manter o MyBacon nas prateleiras, e com milhares de varejistas na fila, acreditamos que isso continuará até 2025. Então, relaxe, aproveite um pouco de MyBacon e bom apetite.”
Confira a matéria publicada na Green Queen.
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