O LatAm Climate Turnaround FIA é o fundo climático que vem para mostrar que “ativismo de acionista”  também é possível na América Latina, e pode descarbonizar as “carbon majors”  da região, com ciência profunda e criação de valor 

Na era do investimento responsável, há bastante exaltação no mercado em relação à necessidade de investidores e gestores de ativos alocarem seus recursos em empresas e  negócios sustentáveis, éticos e de baixo carbono. Os “donos do dinheiro” exercem um papel  fundamental ao induzir um comportamento de mercado a partir de suas decisões de investimento. Uma economia descarbonizada só será possível se esses fluxos financeiros  forem destinados a negócios de baixo carbono. Mas enquanto isso, o que acontece com os  negócios “de alto carbono”? Será que eles vão simplesmente deixar de existir por causa desse  movimento? Parece improvável.  

Os grandes emissores de gases de efeito estufa (GEE) já foram cunhados pelo movimento  ClimateAction100+ com a expressão em inglês “carbon majors” as mais de 100 maiores  empresas historicamente emissoras de gases de efeito estufa (GEE), que incluem empresas  produtoras de petróleo, de cimento e aço, mineradoras, geradoras de energia, indústrias de  base, e também associadas a commodities agrícolas e produção pecuária. Há também  instituições financeiras que patrocinam esses negócios. As “carbon majors” são empresas  grandes, sólidas e provedoras de produtos e serviços muitas vezes essenciais, além de  geradoras de volumosas receitas públicas e de oportunidades de emprego e distribuição de  renda para a população. Muitos desses são negócios que não deixarão de existir, e que devem  levar o planeta a níveis de aquecimento que potencializam riscos para a vida humana na Terra  nos próximos 10 anos, se continuarem operando com o mesmo nível de emissões de GEE.  

Não é à toa que o apelo pela eliminação de combustíveis fósseis tem se tornado cada vez mais  forte, por meio de movimentos como o Fossil Fuel Non-Proliferation Treaty – um pacto  internacional já assinado por diversos governos e instituições. A ciência mostra que não  podemos mais sustentar um modelo econômico baseado na queima de petróleo, carvão e  gás. Ao mesmo tempo, o cerco está apertando na rastreabilidade de cadeias de fornecimento 

baseadas em atividades de desmatamento, inclusive por meio de barreiras comerciais  impostas por importadores como a União Europeia. No Brasil, essa situação vem contribuindo  para o processo de desertificação dos biomas da Amazônia e do Cerrado. E enquanto na  maioria das grandes economias emergentes as emissões mais significativas estão no setor de  energia, no Brasil é a agricultura e o uso da terra que correspondem a 74% das emissões.  Sendo o Brasil o 6º maior emissor histórico de GEE do mundo, essas emissões importam no  desafio da comunidade global de superar a crise climática. 

Descarbonizar as carbon majors deve ser uma prioridade na luta contra a  crise climática, inclusive na América Latina.  

Essas são empresas que precisam passar por uma completa transformação rumo à  neutralidade de emissões de GEE. E essa neutralização de emissões não se resolve  simplesmente comprando créditos de carbono para compensação no mercado, muito menos  na base do greenwashing. Não há soluções mágicas para a descarbonização, ainda que para  alguns setores as soluções já estejam amplamente disponíveis. Há que se ter muita  responsabilidade na elaboração desses planos de transição de carbono, e há que se trabalhar  com base na ciência e nos princípios e métricas estabelecidos na melhor lei que temos hoje:  o Acordo de Paris da ONU. 

Assim, é imprescindível que os controladores e administradores dessas carbon majors sejam conscientes do papel fundamental que têm na sua descarbonização.  

Mais do que isso: precisamos de investidores que se engajem ativamente para provocar a  transformação climática dentro dessas companhias, aportando, além do capital,  conhecimento, experiências, soluções e tecnologias. Sem esse direcionamento, as mudanças  não vão acontecer na velocidade e medida necessárias para evitar o pior da crise climática.  Ainda que possam existir outros fatores de incentivo para a mudança, como novas leis e  exigências governamentais, riscos e oportunidades de mercado, existe um componente de  transformação “de dentro para fora” que é fundamental.  

Precisamos de ativistas dentro das “carbon majors”.  

É neste contexto que a fama re.capital lança um fundo climático  verdadeiramente ativista: o LatAm Climate Turnaround FIA. 

O LatAm Climate Turnaround FIA é um fundo que vai investir em “carbon majors” da América  Latina – ou seja, vai adquirir ações de empresas listadas em Bolsa dentre as maiores emissoras  de GEE da região – e, na condição de acionista, vai apresentar soluções concretas de descarbonização e ao mesmo tempo de criação de valor para as companhias, com base em  elementos científicos.  

Esse convencimento interno dentro da empresa vai ser feito por meio de uma abordagem  conhecida no mercado como engajamento. O engajamento, como o próprio nome diz, é uma  abordagem mais interventiva e ao mesmo tempo amigável, em que o investidor busca  participar e contribuir ativamente nos processos de decisão da empresa. Na prática, significa  estabelecer um relacionamento de parceria, em que o investidor traz soluções e contribui  com suporte técnico e estratégico, com recursos humanos e de capacitação, e muitas vezes  se insere dentro da estrutura de governança da companhia, conforme o caso, para melhor  contribuir. No caso do LatAm Climate Turnaround FIA, as soluções baseadas na ciência serão  validadas por ninguém menos que o cientista Carlos Nobre, membro da equipe do IPCC que  foi agraciada com o Prêmio Nobel e único brasileiro membro da Royal Society britânica. 

Dessa forma, o LatAm Climate Turnaround FIA vai propiciar o equivalente a um trabalho de  assessoramento para as investidas, sem nenhum custo adicional. Por isso, esse engajamento  vai se dar desde a fase pré-investimento: ou seja, antes de o LatAm Climate Turnaround FIA  tomar a decisão de investir ações em determinada empresa, vai procurar os gestores da  companhia para avaliar se há interesse na parceria. Quem não quer um “serviço” desses de  graça? 

As empresas investidas pelo fundo climático terão o seguinte perfil: 

1. Negócios economicamente rentáveis e bem estruturados, com governança e  vantagens competitivas; 

2. Ofensores climáticos significativos, ou seja, grandes emissores de gases de efeito  estufa responsáveis por percentual significativo das emissões de GEE na região (os  “carbon majors” da América Latina) e que não têm feito o suficiente para promover  sua descarbonização e a descarbonização de suas cadeias; 

3. Companhias para as quais o LatAm Climate Turnaround FIA consiga encontrar uma  solução de descarbonização viável; 

4. Companhias dispostas a melhorar sua performance em relação aos riscos,  oportunidades e impactos climáticos. 

Ao promover engajamento para a descarbonização das companhias investidas, o LatAm  Climate Turnaround FIA também vai ajudar a prevenir riscos financeiros para as empresas – riscos relacionados à necessidade de transição das companhias para um modelo de baixa  emissão de carbono, incluindo riscos de precificação e de regulação de carbono, de perda de  competitividade, e riscos legais, como o risco de a empresa ser alvo do chamado movimento  de litigância climática. Sobre isso, já há diversos casos no mundo de litígios movidos contra  empresas que não possuem políticas de descarbonização adequadas ou que estejam praticando greenwashing em suas políticas e declarações de propaganda ou de anúncios de  mercado.  

A tese de investimento do fundo climático, suportada por diversos estudos acadêmicos1, é de que  mesmo excelentes empresas, mas que sejam grandes poluidoras, são negociadas no mercado  com descontos nos seus múltiplos (ou seja, por preços mais baixos do que usualmente  valeriam no mercado), justamente pelos riscos que apresentam – o que leva inclusive com  que elas constem da lista de exclusão de diversos investidores responsáveis globais. 

Dessa forma, mitigar os riscos climáticos das companhias investidas é também maximizar o  retorno financeiro das empresas. Isso acontece de três formas: 1) aumento de faturamento  como resultado da expansão e diversificação do modelo de negócios; 2) redução de despesas  futuras (seja por evitar multas, custos com consultores, advogados, litígios e outros riscos  legais; seja pela economia na utilização de recursos e matérias primas ou garantia de  sustentabilidade no fornecimento de matérias primas renováveis, entre outras despesas  possíveis para adequação a riscos de transição climática); e 3) redução do custo de capital  como resultado de uma percepção de redução de riscos da empresa, o que leva a um aumento  do “valuation” da empresa. A combinação dos três fatores deve proporcionar um retorno  financeiro relevante ao investidor. 

Mas se o engajamento não funcionar, o LatAm Climate Turnaround FIA também poderá  adotar medidas para expor e cobrar da companhia e de seus gestores que cumpram seu dever  fiduciário de gerenciar os riscos climáticos e de promover a descarbonização adequada do  negócio, seja por meio de cartas públicas ao mercado, seja por meio de notificações, ações  judiciais ou administrativas.  

Essa atuação abrangente – que começa com o engajamento e a proposta de criação de valor  baseada na ciência, mas podendo escalar para uma postura mais confrontacional, se  necessário – é o que torna o LatAm Climate Turnaround FIA um fundo climático verdadeiramente  ativista, talvez o único do mercado no mundo todo que combine os pilares de ciência  profunda, finanças sustentáveis e engajamento com política de escalonamento.  

Além disso, o LatAm Climate Turnaround FIA traz uma forma completamente inovadora de  remuneração baseada na performance de impacto climático das investidas. Enquanto  fundos de investimento são tradicionalmente remunerados com base no retorno financeiro  acima de um benchmark financeiro, o LatAm Climate Turnaround FIA será remunerado por  uma taxa de performance que leva em consideração aspectos financeiros e de impacto. Assim, a taxa de performance só incidirá plenamente caso as empresas investidas do Fundo,  além de registrarem retorno financeiro, tenham reduzido sua pegada de carbono e assim  contribuído para desacelerar o aumento de temperatura global em direção ao limite de 1.5°C  em relação aos níveis pré-industriais, conforme estabelecido no Acordo de Paris.  

Funciona da seguinte forma: no primeiro ano de funcionamento do LatAm Climate  Turnaround FIA, as empresas investidas serão mensuradas em relação à quantidade de  emissões de GEE que geram e o que esse volume representa para o aumento de temperatura  global, chegando-se a um valor em graus Celsius: por exemplo, digamos que hoje o portfólio  incluindo todas as empresas esteja contribuindo para um aumento de 3°C na temperatura  global.

O Fundo só receberá a taxa de performance de impacto climático se, no ano seguinte,  este valor de temperatura for reduzido em direção ao objetivo de 1.5°C do Acordo de Paris.  Para isso, será utilizada a ferramenta “Temperature Rating” do WWF/CDP, cujos resultados  serão devidamente validados pelos investidores em assembléia. Caso as empresas investidas  registrem retorno financeiro, mas não tenha havido “impacto climático positivo”, os gestores  do Fundo terão suas remunerações severamente impactadas, podendo alcançar inclusive  patamares inferiores aos de mercado. Dessa forma, os gestores do Fundo climático têm um incentivo  financeiro claro para promover impacto climático real e mensurável.  

Esse modelo também é útil para os investidores que querem promover impacto na agenda  de clima. A taxa de performance de impacto garante que o LatAm Climate Turnaround FIA  tem os incentivos certos para promover impacto climático positivo real e mensurável. 

O LatAm Climate Turnaround FIA conta com um time multidisciplinar peculiar no mercado:  é formado por cientistas ambientais, advogados, financistas e consultores especializados,  com 50% de mulheres e representação geográfica do Pará ao Rio Grande do Sul. Será  conduzido sob a gestão de Fabio Alperowitch, fundador da fama re.capital e gestor com 30  anos de experiência em investimentos responsáveis. Fabio também tem um longo histórico  de envolvimento com sustentabilidade e organizações do terceiro setor. Atua como  conselheiro em instituições como WWF Brasil, LIFE Institute, Instituto Ethos e Pacto pela  Equidade Racial.

O fundo climático conta ainda com a advogada especialista em mudanças climáticas  Caroline Prolo, co-fundadora da LACLIMA (Latin American Climate Lawyers Initiative for  Mobilizing Action), e sua experiência combinada de consultoria jurídica nas negociações  internacionais da UNFCCC e de atuação como sócia da prática de meio ambiente e mudanças  climáticas de um importante escritório de advocacia de São Paulo.  

O LatAm Climate Turnaround FIA conta também com a experiência e reputação da gestora  fama re.capital, que completa 30 anos de trabalho na agenda de investimentos responsáveis  e expertise com engajamento de empresas listadas no Brasil. A fama adota uma abordagem abrangente, considerando não apenas os resultados financeiros, mas também o impacto nos  stakeholders, incorporando questões éticas, ambientais e de direitos humanos em suas  estratégias de investimento. É certificada como B-Corp e é reconhecida como a mais vocal  gestora de ativos na América Latina na agenda ESG e climática. Foi pioneira no Brasil a medir  e divulgar a “pegada de carbono” do portfólio e a estabelecer um Código de Stewardship  próprio. É a única gestora latino-americana co-fundadora da iniciativa Net Zero Asset  Managers (NZAM), e foi estudo de caso global pelo The Investor Agenda, bem como finalista  do PRI Awards, ambos reconhecendo seus compromissos e atuação na agenda climática.  Recentemente, tornou-se membro do NatureAction100, iniciativa global que congrega cerca  de US$35 trilhões para defesa da biodiversidade. A fama é a única gestora brasileira a  participar da iniciativa. O LatAm Climate Turnaround FIA já está registrado na CVM, e se encontra em processo de fundraising, com seu “First Closing”2 agendado para o final de novembro. No início de 2024,  ele será aberto para investidores internacionais.

1 Um estudo publicado pela Lazard no final de 2021, que analisou 16.000 companhias globais entre 2016 e 2020,  concluiu que companhias europeias no setor industrial tiveram 18% de descontos em seus múltiplos para cada  10% de aumento de emissões de GEE. Um estudo da Kearney Consulting apurou que companhias europeias nos  setores de aço, química, cimentos e energia que possuem planos de redução de emissões tem um premium de  valuation de 62% em relação a seus pares atrasados na agenda climática. No resto do mundo, este premium é  estimado em 25%.

2Em fundos de private equity, a data de fechamento (closing) é o ponto no tempo em que os investidores  comprometem o capital para o fundo. É o momento em que se tornam oficialmente investidores do fundo e  começam a contribuir financeiramente para as atividades do fundo. Há uma data específica para tal, e após  isso o fundo fica fechado até uma nova abertura. 

Para saber mais sobre o LatAm Climate Turnaround FIA e a fama re.capital, acesse: 

Imagem de capa: LatAm Climate Turnaround FIA – Divulgação

Leia também:

Crise Climática: cientistas apelam por uma mudança global

Análise científica ressalta importância da alimentação à base de plantas no combate às mudanças climáticas

Por Nadia Gonçalves em 16 de novembro
Faça parte da comunidade da Vegan Business no WhatsApp: Notícias | Investidores