A pesquisa “O Consumidor Brasileiro e o Mercado Plant-Based 2022”, realizada pelo The Good Food Institute Brasil, mostra que 67% dos brasileiros reduziram o seu consumo de carne nos últimos 12 meses. O aumento é de 17 pontos percentuais em relação a 2020, desse total, 47% pretendem reduzir ainda mais seu consumo no próximo ano.

A pesquisa de 2022 reforça os resultados encontrados na pesquisa de 2020: os brasileiros estão mais preocupados com a saúde e buscam incorporar opções mais saudáveis no seu dia a dia. Além disso, eles buscam uma alimentação focada na redução, não na eliminação dos produtos de origem animal; e a utilização de proteínas alternativas em substituição aos produtos de origem animal.

Preço e saúde

O aumento do preço da carne foi responsável por 45% dos brasileiros reduzirem seu consumo, outros 36%, reduziram por questões relacionadas à saúde. Quando somadas à preocupação com os animais, o meio ambiente, influência de familiares, motivos religiosos e espirituais, 52% a reduzirem o consumo de carne.

Os dados mostram que o propósito de diminuir a ingestão de carne não é algo estático ou um hábito ao qual o consumidor se propõe a seguir apenas temporariamente. Pelo contrário: os consumidores que já passaram por uma redução no consumo de carne, tendem a manter esse nível mais baixo ou reduzir ainda mais. Mesmo entre os brasileiros que passaram a comer menos carne por causa da alta do preço, 33% afirmam que querem diminuir ainda mais a ingestão no próximo ano, o que indica que, boa parte dos consumidores, não têm interesse em voltar a consumir carne no mesmo ritmo de antes.

Imagem: Divulgação GFI

Flexitarianismo e alternativas plant-based

O flexitarianismo é o estilo de alimentação que busca reduzir, sem excluir por completo, o consumo de produtos de origem animal. Esse grupo está crescendo ano a ano no Brasil e, hoje, 28% dos brasileiros já se definem como flexitarianos. Desses, 60% afirmam querer reduzir ainda mais o consumo de carne nos próximos 12 meses.

Isso indica que uma parcela significativa dos consumidores, enxerga essa redução como parte de sua alimentação. Esse grupo já é o principal público-alvo da indústria de proteínas alternativas.

Consumo de proteínas plant-based

As alternativas plant-based estão mais frequentes na mesa do brasileiro. Hoje, praticamente dois em cada três consumidores (65%) consomem alguma alternativa vegetal em substituição aos produtos de origem animal pelo menos uma vez por semana. Entre os consumidores que reduziram o consumo de carne animal nos últimos 12 meses, 34% substituíram somente ou principalmente por carnes vegetais. Entre os que diminuíram o consumo de carne procurando melhorar a saúde, 57% utilizam com frequência a carne vegetal como substituto.

Levando em conta que a primeira alternativa análoga surgiu no Brasil em 2019, a presença desses produtos na rotina dos brasileiros se tornou muito expressiva. O levantamento constatou que 61% dos consumidores procuraram alguma alternativa vegetal análoga nos últimos seis meses, 53% não encontraram algum item que procuraram e apenas 8% encontraram todos os produtos análogos que buscavam, tanto em lojas físicas de mercado quanto em sites ou aplicativos de delivery, indicando que existe uma demanda reprimida por proteínas alternativas vegetais no país.

Imagem: Divulgação GFI

67% dos brasileiros reduziram o seu consumo de carne

Para 1 em cada 4 entrevistados nada impede de consumir alternativas vegetais. Entre os que apontam alguma barreira, o preço alto é o maior empecilho para a compra de proteínas vegetais (39%), seguido pela dificuldade de encontrá-las (30%) e pelo sabor (21%). Se forem agrupadas motivações como sabor, textura ou o cheiro que não agradam ou outras questões relacionadas a aspectos nutricionais, 32% dos consumidores apontam alguma característica do produto como o principal motivo para não consumir alternativas vegetais.

“Esses dados revelam o potencial do mercado em atender os 28% que já se declaram como flexitarianos, assim como os 67% de brasileiros que reduziram o seu consumo de carne no último ano”, comenta Raquel Casselli, diretora de engajamento corporativo do GFI Brasil.

“Por isso, alguns desafios precisam ser superados para que esses produtos alcancem uma parcela ainda maior de consumidores. Quanto mais positiva, prazerosa e prática for a experiência da pessoa que decidiu reduzir o consumo de carne, maiores as chances do consumidor se tornar adepto a alternativas plant-based”, afirma Raquel.

Imagem: Divulgação GFI

Proteínas alternativas, novas tecnologias e ultraprocessados

A pesquisa também buscou entender o grau de informação e o tipo de percepção que o consumidor brasileiro tem sobre alimentos ultraprocessados. A pesquisa apontou que, quanto maior o grau de informação sobre ultraprocessados, maior tende a ser a percepção de que esses produtos fazem mal a saúde. No entanto, 39% – uma parcela significativa de consumidores – crê que isso depende do processo de fabricação e dos ingredientes utilizados.

Entre boa parte dos consumidores brasileiros não existe uma associação direta entre alternativas análogas e alimentos ultraprocessados. Ou seja, metade considera que o processo de fabricação e os ingredientes fatores que definem se uma alternativa é um ultraprocessado ou não. Além disso, 52% dos entrevistados afirmam que, quando um alimento é ultraprocessado, sua decisão de compra é embasada na tabela nutricional e/ou os ingredientes. A pesquisa constata que, 1 em cada 3 consumidores não se preocupa com o fato do alimento ser ultraprocessado ou não na hora de comprá-lo.

A pesquisa indica que o consumidor está tentando equilibrar fazer uma compra mais saudável e muitas vezes não tem informações suficientes para analisar tudo sozinho.

“Neste sentido, reforçamos que um trabalho educativo das indústrias, explicando ingredientes, nutrientes e suas funções, mostrar os processos produtivos, pode aproximar o consumidor”, aponta Raquel.

Sobre a Pesquisa

Realizada pelo The Good Food Institute Brasil em parceria com a Toluna, empresa global de pesquisa e insights do consumidor, a pesquisa entrevistou 2.500 pessoas, entre homens e mulheres, acima de 18 anos, das classes ABC e de todas as regiões do país, por meio de um questionário online.

A partir dos resultados do questionário, a equipe de especialistas do GFI Brasil produziu análises complementares que ajudam a compreender e a contextualizar os dados. A pesquisa contou com financiamento das empresas ADM, GPA, Ingredion, Kerry, NotCo, N.OVO, Plant Plus Foods, R & S BLUMOS, Incrível!, Unilever e Vida Veg. O principal objetivo é responder as principais questões relativas ao comportamento do consumidor e aos desafios do mercado de proteínas alternativas.

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Por Ana Cristina Gomes em 14 de dezembro
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