Pesquisas recentes sobre as atitudes dos consumidores americanos em relação à carne cultivada revelam uma perspectiva relativamente positiva para um produto que ainda não está disponível para consumo em massa.

Uma pesquisa da YouGov com 9.272 adultos americanos, realizada em maio de 2024, mostrou que apenas 50% dos participantes preferiam comer carne animal quando questionados sobre escolher entre carne tradicional e carne cultivada em laboratório, assumindo que fossem idênticas. Curiosamente, 14% responderam que não comeriam nenhuma das duas.

Essa preferência de 50% pela carne animal foi consistente em várias categorias — região, gênero, política, idade e raça — com apenas pequenas variações. A divergência mais significativa foi política: 68% dos republicanos preferiam carne animal à carne cultivada em laboratório.

Quando perguntados se considerariam experimentar carne feita em laboratório em vez de carne animal ou à base de plantas, sem especificar que a carne cultivada era idêntica à convencional, apenas 10% dos adultos responderam “definitivamente”, 40% disseram “definitivamente não” e 12% estavam “não certos”.

Por outro lado, uma pesquisa Consumer Food Insights, conduzida pela Universidade Purdue com 1.200 americanos, descobriu que cerca de 60% dos consumidores experimentariam carne cultivada de boi, frango e porco em restaurantes, enquanto cerca de 30% disseram estar “desinteressados”.

Ainda assim, os consumidores percebem a carne cultivada como menos saborosa e saudável do que a carne convencional, com a carne bovina e de frango tradicionais sendo mais bem avaliadas em ambas as categorias.

Consciência do consumidor

Em contraste com esses achados recentes, uma revisão sistemática de 2021 pela Wageningen Economic Research, na Holanda, sobre a aceitação de proteínas alternativas pelos consumidores, descobriu que os consumidores preferem leguminosas, algas ou proteínas à base de plantas em vez de carne cultivada como alternativas à carne.

De acordo com os achados, 60% dos consumidores que não conheciam a carne cultivada estavam relutantes em experimentá-la, enquanto 36% das pessoas familiarizadas com a carne inovadora disseram que não a experimentariam. Os pesquisadores destacam que a conscientização pública impacta a aceitação ou rejeição de um produto pelos consumidores e que a conscientização sobre a carne cultivada ainda é muito baixa.

Nos últimos anos, no entanto, a carne cultivada tem ganhado destaque na mídia, com produtos aprovados para venda em Singapura, EUA e Israel. Por outro lado, a Itália e os estados americanos da Flórida e Alabama proibiram a tecnologia, chamando-a de “carne de laboratório” ou “carne falsa”, o que, para bem ou para mal, ampliou a conscientização pública e aumentou a familiaridade dos consumidores com a tecnologia.

Aceitação continua um desafio

Uma pesquisa de 2023 da Statista Consumer Insights sobre a disposição de experimentar carne cultivada destacou os desafios da tecnologia em ganhar aceitação global ampla. Por exemplo, 20% dos entrevistados na Índia expressaram interesse, enquanto apenas 9% na França disseram que experimentariam carne cultivada.

No Reino Unido, 17% dos participantes estavam dispostos a experimentá-la, enquanto nos EUA, apenas 16% disseram que experimentariam carne cultivada. Alguns países europeus, como Suécia e Alemanha, igualaram o nível de interesse dos EUA (16%). A Itália teve uma taxa de interesse de 14%, apesar da proibição de produção e venda, enquanto a Espanha mostrou o menor interesse, com 13%.

Entendendo os consumidores

Em geral, a aceitação ampla da carne cultivada continua sendo um desafio. No entanto, pesquisadores sugerem que, com o surgimento de produtos de carne cultivada e o aumento da conscientização dos consumidores, estudos baseados na ciência cognitiva poderiam entender melhor barreiras como neofobia alimentar, percepção de não naturalidade e preocupações com a segurança. Eles argumentam que uma comunicação adequada sobre a produção e os benefícios da carne cultivada poderia avançar na aceitação, impulsionando uma mudança para dietas mais sustentáveis.

Eles apontam a necessidade de expandir o público e os ambientes além dos estudos online, por exemplo, rastreando subgrupos como agricultores (preocupados com possíveis perdas de empregos) ou examinando a aceitação dos consumidores em contextos alimentares específicos onde as pessoas possam comparar produtos.

Confira a matéria publicada na vegconomist.

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