Os produtos favoritos de marcas com seguidores dedicados não são exatamente idênticos ao que eram antes, pelo menos no que diz respeito aos ingredientes utilizados.

Já faz algum tempo que o Grupo Boticário anunciou sua intenção de não utilizar mais matérias-primas de origem animal até 2025, se tornando uma empresa vegana. Desde setembro de 2021, essa premissa já vale para todos os lançamentos das marcas do grupo: O Boticário, Eudora, BeautyBox, Quem disse, Berenice?, Multi B, O.u.i e Vult. Seus outros produtos serão reformulados em até três anos. 

Enquanto isso, a L’Oréal Paris declarou no início deste ano que sua base True Match Super-Blendable é agora vegana, livre de álcool, óleo e fragrâncias, quase três décadas após seu lançamento.

Esses anúncios são exemplos recentes de grandes marcas que se adaptam à demanda por produtos limpos ou veganos. Embora a beleza limpa e a vegana tenham nuances diferentes, especialistas afirmam que, no cerne, o objetivo dessas reformulações é atender ao desejo dos consumidores por produtos que proporcionem uma experiência mais satisfatória.

Beleza limpa X Beleza vegana

Essas declarações sobre limpeza e veganismo na beleza podem chamar a atenção dos compradores, mas, segundo especialistas, costumam ser vagas. Enquanto a definição básica de beleza vegana se refere à ausência de ingredientes de origem animal, a definição de beleza limpa, é algo nebuloso: alguns afirmam que esses produtos utilizam ingredientes naturais ou não tóxicos. Rótulos como “vegano”, “limpo” ou “natural” carecem de definição formal e não são regulamentados pelos órgãos oficiais.

Produtos rotulados como limpos ou veganos têm causado um grande impacto no mercado. Os vídeos com a hashtag #CleanBeauty no TikTok ultrapassam 1,7 bilhão de visualizações, e no Instagram, há mais de 6,1 milhões de postagens. Enquanto isso, vídeos com #VeganBeauty no TikTok contam com mais de 256 milhões de visualizações e 2,8 milhões de postagens no Instagram. Com base na última lista Year in Search do Google, as pessoas parecem estar mais conscientes sobre químicos em produtos, pesquisando ingredientes específicos e sua eficácia.

Tendência global

Como resultado, mais marcas estão revendo suas listas de ingredientes. Internacionalmente, a Hause Labs, marca de beleza de Lady Gaga, removeu 2.700 ingredientes “questionáveis” quando foi relançada no ano passado, possivelmente para atender ao padrão Clean at Sephora.

Com produtos reformulados para atender à demanda, marcas de beleza podem aprimorar sua imagem e aumentar vendas. No entanto, a resposta a essas reformulações não foi totalmente positiva. Quando a Glossier fez o anúncio no início do ano, os usuários do Instagram não reagiram bem. Pessoas também reclamaram recentemente da reformulação do perfume Glossier You Eau de Parfum. Muitos suspeitaram que a mudança nos ingredientes fosse uma tentativa de se enquadrar no padrão “Clean at Sephora”.

Especialistas apontam que reformulações representam riscos tanto para a reputação das marcas quanto para suas finanças. Para reformular produtos, as marcas precisam investir consideravelmente em pesquisa e desenvolvimento para encontrar alternativas melhores, mantendo a mesma eficácia. Caso contrário, podem perder clientes.

A indústria da beleza conhece bem as mudanças, com tendências indo e vindo. No final das contas, as marcas que adotarem transparência em relação aos seus ingredientes e processos de fabricação provavelmente obterão uma vantagem competitiva no mercado, assim como os líderes no segmentos da ‘beleza limpa e vegana’. Isso pode motivar outras empresas a aprimorar suas práticas e promover produtos mais seguros.

Imagem de capa:Unsplash

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Por Nadia Gonçalves em 23 de novembro
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