A renomada marca de moda, Hugo Boss, revelou recentemente seus planos para um fundo de capital de risco sustentável, destacando seu compromisso contínuo com práticas mais sustentáveis na indústria da moda. Com uma contribuição ao longo de cinco anos, totalizando 100 milhões de euros, o fundo visa subsidiar empresas em estágios iniciais e de crescimento que estão desenvolvendo soluções inovadoras em sustentabilidade.

O fundo, conhecido como “Collateral Good Ventures Fashion I SCSp RAIF” e sediado no Luxemburgo, receberá investimentos não apenas da Hugo Boss, mas também de notáveis escritórios familiares, gestores de ativos e investidores institucionais. Essa iniciativa visa impulsionar o crescimento de empresas em diferentes áreas da cadeia de valor, incluindo reciclagem de matérias-primas, prevenção de liberação de microfibras e soluções de reparação e cuidados.

Daniel Grieder, CEO da Hugo Boss, enfatizou que este investimento visa promover áreas cruciais, como circularidade, utilização de materiais positivos para a natureza, eliminação de poluição por microplásticos e emissões zero. Grieder destacou que essa abordagem se alinha à estratégia CLAIM 5 da Hugo Boss, traçando uma trajetória de crescimento sustentável.

Além disso, o fundo é classificado como um “Fundo Verde Escuro” sob o Regulamento de Divulgação de Finanças Sustentáveis ​​da UE, evidenciando seu notório compromisso com práticas de investimento sustentável. A parceria com a Collateral Good complementa a visão da Hugo Boss para um futuro audacioso e melhor, promovendo um planeta livre de resíduos e poluição.

Em sintonia com essa iniciativa, em outubro do ano passado, Hugo Boss investiu mais de 100 milhões de euros na expansão de seu centro de distribuição na Alemanha, demonstrando seu compromisso com a expansão sustentável para atender à crescente demanda global por suas coleções Boss e Hugo. Essa movimentação reforça a posição da Hugo Boss como líder na integração de práticas sustentáveis em todos os aspectos de seus negócios.

Por que a sustentabilidade na moda importa?

O conceito de sustentabilidade está ganhando destaque na indústria da moda, contudo, apesar do crescente interesse dos consumidores, a disposição para pagar mais por moda sustentável ainda é limitada. No entanto, a sustentabilidade pode ser uma vantagem competitiva, e distinguir líderes genuínos de possíveis casos de greenwashing requer uma investigação criteriosa.

Desafios ambientais na indústria da moda

À medida que a população global aumenta, os impactos ambientais negativos da indústria da moda tornam-se mais evidentes, sendo responsável por 10% das emissões globais de carbono e 20% das águas residuais globais. Além disso, enormes quantidades de resíduos, equivalente a um caminhão de lixo de têxteis a cada segundo, são despejadas em aterros ou queimadas.

Contradição nas atitudes dos consumidores

Embora 75% dos consumidores considerem a sustentabilidade “extremamente” ou “muito importante” em suas decisões de compra, apenas 7% afirmam que é o fator mais crucial. A aparente contradição destaca a necessidade de entender a disposição real dos consumidores em pagar mais por produtos sustentáveis.

Critérios para identificar líderes sustentáveis

Para distinguir verdadeiros líderes sustentáveis na indústria da moda, é fundamental avaliar se as marcas têm metas mensuráveis para reduzir sua pegada ambiental negativa, se seguem certificações externas para demonstrar a sustentabilidade de seus produtos e se medem e relatam com precisão toda a sua pegada de carbono.

Desafio na medição da pegada de carbono

A complexidade da cadeia de valor da moda significa que a grande maioria das emissões de carbono ocorre no escopo 3, incluindo produção, processamento, transporte e emissões relacionadas ao uso e descarte. A subnotificação dessas emissões destaca a importância da pesquisa aprofundada para compreender o que as empresas realmente estão fazendo para reduzir suas emissões totais.

Embora a sensibilidade ao preço ainda seja fundamental, a sustentabilidade está se tornando mais importante nas decisões de compra, indicando uma oportunidade para os líderes sustentáveis se destacarem. No entanto, o risco de greenwashing na indústria exige pesquisa e envolvimento direto com as empresas para distinguir entre genuínos defensores da moda sustentável e aqueles que estão apenas na superfície. A verdadeira mudança para a moda sustentável exige um compromisso autêntico e transparente.

Ao que tudo indica, embora haja um movimento em direção ao investimento em tecnologias limpas, sustentabilidade, critérios ambientais, sociais e de governança (ESG) e inovação, existe uma lacuna entre a intenção e a ação. Isso resulta em investidores confusos, informações incorretas e uma quantidade significativa de capital não utilizado. Novas startups e pesquisadores na área terão que apresentar reivindicações fundamentadas em evidências e cronogramas claros de retorno sobre o investimento para superar essa lacuna com os investidores e, em última análise, trazer mais inovações centradas no clima para o mercado em grande escala.

Imagem de capa: Unsplash

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