A Ergo Bioscience, reconhecida em 2022 pela FoodBytes! do Rabobank como uma das 15 startups de tecnologia alimentar mais disruptivas do mundo, é especializada no desenvolvimento de proteínas animais complexas, como a mioglobina bovina e a caseína, através de culturas de células vegetais.
Fundada em maio de 2020 com investimento inicial da CITES, a startup conta com uma equipe de 12 cientistas dedicados à inovação e biotecnologia para criar ingredientes livres de origem animal.
Com pesquisas biotecnológicas em Wilmington, Delaware, e laboratórios em Sunchales e Santa Fé, na Argentina, além de uma nova subsidiária no Canadá, a Ergo acredita no potencial das células vegetais para trazer sustentabilidade à indústria alimentícia e outros setores.
Células vegetais em vez de micróbios
A Ergo desenvolveu a plataforma EUKAKYA, que “programa” células vegetais com múltiplas modificações genéticas simultâneas, permitindo que elas expressem estruturas completas de proteínas de mamíferos. Essa tecnologia possibilita a produção em massa de células vegetais modificadas em biorreatores.
Segundo a startup, as células vegetais são reconhecidas como os sistemas biológicos mais sofisticados, e aproveitar essa complexidade em larga escala pode trazer avanços significativos.
Embora a fermentação de precisão, que utiliza micróbios como leveduras ou bactérias, consiga produzir proteínas de plantas ou animais, ela tem suas limitações. Os micróbios usados na fermentação carecem das organelas complexas e da maquinaria interna das células vegetais. Mesmo assim, a Ergo considera o cultivo de células vegetais uma plataforma de fermentação de precisão.
“Diferentemente de outras plataformas de fermentação, as células vegetais combinam o melhor de dois mundos: elas podem crescer em um biorreator tão rapidamente quanto bactérias ou leveduras e, mais importante, têm a mesma maquinaria de expressão proteica que as células de mamíferos. Assim, conseguimos produzir proteínas idênticas às de origem animal de forma eficiente e em curto espaço de tempo”, explica a startup em seu site.
Fontes vegetais de proteínas animais
As proteínas-alvo da Ergo — a mioglobina bovina, responsável pela cor e sabor da carne, conhecida como heme, e as caseínas, essenciais para a textura e valor nutricional dos queijos — têm o objetivo de revolucionar os alimentos plant-based com seu sabor, aroma e apelo nutricional.
“Nossos produtos podem ser usados como ingredientes funcionais para formular alimentos vegetais únicos. Atualmente, produzimos mioglobina e caseínas. A mioglobina pode ser usada em carnes plant-based, conferindo cor vermelha natural, perfil de sabor e aroma idênticos à carne bovina. As caseínas podem ser formuladas em uma variedade de produtos vegetais, desde laticínios fermentados, como queijo e iogurte, até sorvetes e produtos assados, contribuindo principalmente para a textura, sabor e aroma”, diz a Ergo.
As proteínas derivadas de células vegetais são descritas como bioidênticas às suas contrapartes animais e, além disso, são livres de OGM, pois todo o material genético é removido do ingrediente final após as etapas de fermentação e purificação das proteínas. Além disso, as proteínas são consideradas veganas, já que não envolvem animais em sua produção. A empresa planeja desenvolver uma linha de dez proteínas complexas nos próximos cinco anos.
Incubadoras e parcerias
Em 2023, a startup participou das primeiras edições do Mylkcubator, um programa especializado em inovação para o setor de laticínios promovido pela Eatable Adventures e Pascual Innoventures, e recebeu US$ 500.000 para o desenvolvimento de sua caseína sem origem animal. A Ergo também foi selecionada pelo ProVeg Incubator, junto com outras 10 startups disruptivas, para participar da última turma do programa.
A startup também firmou parcerias estratégicas com importantes players, como a startup chilena de alimentos vegetais NotCo e a Nomad Foods, a maior empresa europeia de alimentos congelados, para aprimorar a carne vegetal com seu heme cultivado em células vegetais.
Em 2022, a Ergo fechou parceria com a italiana Aethera Biotech para industrializar seus bioprocessos de fermentação de precisão utilizando células vegetais.
“Para alcançar a revolução em direção a um mundo 100% sustentável e amigável aos animais, é nosso dever como cientistas e tecnólogos fornecer aos consumidores produtos que permitam essa transição sem sacrificar o prazer de uma comida deliciosa, a qualidade nutricional e, claro, a paridade de custos. Toda a nossa energia e criatividade estão dedicadas a essa missão”, declara a ERGO em seu site.
Confira a matéria publicada na vegconomist.
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