Um recente estudo conduzido pelo Comitê de Médicos para Medicina Responsável revelou que uma dieta vegana de baixo teor de gordura, incorporando soja, desencadeia alterações no microbioma intestinal que reduzem, em até 95%, os sintomas vasomotores associados à pós-menopausa, como as ondas de calor.

Essa dieta não apenas eliminou completamente os episódios graves de ondas de calor, mas também resultou em uma redução de 96% nos casos moderados a graves. Além disso, houve uma redução significativa de 96% nas ondas de calor durante o dia e de 94% durante a noite. As participantes que aderiram a esse plano alimentar experimentaram uma média de perda de peso de 6,4 libras.

“Mulheres buscando alívio das ondas de calor devem nutrir as bactérias intestinais com uma dieta à base de plantas, rica em frutas, vegetais, grãos e leguminosas, o que não só contribui para a perda de peso, mas também protege contra doenças cardíacas e diabetes tipo 2”, afirma Hana Kahleova, MD, PhD, co-autora do estudo e diretora de pesquisa clínica no Comitê de Médicos para Medicina Responsável.

Detalhes do estudo

Essa pesquisa consiste em uma análise secundária do estudo WAVS – Women’s Study for Vasomotor Symptom Relief – publicado anteriormente pelo Comitê de Médicos na revista Menopause.

Neste estudo, 84 mulheres pós-menopausa, que relataram experimentar duas ou mais ondas de calor moderadas a graves diariamente, foram aleatoriamente designadas para dois grupos: o grupo de intervenção, orientado a seguir uma dieta à base de plantas com baixo teor de gordura, incluindo meia xícara de soja cozida por dia, e o grupo controle, que continuou com suas dietas usuais durante um período de 12 semanas.

Para a análise secundária, amostras de fezes de um subconjunto de 11 participantes foram usadas para realizar uma análise do microbioma intestinal no início do estudo e após 12 semanas de dieta à base de plantas. Foram encontradas alterações na quantidade de diversas famílias, gêneros e espécies de bactérias.

O microbioma intestinal e as ondas de calor

O estudo marca a primeira descoberta que associa a redução na presença de Porphyromonas e Prevotella corporis à diminuição das ondas de calor intensas durante o dia. Curiosamente, o Prevotella corporis, também identificado no intestino de indivíduos com artrite reumatoide, parece ter características pró-inflamatórias.

Além disso, a diminuição na quantidade de Clostridium asparagiforme foi relacionada à redução tanto das ondas de calor noturnas intensas quanto das não intensas. Este microrganismo é reconhecido por produzir N-óxido de trimetilamina, um composto associado a um risco elevado de doenças cardiovasculares e diabetes tipo 2. Assim, a redução da presença de Clostridium asparagiforme pode parcialmente explicar os efeitos benéficos de uma dieta à base de vegetais na saúde cardiovascular, fornecendo um possível elo entre as ondas de calor e a ocorrência de doenças cardiovasculares.

O estudo também sugere que alterações na presença de outras bactérias analisadas podem desempenhar um papel relevante no alívio das ondas de calor. Essas alterações possivelmente estabilizam os níveis de estrogênio, reduzem a inflamação e promovem a sensação de saciedade, dentre outros benefícios identificados.

No entanto, os autores enfatizam a necessidade de ensaios clínicos randomizados maiores para investigar melhor esses achados.

Referência: A dietary intervention for postmenopausal hot flashes: A potential role of gut microbiome. An exploratory analysis” by Hana Kahleova, Danielle N. Holtz, Noah Strom, Alex La Reau, Sinjana Kolipaka, Natalie Schmidt, Ellen Hata, Tatiana Znayenko-Miller, Richard Holubkov and Neal D. Barnard, 8 November 2023, Complementary Therapies in Medicine. DOI: 10.1016/j.ctim.2023.103002

Imagem de capa: Pexels

Leia também:

Novas descobertas reforçam a importância das fibras na dieta

Dieta plant-based pode reduzir o risco de câncer de mama

Por Nadia Gonçalves em 24 de novembro
Faça parte da comunidade da Vegan Business no WhatsApp: Notícias | Investidores