A alimentação pode ser considerada um dos comportamentos sociais mais importantes. Assim, a  contemporaneidade é um momento propício para as mudanças históricas. Nesse contexto, é importante compreender como a busca por saúde tem impulsionado a alimentação vegetariana no ocidente.

Em princípio, são destacados os valores pessoais e sociais, estritamente ligados ao ato de comer, e que são e sempre foram dinâmicos. Ao longo do tempo é possível perceber grandes mudanças alimentares na sociedade, impulsionadas pelo acesso à informação, principalmente no que se refere a alimentos industrializados.

Certamente, em se tratando da alimentação vegetariana, três são as principais razões pela opção nas sociedades ocidentais: saúde, meio ambiente e direitos dos animais. Porém, o impacto dessas razões no comportamento dos consumidores e no direcionamento do mercado ainda são pouco estudados.

A fim de distinguir os motivos pelos quais as pessoas optam por uma alimentação vegetariana, um estudo desenvolvido pela Universidade da Califórnia em Davis trouxe resultados esclarecedores. Intitulado Motivos de Saúde, Meio Ambiente e Direitos dos Animais para Alimentação Vegetariana, o estudo foi publicado na PLOS ONE e envolveu oito mil pessoas.

Por que isso é importante?

Antes de mais nada, a compreensão dos reais motivos é importante para o avanço do conhecimento sobre esse comportamento e também pode ter valor prático nas áreas corporativas de marketing e direito estratégico.

Em suma, pessoas diferentes podem chegar a uma alimentação à base de plantas por razões muito diferentes.

Busca por saúde impulsiona a alimentação vegetariana?

Os pesquisadores da UC Davis estudaram o assunto com participantes nos Estados Unidos e na Holanda, a maioria dos quais não eram vegetarianos. A saber, o objetivo era determinar por que os não vegetarianos decidiriam parar de comer carne, e os resultados surpreendem.

Setenta e cinco por cento dos entrevistados marcaram a saúde como o principal motivo para abandonar o consumo de carne.

Fato interessante é que as pessoas motivadas principalmente por saúde podem ter menor probabilidade de responder à defesa de vegetarianos, em geral.

Semelhantemente, fatores ambientais e de direitos dos animais são os motivos menos comuns para os não vegetarianos na hora de considerar uma transição para dietas vegetarianas. Além disso, o estudo constatou que as pessoas mais comprometidas em não comer carne, como os veganos, foram motivadas por esses fatores.

Por que a maioria se preocupa com a saúde?

Primeiramente, a Organização Mundial da Saúde (OMS) classifica a carne processada como cancerígena do Grupo 1, ou seja, há evidências suficientes de estudos epidemiológicos de que comer carne processada causa câncer colorretal.

Depois, a OMS também classifica a carne vermelha como um Grupo 2A, isso significa que a carne vermelha é “provavelmente” cancerígena. Nesse sentido, a evidência mais forte, mas ainda limitada, de uma associação com o consumo de carne vermelha é o câncer colorretal. Também há evidências de links com câncer de pâncreas e próstata.

Ao mesmo tempo, um estudo da American Heart Association (AHA) vincula o consumo de uma dieta predominantemente composta de alimentos à base de plantas a um risco reduzido de doença cardiovascular.

O estudo ligou o consumo de menos alimentos de origem animal e principalmente alimentos à base de plantas à melhor saúde do coração. A AHA sugeriu que pessoas tinham um risco 19% menor de morrer de ataque cardíaco se seguissem uma dieta baseada em vegetais.

Ainda, dietas à base de plantas são conhecidas por seus benefícios à saúde, como diminuir a pressão sanguínea e os níveis de colesterol, reduzir o risco de obesidade, doenças cardíacas, diabetes, Alzheimer e câncer.

O que esperar desse resultado?

Pouca pesquisa foi publicada sobre as diferenças entre vegetarianos orientados para a saúde e orientados para motivos de ética e meio ambiente. No entanto, é provável que existem diferenças de convicção, conhecimento nutricional, restrição alimentar e duração da adesão ao vegetarianismo entre os grupos.

Um estudo publicado na revista Appetite analisou as diferenças entre vegetarianos movidos pela ética e aqueles movidos pela saúde, e encontrou que estes últimos tendem a ser mais flexíveis com suas dietas.

Grandes players do mercado de alimentos parecem já ter estes resultados em mãos, pois, direcionam fortemente seus produtos a flexitarianos, e associam alimentos à base de plantas à uma alimentação saudável.

De fato, esses resultados podem direcionar as estratégias empresariais para o foco em saúde que está vinculado à alimentação vegetariana. Mas não para por aí, uma vez que traz novas reflexões sobre o mercado de alimentos industrializados e subentende que os novos consumidores não se contentam em se alimentar, eles querem obter saúde pela alimentação.

Enfim, se a busca por saúde impulsiona a alimentação vegetariana, o foco do mercado de alimentos precisa estar alinhado, pois, com estratégias certas todos saem ganhando.

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Por Nadia Gonçalves em 22 de maio
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