A Atomo, pioneira no mercado de café sem grãos, garantiu um investimento de US$ 7,8 milhões em sua mais recente rodada de investimento, elevando o total captado pela startup para quase US$ 59 milhões.
Os novos recursos serão usados para ampliar a presença do produto Remix, uma mistura de 50% de café convencional e 50% de café sem grãos, com planos de expansão internacional.
“Diversas empresas de café estão buscando incorporar o café sem grãos em seus produtos para oferecer bebidas consistentes, de alta qualidade e a preços acessíveis para os consumidores”, afirmou Andy Kleitsch, CEO da Atomo, ao site GeekWire, que divulgou a notícia.
Um modelo híbrido que beneficia agricultores
Fundada em 2019 por Kleitsch e Jarret Stopforth, a Atomo começou com cafés gelados sem grãos e, desde então, expandiu para formatos em pó voltados para café filtrado e espresso.
O café sem grãos da Atomo é produzido com ingredientes inovadores, incluindo caroços de tâmara reciclados, sementes de ramon, fenacho e girassol, milheto, limão, goiaba, cenoura, fibra de morango e batata, arônia-preta, banana verde e frutose, com cafeína extraída do chá verde.
A produção envolve caroços de tâmara provenientes de agricultores do Vale de Coachella, que seriam descartados ou queimados. Esses caroços são limpos, secos, triturados e marinados com os outros ingredientes, passando por uma reação cruzada de Maillard que recria os compostos de sabor do café tradicional.
Os produtos da Atomo já estão disponíveis em 58 unidades da rede de cafés Bluestone Lane nos EUA e em outras 13 localidades no país. No ano passado, a empresa expandiu internacionalmente com parcerias como o Hagen Espresso Bar em Londres, a Post Coffee no Japão e o café sustentável Ash. Para esta primavera, a marca planeja lançar uma colaboração com uma empresa de sorvetes premium.
Impacto no setor agrícola
Embora o café sem grãos seja criticado por potencialmente afetar agricultores – já que cerca de 125 milhões de pessoas dependem da produção de café –, a Atomo afirma que essa transição em larga escala não é seu objetivo.
“O consumo global de café cresce rapidamente, forçando agricultores a aumentarem a produção. Com as mudanças climáticas, isso implica em desmatamento e maior consumo de água”, explicou a empresa em seu site.
O blend Remix, lançado no ano passado, reflete essa abordagem sustentável. A mistura combina café sem grãos com grãos convencionais para preparo em filtros, e testes cegos mostraram que os consumidores preferiram o produto da Atomo ao café filtrado da Starbucks na proporção de 2:1.
A Atomo também oferece produtos exclusivos, como o Flagstaff Remix para a Bluestone Lane e o Coachella Latte, voltado para espresso.
Sustentabilidade e ampliação da capacidade de produção
O cultivo de café convencional exige grandes volumes de água e gera mais emissões de carbono do que produtos como carne suína, arroz e queijo. Além disso, as áreas adequadas para o cultivo de arábica podem ser reduzidas pela metade até 2050 devido às mudanças climáticas, tornando-o uma das commodities agrícolas mais vulneráveis.
Eventos climáticos extremos, junto com a crescente demanda, levaram a falhas nas colheitas e aumentos de preços. No ano passado, o preço do arábica subiu 80%, atingindo o maior valor em quase 50 anos.
Startups como Minus, Voyage Foods e Atomo têm investido em alternativas sem grãos. Outras empresas, como Amaterra, estão desenvolvendo variedades de café perene usando biotecnologia e genética de culturas. Gigantes como Starbucks e Nestlé também têm criado variedades de café mais resistentes às mudanças climáticas.
De acordo com Kleitsch, o blend da Atomo permite que cafeterias e torrefadoras lancem produtos mais sustentáveis, mantenham a qualidade do sabor e reduzam custos com ingredientes.
Estudos da consultoria HowGood indicam que o Coachella Latte da Atomo gera 83% menos emissões de carbono e utiliza 70% menos terras agrícolas em comparação ao café tradicional.
Para apoiar sua expansão, a empresa inaugurou em abril uma torrefadora de 3.000 m² com capacidade de produzir 1,8 milhão de quilos de café sem grãos por ano, o suficiente para abastecer cerca de 2.000 cafeterias.
Com o novo aporte de US$ 7,8 milhões, a Atomo planeja construir uma instalação ainda maior, capaz de produzir 18 milhões de quilos anualmente, consolidando seu espaço no mercado global de café sustentável.
Confira a matéria publicada no Green Queen.
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