Latino-americanos que se preparem, eis que é chegada a vez da América Latina surfar a onda vegana.

Se o veganismo já se encontrava em plena expansão pelo mundo nos últimos anos, hoje, num cenário pós-pandemia, o cumprimento das tendências parece ter se acelerado.

A cada dia mais pessoas adotam o conceito de reduzir ou abandonar completamente o consumo de produtos de origem animal. Assim, o aumento da demanda por produtos à base de plantas tem abalado o mercado em todo o mundo.

Sobretudo, as razões para tamanha mudança vão desde a preocupação com o bem-estar animal e o meio ambiente até o desejo de melhorar a saúde geral, sendo este último o mais comentado. Inegavelmente, seja lá quais forem os motivos que levam as pessoas a optarem por novos estilos de vida, a mudança global está bem diante dos nossos olhos e não há mais como ignorá-la.

O mercado de alimentos foi o primeiro a “sentir” tal mudança, e consequentemente, o número de empresas em todo o mundo que oferecem refeições à base de vegetais aumentou. A saber, o volume de alternativas vegetais à carne e laticínios de origem animal nas prateleiras dos supermercados aumenta significativamente a cada dia.

Ainda que, segundo dados disponíveis, a maior parte das empresas e pessoas veganas estejam localizadas na América do Norte e na Europa, a América Latina tem chamado a atenção quando o assunto é o mercado vegano.

Hora de atravessar a arrebentação

Até então sentada na praia, a América Latina permanecia tímida no inside, sem muita motivação para entrar na line up vegana.

Certamente, a crise provocada pela Covid-19 trouxe os holofotes para as desigualdades sistêmicas que afligem essa parte do globo. De fato, a grande onda vegana se aproxima e quem não quiser ser levado, precisa se preparar.

Benefícios para o mercado de trabalho

Um recente relatório publicado pela Organização Internacional do Trabalho destacou que a mudança para uma economia verde tem o potencial para criar 15 milhões de novos empregos na América Latina.

Preliminarmente, nos Estados Unidos, a indústria de alimentos vegetais já criou mais de 55.000 empregos com bons salários; um relatório da Million Insights concluiu que o mercado global de alimentos veganos deve ultrapassar o valor de US$ 24 bilhões.

Nesse contexto, na América Latina com mais de 650 milhões de habitantes, (8,42% da população mundial), o potencial da economia vegana começa a ser levado a sério.

Benefícios para a economia

Se considerarmos que a carne está tradicionalmente ligada aos hábitos alimentares regionais, pode parecer que o veganismo não tem espaço na América Latina. Mas a exemplo dos EUA, onde cerca de 8% da população se identifica como vegana ou vegetariana, o potencial de crescimento é gigantesco. Lá, mesmo com essa pequena porcentagem, o mercado de varejo para produtos à base de plantas vale US$ 5 bilhões; e só em 2019 superou todas as outras categorias de alimentos em mais de 9%.

Na América Latina e Caribe, dados de 2016 demonstraram que o percentual de indivíduos que se identificavam como veganos ou vegetariano era de 8%. À princípio teríamos um cenário similar aos EUA, mas é pertinente considerar que esta parte do globo tem o dobro da população dos Estados Unidos. Ainda, de 2016 até agora, as chances deste percentual ter se multiplicado são inúmeras.

Destarte das projeções de crescimento negativo para o próximo ano, o PIB de países como o Brasil (1,84 trilhões) e México (1,258 trilhões) são bastante atrativos. Assim, os indícios de crescimento do mercado vegano na América Latina são categóricos.

A onda vegana

Finalmente, chegou a vez da América Latina surfar a onda vegana. Marcas, como a chilena Notco e a brasileira Fazenda Futuro, estão expandindo seus mercados e chamando atenção de investidos em todo o mundo.

Avaliada em US$ 250 milhões a Notco recentemente anunciou o fechamento de uma rodada de investimentos da Série C no valor de US$ 85 milhões. Em seguida, iniciou sua expansão internacional nos Estados Unidos.

No Brasil, a Fazenda Futuro, avaliada em R$ 715 milhões, anunciou no início deste ano seu projeto de expansão, com lançamento em diversos países; e acaba de receber um novo aporte de R$ 115 milhões.

Assim também, no último mês a californiana Beyond Meat chegou ao Brasil e mexeu com os ânimos do mercado vegano.

Apesar da grande movimentação, esses são apenas pequenos passos; considerando que a maior parte da região permanece carente da oferta de produtos que movimentem a economia vegana. A grande onda que está varrendo outras partes do mundo e ajudando o meio ambiente está apenas começando por aqui.

Mercado que vale o investimento

A demanda por produtos veganos é grande na América Latina. Mas não se engane, pois, ao contrário do que se imagina, não são os veganos e vegetarianos os únicos responsáveis pela demanda que movimenta essa economia. Com efeito, os flexitaristas possuem papel fundamental nessa mudança e constituem o foco da indústria de alimentos plant based.

A oferta de alimentos veganos para não veganos está no hype e tudo indica que as estratégias focadas neste público tem gerado bons resultados. Com a conscientização sobre os danos causados pela indústria de produtos de animais, a tendência é de que mais e mais pessoas optem por opções à base de plantas.

Por fim, a América Latina tem tudo para surfar essa onda como ninguém. Além disso, essa pode ser a resposta para um reposicionamento econômico que atenda às necessidades de sustentabilidade ambiental e social nesta parte do globo.

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