Enquanto muitas startups focadas em proteínas alternativas para consumo humano enfrentam dificuldades para atrair investidores, empresas voltadas ao universo pet vêm trilhando um caminho mais promissor — e a alemã Vegdog é um ótimo exemplo disso.

A marca, especializada em alimentação vegana para cães, acaba de captar €9 milhões (cerca de US$ 10,2 milhões) em uma rodada Série A liderada pelo European Circular Bioeconomy Fund (ECBF VC) e pelo Green Generation Fund, que já era investidor da empresa. A captação também contou com a participação de investidores-anjo como Dominique Locher, Attollo SA, Andrea Skersies, a plataforma Select Alternative Investments e o fundo SFO, que já fazia parte do captable.

Com esse novo aporte, a Vegdog soma US$ 13,7 milhões captados desde a sua fundação, e se prepara para ampliar sua presença no mercado europeu — apoiada por um crescimento expressivo em 2024, quando alcançou €10 milhões (US$ 11,4 milhões) em faturamento, um salto de 66% em relação ao ano anterior.

Expansão, inovação e impacto positivo no segmento pet

Criada por Tessa Zaune-Figlar e Valerie Henssen, a Vegdog oferece um portfólio completo de alimentos secos, úmidos, petiscos e suplementos nutricionais, todos 100% vegetais. As fórmulas são desenvolvidas em parceria com veterinários, e utilizam ingredientes como proteína de ervilha, lentilhas e vegetais — garantindo um perfil nutricional adequado para cães de diferentes portes e fases da vida.

No ano passado, a Vegdog firmou uma parceria estratégica com a foodtech alemã MicroHarvest, que resultou na linha de petiscos Pure Bites, feita com proteína microbiana obtida por fermentação de biomassa — uma inovação que reforça a aposta da marca em ingredientes sustentáveis e funcionais.

Seus produtos estão disponíveis no e-commerce próprio e na Amazon (em mercados como Alemanha e Áustria), além de redes como Futterhaus, Zoo&Co e DM Drogerie. Durante o Veganuary, a marca também ganhou espaço nas prateleiras da Aldi Suisse e da Hofer, na Áustria.

Com o novo investimento, a Vegdog pretende dobrar sua equipe e acelerar sua expansão para toda a região DACH (Alemanha, Áustria e Suíça), além dos Países Baixos ainda este ano. A entrada em outros mercados europeus está prevista para 2026.

“Nosso propósito é garantir uma nutrição saudável para cães sem causar sofrimento a outros animais ou impactos ambientais desnecessários. Esse investimento nos dá fôlego para inovar e ampliar nosso alcance”, afirma Valerie Henssen, que divide o cargo de CEO com Tessa Zaune-Figlar. “Quanto mais a Vegdog cresce, maior é o nosso impacto positivo na saúde dos pets e no bem-estar animal.”

Além da expansão geográfica, a empresa também deve investir na otimização de processos produtivos e no desenvolvimento de novas formulações adaptadas às necessidades específicas de diferentes raças e idades.

“Com a crescente demanda por produtos éticos e ambientalmente responsáveis, a Vegdog tem uma oportunidade real de transformar o mercado de pet food na Europa”, comenta Mathias Brink Lorenz, diretor de investimentos do ECBF.

Pet food cresce apesar da retração no setor plant-based

O cenário para alimentos de origem vegetal voltados ao consumo humano foi desafiador em 2024 — as captações caíram 64% em relação ao ano anterior. Em contrapartida, o segmento pet-based ganhou força.

A British Veterinary Association, por exemplo, encerrou sua oposição histórica à alimentação vegana para cães, e estudos recentes apontam que a adoção de dietas vegetais é uma das formas mais eficazes de reduzir a pegada de carbono dos animais de estimação.

No Reino Unido, os consumidores já encontram carne cultivada para pets nas prateleiras, e a Marsapet, da Alemanha, lançou uma ração com a proteína fermentada FeedKind, da Calysta.

Outros movimentos relevantes incluem a aquisição da britânica The Pack pela Prefera Petfood e o crescimento acelerado da Omni, também do Reino Unido, que viu suas vendas subirem 130% após conquistar 20 mil novos clientes com o apoio de investidores do programa Dragons’ Den.

Nos Estados Unidos, uma startup iniciou testes de alimentação com cães para obter aprovação regulatória, enquanto a Friends & Family Pet Food Co fechou acordos para atuar no mercado norte-americano e em Singapura.

Mais recentemente, a Meatly anunciou avanços que reduziram drasticamente os custos da carne cultivada para pets, e a BioCraft revelou que sua carne de camundongo tem 92% menos emissões do que a carne bovina convencional.

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