Com consumidores cada vez mais exigentes em relação ao sabor, textura e composição dos alimentos que consomem, a holandesa Rival Foods se destaca ao unir inovação tecnológica com uma proposta clean-label para carnes vegetais. A foodtech acaba de anunciar uma rodada série B de €10 milhões (cerca de US$ 11,5 milhões) para ampliar sua tecnologia de produção de cortes inteiros plant-based, utilizando um processo com mínimo processamento e alta qualidade sensorial.

O aporte foi liderado pelo fundo de pensão holandês ABP, com participação de investidores como Pymwymic, ROM Utrecht Region e a PeakBridge, que já havia investido anteriormente na startup.

“Esse investimento representa um passo importante para tornar a carne vegetal de alta qualidade uma opção mais acessível e presente no dia a dia das pessoas”, afirma Birgit Dekkers, fundadora e CEO da Rival Foods. “Nos chamamos Rival por um motivo: viemos para competir de igual para igual com a carne animal.”

Tecnologia própria para textura e nutrição — sem aditivos

Fundada em 2019 como um spin-off da Universidade de Wageningen, a Rival Foods desenvolveu uma tecnologia própria baseada em shear-cell, um tipo de “panela de pressão rotativa” que aplica calor e movimento para alinhar proteínas vegetais e gerar estruturas fibrosas semelhantes às das carnes animais.

O portfólio atual inclui alternativas vegetais ao frango e à carne bovina, com alto teor de proteína e uma composição enxuta: proteínas vegetais, água, ervas, especiarias e sal — sem aditivos ou ingredientes artificiais.

O “frango” vegetal da marca contém 28g de proteína por 100g, disponível em formatos como filés, cubos e desfiado.

Já o “bife” vegetal traz 26g de proteína e 2,5g de fibra por 100g, com versões em pedaços e também desfiado.

A proposta é atender diretamente às críticas que recaem sobre carnes vegetais altamente processadas. A percepção de que esse tipo de produto é menos saudável por causa do processamento ainda afasta parte dos consumidores, mesmo quando estudos mostram o contrário.

“A Rival criou algo especial: um processo escalável que transforma proteínas vegetais comuns em cortes com textura carnuda, alto valor proteico e ingredientes simples”, destaca Lodewijk Meens, gestor sênior do fundo de transição energética e biodiversidade da ABP.

Escalar para reduzir preços

Com os recursos da nova rodada, a Rival Foods vai dobrar sua capacidade de produção na unidade em Geldrop, na Holanda. O objetivo é claro: reduzir custos e alcançar paridade de preço com a carne animal — um desafio crucial para o setor.

Pesquisas mostram que o preço continua sendo uma das maiores barreiras para a adoção de alternativas à carne. Quando um hambúrguer vegetal custa o mesmo que um tradicional, a preferência fica abaixo de 21%. Mas, se ele for 10% mais barato, as vendas sobem 14%. Se custar metade do preço, o número de consumidores dispostos a comprá-lo praticamente dobra.

“Preço, sabor e textura são os três pilares para que as carnes vegetais realmente avancem. E a Rival está entregando os três”, afirma Martina Pace, sócia da PeakBridge.

Foco B2B e expansão internacional

Diferente de muitas foodtechs que atuam diretamente no varejo, a Rival Foods adota uma abordagem B2B, colaborando com chefs, marcas e redes de varejo para levar seus cortes vegetais a mais consumidores por meio de parcerias estratégicas.

A nova rodada também permitirá expandir sua atuação fora da Europa, onde o mercado de carnes vegetais em cortes inteiros mostra forte potencial. Nos Estados Unidos, por exemplo, enquanto o segmento geral de carnes vegetais caiu 10% entre 2022 e 2024, os cortes como bifes e filés cresceram 16%.

Mesmo assim, há muito espaço para crescer: 68% dos americanos consomem cortes inteiros de carne regularmente, mas apenas 30% provam versões vegetais — número que pode saltar para 44% se sabor e textura melhorarem.

Mercado aquecido para cortes vegetais

Apesar da queda de 60% nos aportes de venture capital para startups de proteínas alternativas no ano passado, 2025 vem mostrando sinais de retomada seletiva. Investidores continuam apostando em negócios com propostas escaláveis e diferenciação tecnológica, como é o caso da Rival Foods.

Outras empresas também vêm se destacando nesse nicho de whole cuts vegetais, como a Ecovative, Project Eaden, Chunk Foods, Juicy Marbles, Tender Food e a própria Redefine Meat.

Com uma proposta que une simplicidade de ingredientes, sofisticação no processo e resposta direta às demandas do consumidor contemporâneo, a Rival Foods parece estar bem posicionada para assumir protagonismo na próxima fase do mercado plant-based.

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