A Pure Mylk, empresa malaia especializada em bebidas vegetais, acaba de abrir as portas do The Mylky Way, o primeiro centro de inovação do Sudeste Asiático totalmente dedicado ao desenvolvimento de leites plant-based. Localizado em Selangor, o espaço nasce com a missão de acelerar o avanço do setor plant-based na região, promovendo a colaboração entre startups e marcas já consolidadas.

Mais do que uma fábrica, o novo hub reúne laboratórios de P&D, salas de testes sensoriais, planta piloto em escala real, showroom para apresentação de produtos e um centro de treinamento. A proposta é clara: transformar boas ideias em produtos prontos para o mercado — e com alto padrão de qualidade.

“Desde o início, nossa motivação não foi competir, mas colaborar”, afirma Marcus Khoo, fundador e CEO da Pure Mylk. “Queremos ser o parceiro que ajuda empresas, grandes ou pequenas, a concretizar suas visões com consistência e segurança.”

Tecnologia, ciência e sustentabilidade trabalhando juntas

Um dos principais diferenciais da Pure Mylk é o uso combinado de processamento enzimático avançado e tecnologia UHT asséptica, o que permite criar bebidas vegetais com rótulos mais limpos, sabor aprimorado, boa textura e maior valor nutricional — tudo isso com estabilidade de prateleira e sem necessidade de refrigeração.

O processo inclui a quebra de amidos e fibras com enzimas naturais, melhorando a estabilidade das proteínas e evitando o uso de aditivos como emulsificantes e açúcares. Já a tecnologia UHT garante segurança microbiológica e vida útil prolongada aos produtos.

O centro foi construído com dois edifícios dedicados a laboratórios, produção e espaços de convivência. No showroom, empresas podem testar e validar seus produtos antes do lançamento. O centro de treinamento, por sua vez, tem foco na formação de novos profissionais da área de tecnologia de alimentos.

Além disso, o The Mylky Way conta com um espaço de incubação voltado a pequenos e médios negócios, permitindo que esses empreendimentos desenvolvam seus produtos sem precisar investir em estruturas próprias de produção.

Ao priorizar a produção em temperatura ambiente, o hub reduz a dependência da cadeia de frio e contribui com metas sustentáveis, como segurança alimentar, saúde pública e mudanças climáticas. Ingredientes como aveia ganham destaque, alinhando-se às práticas ESG que cada vez mais pautam as decisões das empresas.

“Tudo o que fazemos tem base científica e foco em sustentabilidade — do uso de enzimas à escolha dos fornecedores”, destaca Wong Chia Yen, líder de P&D da Pure Mylk. “Queremos democratizar o acesso à inovação, permitindo que marcas locais utilizem as mesmas ferramentas que os grandes players globais.”

Expansão do plant-based na Ásia

Hoje, o portfólio da Pure Mylk inclui desde ingredientes populares como aveia e amêndoas até opções menos comuns como macadâmia, sementes de abóbora e gergelim. A empresa também começa a ampliar sua atuação para além dos leites vegetais, desenvolvendo iogurtes veganos e bebidas funcionais livres de laticínios.

A estratégia de crescimento envolve parcerias com líderes globais, como a Novonesis (biotecnologia), a Siemens (automação) e a Tetra Pak (embalagens), com o objetivo de trazer know-how técnico para o ecossistema regional. O resultado? Cadeias de suprimentos mais ágeis e produtos mais inovadores chegando ao mercado em menos tempo.

A Tetra Pak, por exemplo, tem investido fortemente em proteínas alternativas. Ajudou a startup brasileira Cuíca, de leite vegetal à base de castanha, a formular seu produto, testar embalagens sem conservantes e encontrar parceiros para envase. Também inaugurou recentemente na Suécia um centro de tecnologia alimentar para apoiar o desenvolvimento de produtos por fermentação de precisão e biomassa.

O The Mylky Way abrirá para visitas guiadas e sessões de imersão a partir do terceiro trimestre de 2025. A empresa também pretende colaborar ativamente com programas de nutrição escolar e iniciativas de segurança alimentar em toda a região.

E os números mostram que o momento é mais do que oportuno: segundo dados da Euromonitor publicados pelo Good Food Institute, em 2024, 96% das vendas de alimentos veganos na Ásia-Pacífico vieram de alternativas aos laticínios, movimentando US$ 8,6 bilhões — mais de um terço do mercado global.

Com quase 30% dos consumidores asiáticos já incluindo leites, queijos e iogurtes vegetais em sua rotina, o setor tem demanda, mas ainda enfrenta desafios. Uma pesquisa global aponta que 57% das pessoas não estão satisfeitas com o sabor e a textura dos produtos atuais. É justamente aí que centros como o The Mylky Way fazem a diferença — criando pontes reais entre ciência, indústria e impacto positivo.

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